quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Só Bom Senso não Basta.

  Só Bom Senso não Basta, texto de Luiz Domingues.

Meses atrás, o Brasil viu uma enxurrada de manifestações populares, clamando por mudanças.

A pauta nem sempre foi clara e muita manipulação foi perpetrada por oportunistas de plantão, mas no seu âmago, o clamor parecia ter uma única raiz : mudanças...

Um dos mais monolíticos setores da sociedade, é o de organizações que regem os esportes, e notadamente o futebol.

As federações estaduais e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), são entidades que trabalham numa linha conservadora, muito parecida com a condução que o Vaticano exerce no catolicismo.

A palavra "mudança" causa calafrios nos sisudos e conservadores senhores que organizam o futebol profissional no Brasil, aliás, um microcosmo do que acontece no planeta, através da condução maior da Fifa, o orgão máximo que comanda o futebol, mundialmente falando.

Eis que na onda das manifestações da metade de 2013, finalmente a classe dos jogadores de futebol resolveu se unir e reivindicar mudanças muito importantes na regulamentação da sua profissão.

Chamado de movimento "Bom Senso", tem em seu manifesto inicial, uma pauta de reivindicações que faz jus ao nome escolhido para a sua agremiação.

O primeiro ponto, é o excesso de jogos. Ora, mesmo gostando de futebol e querendo ver vários torneios ao ano, mesmo o mais radical dos torcedores há de convir que estamos vivendo um calendário absurdo, onde o excesso está gerando a possibilidade de muitos jogadores contundirem-se.

Outro ponto, é o horário dos jogos. Não é admissível jogar em certas regiões do país onde o calor é abrasador, em horários de sol a pique.

E de outro lado, não é mais possível que uma rede de TV tenha o monopólio total das transmissões ao vivo e nos jogos das quartas, determine que as partidas comecem no insalubre horário das 22:00 h, com seu término ultrapassando a meia-noite e tudo por conta de não abrir mão de exibir o capítulo da novela das "oito", que há anos, começa as "nove"...

O fato da arbitragem ser amadora e determinante nos resultados dos jogos, é outro ponto a ser mudado urgentemente. Como podem os senhores árbitros e assistentes, errarem tanto e darem de ombros, pelo simples fato da atividade ser considerada como um "hobby" ?

É muita irresponsabilidade ter uma arbitragem amadora influindo diretamente numa engrenagem que gera milhões, quiçá bilhões de reais.

Aquele golzinho injustamente anulado, pode determinar o rebaixamento de um grande clube e o senhor árbitro, que no dia seguinte ao jogo, vai trabalhar como bancário ou dentista, não faz ideia de quantas famílias vão passar por sérios apuros, com o clube tendo um prejuízo financeiro retumbante por uma queda de divisão.

Outra coisa, se olharmos os salários astronômicos dos grandes jogadores, parece até que não existem profissionais à mingua nessa atividade.

Imagine outra realidade, muito aquém do Neymar, Ronaldinho Gaúcho e seus poucos pares. Qual é o salário de um jogador de um time do interior do Maranhão, que atua na segunda divisão daquele estado ?

Nesses termos, a realidade no futebol é muitíssimo diferente do glamour da elite, mas no imaginário popular, fica a impressão de que todos nadam em dinheiro e querem menos jogos, porque são "vagabundos"...

As condições de trabalho, também estão na pauta do dia. Ainda falando no excesso de jogos, a total impossibilidade de se realizar pré-temporada antes dos campeonatos iniciarem-se, é uma prática abominável.

É na pré-temporada, feita no prazo adequado, que os atletas se preparam físicamente para encarar os campeonatos e sem essa preparação adequada, a possibilidade de terem lesões é enorme. Portanto, não é uma "frescura", como certos dirigentes arcaicos andam dizendo por aí.

E o direito a greve ? Por que o jogador de futebol tem que tolerar os desmandos dos clubes mal organizados e que atrasam salários ?

Enfim, são muitas as reivindicações e em sua maioria, muito justas.

Mudanças são importantes na estrutura do futebol e entre tantas, a mais importante é : o jogador tem o direito a ter sua opinião ouvida, e por décadas, o principal artista desse espetáculo, esteve amordaçado, sem direito de expressar-se.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Mobilidade Urbana.

  Mobilidade Urbana, texto de Luiz Domingues.


Muito se tem falado sobre o estrangulamento do trânsito nas megacidades, mas a verdade é que esse problema já se espalha também por cidades de menor porte.

A falta de investimentos maciços em transporte público, por parte dos governantes, aliado aos interesses da indústria automobilística, sem dúvida que são fatores que impulsionam esse colapso.

Em diversas outras matérias que escrevi, abordando nuances dessa problemática, sempre deixei cravada a opinião de que uma ação isolada não resolve um nó dessa magnitude.

O investimento maciço no metrô, parece ser a medida número um nessa equação, mas como já salientei, não é a única.

O apoio de uma integração com os trens de subúrbio, é necessário e não descarto a existência dos aerotrens, fazendo interligações inteligentes interbairros.

Nada disso basta, pois não podemos abrir mão dos ônibus tradicionais e para tanto, a experiência da abertura de corredores exclusivos, com a possibilidade de tais veículos andarem mais rapidamente, é fundamental.

Nesse quesito, a prefeitura de São Paulo tem agido corretamente em forjar tal prática, ainda que tenha gerado alguns transtornos inevitáveis no processo de implantação. Numa cidade gigantesca como São Paulo, parece inevitável que qualquer medida que se tome, pode desagradar um grupo de pessoas, mas não tenho dúvida que corredor exclusivo, é imprescindível.

A experiência de cidades como Bogotá, na Colômbia e a Cidade do México, capital do país asteca, tem que ser usada como exemplo, onde os corredores tem centenas de KMs, em apoio ao Metrô.

Sobre a questão das ciclovias, também já falei bastante e tem muito ciclista que não entende certas colocações de minha parte. Já deixei muito bem explicado, mas reitero : Acho que o incentivo à prática do ciclismo urbano, tem que ser total por parte do poder público, desde que se criem ciclovias seguras e muito bem sinalizadas.

Mas deixo a ressalva de que os ciclistas precisam urgentemente conhecer a regulamentação que lhes cabe dentro do Código Brasileiro de Trânsito. Não respeitar os sinais básicos de trânsito, como o semáforo; indicação de faixa de segurança para pedestres e circular sobre calçadas, é abominável como conduta de civilidade, cidadania e respeito ao próximo.

Outra questão que defendo com ênfase, é o incentivo ao uso dos táxis. Se a tarifa do táxi fosse mais convidativa, quantos carros particulares não sairiam das ruas ?

Em conversa com taxistas amigos, sei que a reivindicação deles por melhores condições de trabalho, passa além da redução do preço dos combustíveis para a categoria, e dos impostos na hora da aquisição do carro novo. Para poder abaixar a tarifa, defendem um programa de auxílio manutenção.

Convenhamos, o desgaste de um táxi vai muito além do carro particular de passeio e não acho absurda a reivindicação deles, pelo contrário.

O governo que mais se preocupa em arrecadar com a obrigação da inspeção veicular, poderia bem usar essa estrutura montada para arrancar dinheiro extra dos proprietários de veículos (é bem sabido que o IPVA já deveria garantir essa inspeção, não é mesmo ?), dando suporte mecânico mais em conta para os taxistas.

Outra medida que poderia funcionar, é a da proibição sumária de tráfico de veículos particulares por ruas do centro da cidade, com a volta dos bondes urbanos.

Se os bondes nunca deixaram de funcionar, e pelo contrário, são funcionais e charmosos em cidades europeias, não vejo por que não poderiam voltar a operar em percursos de pequeno porte e desafogando assim as entupidas ruas do centro, de cidades como Rio e São Paulo, só para citar duas que estão caóticas pelo acúmulo de carros nas ruas.

A verdade é uma só : Se o transporte público fosse abundante e de qualidade, muita gente deixaria o carro particular na garagem e só o usaria para passeio no final de semana.

Se não o fazem, é porque querem evitar o sufoco de serem espremidos como sardinhas dentro da lata.

Se conseguem sentar-se decentemente, com limpeza e iluminação adequada, sinalização e sobretudo com abundância de opções e tudo sem esperas descomunais, as pessoas perderiam o receio de usar o transporte público.

Mas aí...a indústria automobilística não iria gostar muito de vender menos carros, e como um efeito dominó, ameaçariam demitir funcionários das montadoras. O governo corre para socorrer a indústria e não vai querer queda da taxa de empregos e consumo. Políticos não vão gostar de ter corte de verbas para suas campanhas eleitorais...

É como a velha propaganda daquele biscoito/bolacha : "Vende mais porque é mais fresquinho, ou é mais fresquinho justamente por vender mais" ?

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A Bolívia é Logo Aí.

  
  A Bolívia é logo aí.  Luiz Domingues ruleiando no blog...

A Bolívia é o país mais pobre da América do Sul, e um dos mais carentes do mundo.

Suas riquezas naturais, mal suprem as necessidades básicas de seu povo, e chega a ser engraçada a reação de algumas pessoas que esbravejaram, quando o seu atual presidente tomou medidas radicais para valorizar uma das únicas fontes de renda daquele país, o seu gás, anteriormente comercializado abaixo do "preço de banana".

Com uma população de mais de 95 % formada por etnia indígena, a Bolívia foi governada em quase toda a sua história até aqui, pela minoria caucasiana de sua população, com um tipo de domínio que acintosamente não prestigiava os interesses da sua imensa maioria da população, infelizmente.

Diante de tais circunstâncias dramáticas, era natural que sua população se tornasse migrante, buscando melhores condições de vida nos países vizinhos mais abastados.

Num primeiro instante, Argentina e Uruguai eram os destinos mais procurados pela possibilidade de uma adaptação mais amena, levando-se em consideração o uso comum da lingua castelaña, como legado da colonização espanhola, em comum entre tais nações.

Mas, aos poucos, o Brasil começou a ser uma opção melhor, por conta das oportunidades de empregos, moeda mais forte, estabilidade da democracia se consolidando, e um fator extra, a típica reação de simpatia do brasileiro para com estrangeiros, coisa que na Argentina, por exemplo, era um empecilho, muito pelo contrário.

Nos anos 1980, o fluxo de bolivianos aumentou consideravelmente, mas foi a partir dos anos noventa, que os bolivianos começaram a ficar mais visíveis na sociedade brasileira, notadamente nos estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo.

No caso da capital paulista, o fluxo foi aumentando de tal maneira, que o assentamento desse contingente passou a ocupar bairros inteiros, provocando a geração de oportunidades de trabalho para suprir as necessidades de tal comunidade.

Comércio e serviços direcionados aos bolivianos, podem ser vistos aos montes em bairros como Bom Retiro, Pari, Brás, Canindé e Belenzinho, com placas escritas em castelaño por todos os lados.

Existe inclusive a famosa feira dominical no bairro do Canindé, próximo ao estádio da Portuguesa de Desportos, que cresceu tanto, que é uma atração cultural muito legal da cultura desse povo.

Todavia, nem tudo são flores para essa população imigrante. Por muitos anos, a maioria dessas pessoas veio ao Brasil, em condições inóspitas, para submeterem-se à condições degradantes de trabalho e subsistência.

Geralmente trabalhando no ramo têxtil, a maioria trabalhou por anos a fio em regime de semi-escravidão, sem documentos oficiais de permanência e tampouco permissão de trabalho no Brasil.

E por estarem na ilegalidade, eram explorados por pessoas inescrupulosas, que os amontoavam em cubículos insalubres, trabalhando por até 16 horas por dia e lhes repassando um salário abaixo do salário mínimo, e lhes cobrando suas despesas pessoais, de maneira que num círculo vicioso, jamais conseguissem se libertar, e ter o direito de ter documentos em ordem, e consequentemente, poderem aspirar colocações melhores no mercado de trabalho, e sobretudo, uma condição de vida, digna.

Aos poucos, a pressão popular, mais os esforços da Polícia Federal, Ministério do Trabalho e das Relações Exteriores, mais Embaixada e Consulados da Bolívia no Brasil, foram desbaratando quadrilhas que exploravam esses imigrantes.

Digno de nota, também é o esforço de organizações não governamentais que atuam com bastante contundência na defesa de imigrantes com dificuldades prementes, no Brasil.

Os números oficias do IBGE e da Embaixada boliviana, não refletem a realidade da população boliviana no Brasil, justamente pelo fato da sua imensa maioria estar clandestina por aqui.

Segundo estimativas, só na cidade de São Paulo, existe uma população de cerca de 400 mil bolivianos residentes.

Ora, é quase a população de uma cidade de grande porte, como São José do Rio Preto (SP), ou Juiz de Fora (MG), para citar só dois exemplos de ótimas cidades interioranas do Brasil.

Basta ficar por alguns minutos na rodoviária da Barra Funda, em São Paulo (para quem não conhece São Paulo, esclareço que existem três rodoviárias na cidade, e esta da Barra Funda, recebe ônibus que vem de cidades do oeste do estado, e de estados do centro-oeste brasileiro), para comprovar que não param de chegar ônibus lotados de famílias bolivianas, diariamente.

Tenho muito respeito e simpatia por esses imigrantes, e indo além, sensibiliza-me a sua vontade de buscar o Brasil para ter melhores condições de vida.

Em sua esmagadora maioria, são pessoas humildes, trabalhadoras e muito pacatas. A índole do boliviano é da melhor qualidade, e acho que são merecedores do nosso apoio.

Ainda estamos longe de erradicarmos o trabalho escravo a que muitos estão submetidos, mas faço votos de que isso acabe, e esse povo possa viver em paz, trabalhando e vivendo com dignidade.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Prazer e Dor.

  Prazer e Dor, texto de Luiz Domingues.


A questão da alimentação vegetariana, versus hábitos carnívoros da maioria das pessoas, sempre gerou controvérsia.

A despeito do movimento vegetariano ter crescido vertiginosamente nos últimos anos, ainda existe um escárnio por parte de não adeptos desse tipo de alimentação.

Não faz muito tempo, havia um comercial de TV que ironizava desdenhosamente os vegetarianos, reduzindo-os à idiotas, em detrimento dos carnívoros convictos, que estes sim, tinham uma vida saudável e feliz, justamente por estarem alimentados por proteínas animais.

Um pseudo "Guru", pálido e de voz monocórdica, dizia ser feliz por alimentar-se de "brotos de bambu", contrastando com a imagem de jovens bonitos e bem vestidos, jantando numa churrascaria.

Sem dúvida, um golpe muito baixo, ou no mínimo "deselegante", como diria aquela jornalista da TV...

Bem, embora seja vegetariano, jamais fui "militante da causa".

Apenas não consumo carne na minha alimentação, abstendo-me de qualquer ação no sentido de tentar "convencer" outras pessoas de que o meu hábito é mais "saudável", mais "humano" em relação à crueldade perpetrada contra os animais etc etc.

Posto isso (tomo esse cuidado porque jamais escrevi sobre esse tema anteriormente, e tenho uma certa bronca de radicalismos por parte de adeptos do vegetarianismo), chamou-me a atenção o fato de que a Câmara Municipal de São Paulo, acaba de aprovar uma Lei que está gerando bastante polêmica, mesmo com a ressalva de que o prefeito ainda tem o poder de veto final, e convenhamos, será bastante pressionado pelo setor que será prejudicado diretamente se a Lei for sancionada.

Estará proibida a comercialização de "Foie Gras" nos restaurantes da cidade, e venda no comércio.

Ora, uma Lei radical desse porte, prejudica uma infinidade de pessoas. A começar pelos restaurantes de culinária francesa, que são inúmeros em São Paulo, amplificando-se na rede de comércio que lida com tal produto, e evidentemente, sua cadeia produtiva primordial, os criadores de patos e gansos.

Essa iguaria, o Foie Gras, é um alimento que remonta à remota antiguidade. Há registros de seu consumo, datados de 2500 anos antes de Cristo.

Os romanos, chamavam a iguaria de "iecur figatum", que significa "fígado engordado com figo". Era uma alusão ao fato de que o fígado de patos, gansos e marrecos, ao serem inchados pelo hiper consumo de figos, tornavam-se saturados de gordura natural, portanto, muito mais saborosos, e amanteigados, segundo os gourmets.

Tal hábito solidificou-se Idade Média adiante, e tornou-se um ícone da culinária francesa, portanto associado à uma aura de alimentação sofisticada.

Na prática, o Foie Gras é o fígado dessas citadas aves, adulteradas por uma hiper alimentação. Nessa disfunção hormonal advinda dessa prática cruel, o objetivo é alcançado quando o fígado satura-se de gordura, tornando-o mais "apetitoso".

Ora, para que o fígado desses animais chegue nesse estágio, a alimentação forçada a que essas aves são submetidas, não é nada agradável.

Inacreditável o mal estar que lhes é impingido nesse processo, tornando sua vida um martírio.

E sem intenção de fazer afirmações panfletárias, mas inevitavelmente o fazendo, a pergunta é : que vida ?

Se tais aves são encaradas meramente como um produto de consumo, que preocupação teriam em lhes proporcionar bem estar, e a perspectiva de uma vida feliz na natureza, com direito à uma morte natural ? O que o empresário ganha com isso ?

A discussão é ampla, eu sei. Não vou perder tempo para falar de outras práticas cruéis perpetradas contra outras espécies, para não perder o foco, embora a raiz seja a mesma...

Em 2004, o governador da California, Arnold Schwarzenegger, proibiu o consumo de Foi Gras obtido com métodos cruéis, nesse estado.

Leis semelhantes estão em vigor em 15 países, a maioria da Europa, com excessão de Argentina e Israel, signatários da mesma causa.

Os produtores alegam que é da natureza das aves, armazenarem alimentos. Outro argumento que usam para se defender, é que a elasticidade natural da garganta deles, faz com que o método de empurrarem uma carga impressionante de alimentos goela abaixo, não lhes incomoda, pois não sentem ânsia. Será ??

Bem, há muito o que evoluir nessa relação homem-animal. Reconhecer que os animais são seres vivos, e embora não tenham a sofisticação do raciocínio dos humanos, sentem dor, angústia e medo, talvez seja um primeiro passo.

Dá para viver se alimentando de outras fontes da natureza, sem ter que recorrer às visceras dos animais ? Claro que sim, e o vegetarianismo está em expansão geométrica no mundo, provando tal preceito.

Portanto, embora muita gente esteja profundamente indignada e sentindo-se prejudicada (claro que vão ser mesmo, nesses termos), parece que a Lei proposta pelos vereadores de São Paulo, tem um sentido libertário, além dos hábitos alimentares arraigados desde a antiguidade.

sábado, 26 de outubro de 2013

Gás, Crueldade e Covardia.

     Gás, Crueldade e Covardia, texto de Luiz Domingues.

Assunto controverso, é a questão da ética nas guerras.

Pois é, se existe ética dentro da insanidade que é uma guerra, é louvável que haja no mínimo esse esforço humanitário para estabelecer regras de conduta, minimizando assim os abusos.

Contudo, é quase impossível coibir tais abusos, tendo em conta que em conflitos dramáticos desse porte, não há tempo para focar em tais atos, arrolar provas, sensibilizar a opinião pública etc.

Com mortes, mutilações por todos os lados, como fazer para reparar as atrocidades cometidas no calor dos embates ?

Já na Idade Média, São Tomás de Aquino dizia que uma guerra só é válida se o motivo for muito justo. Sim, parece óbvio, mas no seu significado filosófico, existe uma profundidade nessa colocação.

Mais próximo de nós, um suiço chamado Henri Dunant, criou a Primeira Convenção de Genebra, em 1863, estabelecendo regras para os conflitos bélicos.

Seguiu-se à esse documento, outras Convenções de Genebra, até a última, de 1977, com regras para a conduta militar; trato com prisioneiros; ações da cruz vermelha, e principalmente no resguardo das populações civis, durante conflitos militares.

Um baita avanço da civilização, não vou negar, mas olhando pelo viés da realidade nua e crua, o ideal é que não existam conflitos, simples assim...

No início do século XIX, foi criado em laboratório, o chamado "Gás Iperita", ou "Gás de Mostarda".

Sua ação devastadora, provoca queimaduras terríveis na pele, e causa asfixia letal, "só isso"...

Alguns anos depois, no calor da I Guerra Guerra Mundial, o Gás de Mostarda dizimou milhares de soldados nas trincheiras daquele conflito, que se arvorava de ser "a guerra que acabaria com todas as "guerras"...

Proibido pela Convenção de Genebra, não eliminou a possibilidade no entanto, de outros gases serem usados na II Guerra Mundial.

O exército japonês, por exemplo, mantinha o terrível laboratório denominado "731", onde seus cientistas trabalhavam a todo vapor, na criação de outras modalidades gasosas, e de poder letal ainda maior.

Infelizmente, a nobre Convenção de Genebra não evitou que os americanos usassem o terrível agente laranja, um herbicida letal e devastador, sobre a população do Vietnam, no conflito dos anos sessenta e setenta.

Na terrível guerra Irã-Iraque, em 1980, armas químicas foram usadas com profusão, numa desumanidade sem tamanho.

A onda de terrorismo criou o medo bacteriológico do agente Antraz. Você recebe uma cartinha pelo correio, abre, e se contamina com uma guarnição paramilitar de micróbios ultra violentos...legal, não é ?

Israel vive em alerta sobre ataques desse porte, e a população é treinada desde a tenra infância, para se proteger com o uso de máscaras etc.

Recentemente, vimos cenas dramáticas no jornalismo, mostrando crianças estrebuchando, literalmente, em plena agonia de morte, após um ataque de Gás Sarin, na Síria.

Confesso, foi uma das coisas mais cruéis e comoventes que vi na vida, tal cena inacreditável de crianças de cinco, seis anos de idade, morrendo daquela forma, só porque cometeram o deslize de acordar naquela manhã e irem para a escola.

Conflitos envolvem ações radicais de quem se sente prejudicado e ofendido; Se o conflito militar é inevitável, existem regras, tentando garantir um mínimo de resguardo para a população civil, e a dignidade dos soldados.

E dentro dessa tentativa de minimizar o horror, onde fica a ética na questão do uso de gases letais ?

Qual a justificativa para lançar gás Sarin sobre uma escola, e matar dezenas de crianças pequenas ?

É de uma canalhice sem precedentes, sem maiores comentários.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O Motor de Detroit Pifou.

  O Motor de Detroit Pifou, texto de Luiz Domingues.

Entre tantos ícones culturais americanos, sem dúvida que o automóvel ocupa um lugar de alto destaque.

E nessa iconografia, a cidade de Detroit teve papel importante, por concentrar a maior parte da produção nacional, algo parecido com o que a região do ABC paulista já representou para o Brasil, nesse quesito, mas numa proporção muitíssimo maior.

Fundada pelos franceses no início do século XVIII, tem no seu nome, uma adaptação para o inglês, de seu nome original : "Fort Ponchartrain du D'Etroit", onde se entende "Etroit", em francês, como "estreito".

Era uma cidade comum, do estado do Michigan, fazendo fronteira com o Canadá, até que no avançar do século XX, a indústria automobilística se tornasse gigantesca, ali.

Nesses anos de ouro, principalmente nas décadas de cinquenta e sessenta, a cidade observou um fenômeno interessante.

Por conta desse volume de recursos advindos dessa bonança da indústria, houve um boom imobiliário na direção de subúrbios próximos, e dessa forma, o centro da cidade, foi se tornando inóspito e sombrio.

Enquanto o subúrbio tinha ares de Beverly Hills, a cidade foi se tornando cinzenta, e dando margem assim, ao aumento de violência urbana, formação de gangs de vândalos etc.

Por outro lado, Detroit teve na música, momentos de prosperidade e qualidade artística, memoráveis.

A gravadora Motown, ali estabelecida, tinha no seu cast, a fina flor da Black Music, com grandes artistas da cena do Rhythm and Blues; Soul e Funk.

Aliás, o nome "Motown", era um neologismo de "Mo", de motor (uma alusão à vocação da cidade de Detroit), e "Town", literalmente, "cidade".

No campo do Rock, Detroit também foi berço de muitos artistas que se tornariam mundialmente conhecidos. Alice Cooper, Ted Nugent, The Stooges e MC5, estão entre os mais significativos, além do próprio Grand Funk Railroad, que era de uma cidade próxima, Flint.

No caso do MC5, muitas das letras de suas canções, refletiam claramente o ambiente de Detroit, com seu cinza e as multidões de operários.

Mas veio a crise do petróleo em 1973, e ainda que imperceptível naquele momento, Detroit começava um sutil processo de decadência, que ficou acentuado, só na segunda metade daquela década, quando começaram a entrar mo mercado americano, os carros japoneses, com muita força e preços imbatíveis.

Arrastando-se nessa perspectiva, a cidade foi decaindo e quando a grande crise de 2008, instaurou-se com força, Detroit que já agonizava, entrou num colapso.

Recentemente, a cidade decretou a sua falência. Um duro golpe para os habitantes da cidade dos motores, foi anunciado que sua dívida pública alcançara a cifra impagável de U$ 20 bilhões de dólares, e a prefeitura pediu a toalha para o governo estadual do Michigan.

Índices assustadores mostram que os subúrbios no entorno da cidade, estão em clima de desolação. Casarões decadentes estão sendo abandonados, caindo aos pedaços, mais parecendo cenário de filmes hollywoodianos sobre o fim do mundo.

Detroit, no auge da indústria, chegou a ter 1.8 milhões de habitantes. Hoje, não passam de 700 mil, refletindo a debandada da população, num rítmo de migração interna, em busca de melhores oportunidades de subsistência.

Uma pena para quem já chegou a ser a terceira maior cidade americana, e berço do maior parque automobilístico do mundo.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Cassinos, Por que Não ?



                        Cassinos, Por que não ? , texto de Luiz Domingues.



Houve época no Brasil, onde haviam mais de 70 grandes cassinos em plena atividade.

Alguns, extremamente glamourosos, como o histórico Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, e o Quitandinha, em Petrópolis, no mesmo estado do Rio.

A existência de shows musicais, era um grande mote adicional ao óbvio interesse pelas roletas, e outros jogos ali existentes, e nesse sentido, muitos artistas fizeram história, como por exemplo, Carmem Miranda, que causava furor nas noites do Cassino da Urca.

Mas um dia, o presidente Eurico Gaspar Dutra, baixou decreto extinguindo-os, causando assim a bancarrota de vários empresários, fora o desemprego de milhares de trabalhadores que deles dependiam, e num efeito cascata, prejudicando a classe artística, fornecedores, e serviços indiretos relacionados.

Motivo da proibição : Os cassinos seriam "antros de perdição", atentando aos "bons costumes" da sociedade brasileira.

À boca pequena, dizia-se que tal determinação de Dutra, teria sido pressão de sua esposa, uma senhora extremente religiosa, e que se incomodava muito com a existência de cassinos no Brasil.

Paralelamente à essa proibição de 30 de abril de 1946, o jogo do bicho seguia proibido, mas incólume à vigilância da Lei, fora a loteria federal, administrada pela Caixa Econômica Federal, provando que tal medida de Dutra, era uma tremenda de uma hipocrisia.

Outro argumento forte, era o óbvio : Se em países europeus e nos Estados Unidos, os cassinos seguiam a todo vapor, sem questionamentos pseudo-moralistas e/ou religiosos a lhes impingir restrições, por que no Brasil isso estaria acontecendo ?

Mas por aqui, a despeito do glamour de Mônaco, Estoril ou de Las Vegas, a Lei tornou-se imutável, atravessando décadas, apesar das pressões de empresários interessados em retomar a sua exploração. Por que ?

No final dos anos sessenta, a Caixa Econômica Federal lançou um novo jogo, chamado "Loteria Esportiva", baseado nos resultados dos jogos de futebol. Virou uma febre, que movimentou o país por pelo menos dez anos, até que foi lançando outros jogos oficiais, estes baseados em sorteio de números.

Por conseguinte, deduz-se que a existência de tantos "jogos de azar" oficializados, e controlados por um banco estatal, não traz prejuízos morais à sociedade moderna, certo ?

Nos anos noventa, houve um "boom" de aberturas de casas de bingo oficializadas, mas em algum momento posterior, falcatruas perpetradas por maus empresários, fizeram com que o governo tivesse a providência de fechá-los, portanto, era uma perspectiva muito diferente das razões que levaram Dutra a proibir os cassinos em 1946.

Agora, em plena segunda década do século XXI, parece incrível que tal proibição continue em vigor.

A argumentação de que o jogo vicia, e pode destruir uma pessoa e por tabela, desmantelar famílias, é válida até certo ponto.

Não obstante o fato de eu concordar que exista essa possibilidade, acho que vivemos uma fase da civilização, onde não há nenhum cabimento em vivermos sob a tutela de um estado autoritário, que diga o que as pessoas podem ou não fazer de suas próprias vidas.

Cabe ao governo, isso sim, prover a saúde pública de uma estrutura que possa sim, ajudar pessoas que não conseguim controlar-se a contento, e portanto, tenham prejuízos psíquicos, com a sua inabilidade de lidar com a tentação dos jogos.

Proibir a existência de cassinos, parece ser tão prosaico, quanto um marido inseguro mandar queimar o sofá de casa, como forma de coibir que a esposa o traia...

Num país de dimensões continentais como o Brasil é, e apresentando uma costa exuberante de mais de 8 mil Km de extensão, retomar a história dos cassinos, seria um impulso enorme ao turismo.

Empregos diretos e indiretos seriam criados, com uma rede de serviços; hotelaria de alto nível; atrações musicais e shows de stand-up comedy, abririam novos espaços para artistas e técnicos.

Agregariam-se lojas de souvenirs, restaurantes e lanchonetes. Passeios e atividades poliesportivas poderiam ser agregadas, em pacotes turísticos.

Enfim, seria um fomento ao turismo, com incalculável fonte de arrecadação, atraindo mais turistas estrangeiros, e portanto, despejando dólares e euros, na nossa economia.

Quanto à possibilidade de viciar uma pessoa, sim, é possível. Mas a cada esquina tem uma agência lotérica oficial, e não vejo ninguém reclamando disso...

Está mais do que na hora de abolirmos a hipocrisia na sociedade.

Vai quem quer, e nenhum governo deve determinar se isso é certo ou errado, tratando o cidadão como uma criança pequena, e incapaz de fazer suas próprias escolhas.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Eu (ainda) Tenho um Sonho.

    Eu (ainda) Tenho um Sonho, texto de Luiz Domingues.

Em 1963, cerca de 250 mil pessoas se acotovelaram em frente ao Memorial Lincoln, em Washington, D.C., para ouvir um discurso que entraria para a História.

O pastor Batista, e ativista político, Martin Luther King Jr. falou com muita propriedade sobre a necessidade premente de se estabelecer a igualdade racial na América, e dessa forma, com a conquista dos Direitos Civis plenos, à todos os cidadãos, independente de sua origem racial.

O discurso "Eu Tenho um Sonho", foi apenas um ato dessa grande luta, mas ganhou uma dimensão enorme pela repercussão midiática inédita em torno dessa discussão, e consequentemente, tornou-se emblemático.

Mas na verdade, a luta de Martin iniciara-se alguns antes antes, quando liderou um protesto contra a segregação, na cidade de Montgomery, Alabama.

Em 1955, uma mulher negra recusara-se a ceder o assento à uma mulher branca, dentro de um ônibus urbano dessa cidade, e uma revolta eclodiu contra essa Lei absurda, arcaica e desumana.

Outro fato posterior, e pertinente, ocorreu em 1957, quando cinco estudantes negros são impedidos de frequentar as aulas numa escola, em Little Rock, capital do Arkansas, provocando outra onda de protestos, pró e contra.

Martin Luther King Jr. teve papel decisivo nesses protestos, levando a Suprema Corte Americana a revogar tal Lei, tornando proibida  a discriminação racial no transporte público.

Esse era apenas um ponto, faltavam muitas coisas essenciais na América, para que os Direitos Civis fossem de fato assegurados para todas as pessoas, e nesse interim, Martin foi tendo a sua voz cada dia mais amplificada.

Admirador confesso do lider indiano Mohandas Gandhi (a palavra "Mahatma", geralmente usada para designá-lo, é na verdade um "título" honorário, e muito respeitoso na cultura indiana), Martin adotou na sua postura, a não-violência, tal como o lider indiano.

Em sua visão, sabia que possivelmente haveriam retaliações violentas por parte de forças racistas, principalmente nos estados do sul do país, portanto, apesar de doloroso, se os negros não reagissem, tal postura ganharia a opinião pública, via mídia.

As reivindicações básicas eram : fim da discriminação racial na sociedade, direito ao voto, igualdade de condições de trabalho para os negros, enfim, a igualdade.

Em 1964, uma nova lei foi promulgada, como adendo à Constituição. Com a nova Lei dos Direitos Civis, uma grande vitória. No ano seguinte, outra conquista importante, o direito ao voto, com a nova Lei eleitoral aprovada.

Nesse ano de 1964, Martin ganhou o prêmio Nobel da Paz, tendo sido reconhecidos os seus esforços.

A partir de 1965, começou a centrar suas baterias contra a Guerra do Vietnã, quando notou que aquilo nada tinha de patriótico, como o governo tentava passar essa ideia ao povo, e dessa forma ganhou a simpatia da juventude branca anti-Vietnã, notadamente os Hippies.

Claro, amealhou ainda mais antipatia dos oponentes desses ideais, e convenhamos, em seu bojo, eram os mesmos reacionários pró-segregação...

Em 4 de abril de 1968, preparava-se para liderar mais uma marcha, em Memphis, no Tennessee, quando foi assassinado nas dependências do hotal onde se hospedara.

Um sujeito chamado James Earl Ray confessou o crime, mas anos depois, declarou ter sido usado como bode expiatório. Bem, fatos assim não eram novidade na América, vide Lee Harvey Oswald...

Lamentamos a perda de um ativista de fibra, e orador brilhante como Martin Luther King Jr., é claro.

Contudo, seu discurso proferido na escadaria do Memorial Lincoln, em 28 de agosto de 1963, tornou-se eterno.

Passados cinquenta anos dessa manifestação histórica, muitas coisas mudaram para melhor na América e por extensão, em todo o mundo.

Mas há muita coisa ainda a ser melhorada, portanto, podemos afirmar que "ainda" temos um sonho, de ver um mundo fraternal.

Cabe a nós colocar em prática, propostas que nos levem à essa harmonia, seguindo os passos de ativistas pacíficos como Mahatma Gandhi e Martin Luther King Jr. 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A Mais Secreta das Fórmulas.





A Mais Secreta das Fórmulas
Quando se pensa em segredos estratégicos e/ou espionagem, geralmente pensamos em questões da geopolítica, e suas implicações militares inerentes.

Contudo, a espionagem industrial movimenta o mundo de uma forma tão ou mais contundente, requerendo verdadeiros exércitos formados por profissionais, especialistas em segurança.

Isso sem contar os milhões gastos em recursos jurídicos, tentando ao máximo coibir os trantôrnos decorrentes de patentes sendo quebradas diariamente, com produtos sendo copiados, sem nenhum pudor.

No caso das fórmulas de produtos alimentícios e farmacêuticos, todo o cuidado é pouco, e os industriais gastam milhões em dispositivos de segurança para preservarem as fórmulas que lhes garantem a exclusividade em produtos campeões de vendas.

Pensando nesses termos, entre inúmeros produtos tradicionalíssimos do mercado, é difícil não imaginar que um entre todos, seja o mais famoso, e claro, refiro-me ao refrigerante conhecido como "Coca-Cola".

Oficialmente, a fórmula do refrigerante foi atribuída à um farmacêutico norte-americano, chamado John Pemberton, em 8 de maio de 1886, como remédio, e com a posologia de atuar no cérebro e sistema nervoso.

Somente em 1893, outro americano, Frank Mason Robinson, adaptou o remédio para o consuno como refrigerante, patenteando-o e criando o seu histórico logotipo.

Em franca expansão, tornou-se um produto de alcance mundial, até que em 1919, a fábrica foi vendida para o magnata Ernest Woodruff, que tratou de guardar a fórmula no cofre do Guaranty Bank, de Nova York.

Algum tempo depois, mudou de banco, indo submeter-se às sete chaves do banco SunTrust, de Atlanta.

Sedimentado como o refrigerante mais famoso e vendido do mundo, a preservação de sua fórmula tornou-se uma lenda.
Inúmeros boatos se espalharam, e povoaram o imaginário popular.

Boatos pró e contra, naturalmente...

A questão de ser um refrigerante viciante, logicamente foi atribuído à existência de cafeína e cocaína em sua fórmula.

Claro, se há um fundamento técnico, e portanto, plausível em tal afirmativa, por outro lado, há de se considerar que a existência de tais substâncias na fórmula, são evidentemente em escala ínfima, portanto, para prejudicar uma pessoa, seria preciso a ingestão de uma quantidade tão absurda do líquido, que nem o mais contumaz consumidor do mesmo, suportaria, e outra, seria mais provável que o consumidor morresse por afogamento...

Em 2011, a fórmula foi parar no seu lugar definitivo, acredita-se, o "World of Coca-Cola", um Museu particular da própria companhia, em Atlanta.

Outra lenda que corre solta, por décadas, é a de que ao contrário do famoso segredo de sua fórmula, motivado pelo medo de não ser copiado, a origem de tal formulação foi na verdade obtida mediante o uso de fórmulas alheias.

Uma curiosa história nesse sentido, vem da Espanha, onde uma pequena fabriquinha artesanal, no vilarejo de Aielo de Malferit, na província de Valencia, tem o refrigerante "Nuez de Kola-Coca", e segundo seu atual dono, a fraca legislação de décadas atrás, no tocante à patentes, permitiu que os norte-americanos roubassem sua fórmula, sem nenhuma dificuldade.

Num segundo instante, em 1953, temendo uma contestação na justiça espanhola, os executivos da Coca-Cola procuraram a pequena fábrica de Aielo de Malferit, e mediante o pagamento de 30 mil pesetas, selaram acordo, dando a questão como encerrada.

Enfim, apesar de inúmeras especulações, a fórmula oficial da Coca-Cola permanece como o maior segredo industrial da história, apesar da polêmica publicação num jornal de Atlanta, de uma anotação de John Pemberton, em 1979, onde o suposto original manuscrito teria sido revelado, mas nunca admitido como fidedigno pela companhia.   Texto by Luiz Domingues.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Um Talento na U.T.I.

Um Talento na U.T.I. , texto de Luiz Domingues.

Houve uma época no Brasil, onde a poliomielite (popular "paralisia infantil"), era epidêmica.

Doença perigosa, que paralisa membros e tende a ser muito dura com as crianças, foi aos poucos sendo erradicada, graças aos esforços dos orgãos de saúde pública, promovendo ações de vacinação em massa.

Infelizmente, alheio à esse esforço, um garotinho chamado Paulo Henrique Machado, não teve a sorte de escapar de tal flagelo.

Sua mãe morreu apenas dois dias depois de seu nascimento e com um ano e meio, teve a infelicidade de contrair a doença.

Dessa forma, foi internado no Hospital das Clínicas de São Paulo, pois além de ter perdido o movimento de pernas e braços, precisava de cuidados respiratórios, pois seu pulmão também estava comprometido.

Dessa forma, o pequeno Paulo foi ficando na U.T.I. do Hospital das Clínicas, pois não havia meios de ter tais cuidados em sua casa.

Crescer dentro de um ambiente de U.T.I., tendo sérias dificuldades de locomoção e respiração, não foi fácil para o pequeno Paulo Henrique, todavia, o menino apresentava uma incomum disposição e alegria.

Mesmo com as dificuldades inerentes às consequências da doença, Paulo não se furtava de brincar e interagir com as demais crianças internadas e sua inteligência desde sempre, era fora do comum.

Uma de suas mais remotas lembranças, vinha de uma TV em preto e branco, onde assistira com vívido interesse, a chegada do homem à Lua, em 1969.

Desse estopim remoto, nasceu seu interesse pela tecnologia, Sci-Fi e ciência em geral.

O tempo foi passando e Paulo tornou-se adulto, mas sua vida não mudou, precisando dos cuidados do Hospital das Clínicas, que efetivamente estabeleceu-se como o seu Lar.

Com a popularização da tecnologia, Paulo adaptou-se rapidamente ao uso da informática e dessa forma, tornou-se um Web designer muito eficiente.

Ganhou seu primeiro PC, em 1994, mas era um modelo rudimentar e limitado.

Dessa maneira, tratou de montar um novo PC, sozinho, só indicando as peças que visualisava para tal montagem.

Hoje em dia, cada vez mais embrenhado nas possibilidades do mundo virtual, Paulo Henrique está com um projeto ambicioso, neste momento.

Está criando uma animação em 3D, cujos personagens são deficientes físicos.

Claro, precisa de recursos financeiros para tal empreitada e daí, fica a inevitável pergunta : Será que nossos governantes não poderiam dar uma ajuda para um projeto desses ?

Não quero ser oportunista, mas acho um pouco injusto um talento como o de Paulo Henrique Machado ficar obscurecido, enquanto bilhões de reais são gastos na construção/reforma de estádios de futebol.

Aos que poderiam contra-argumentar que uma coisa não tem nada a ver com a outra, eu pontuo a questão da falta de planejamento e nesse caso, a inexistência de prioridade para a cultura, educação e ciência.

Finalizando, Paulo Henrique Machado é mais um caso de talento desperdiçado e sendo assim, numa época onde o povo clama por mudanças, entra fácil para o rol das novas prioridades de um Brasil diferente, e que precisa valorizar seus melhores cérebros.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Cidade Dormitório.

      Cidade Dormitório , texto de Luiz Domingues.

Vivemos tempos difíceis no quesito mobilidade urbana. Com as cidades cada vez mais inchadas, o trânsito caótico piora, transformando a rotina dos trabalhadores, um inferno cotidiano.

Ações são discutidas por técnicos para melhorar o deslocamento das pessoas nas cidades, mas a complexidade de tal engenharia de trânsito, torna-se muito difícil de ser equalizada, quando a realidade nos mostra que na cidade de São Paulo, por exemplo, cerca de 800 novos carros são emplacados pelo Detran, diariamente...

Vi uma estatística dando conta de que uma cidade do porte de Araçatuba (cerca de 300 mil habitantes), se desloca diariamente para São Paulo, vindo de cidades vizinhas, para trabalhar na capital.

No Estado do Rio, é clássico o exemplo da cidade de Duque de Caxias, onde quase 90 % de sua população precisa trabalhar na cidade do Rio, por falta de melhores opções de empregos.

Como se não bastassem todos os problemas, a questão política é um fator desanimador para quem sonha com dias melhores no trânsito.

Interesses obscuros fazem com que as ações dos governantes não afunilem-se em torno de uma meta, e isso só gera mais frustração.

Claro que o ideal é que cidades de mais de 500 mil habitantes tenham uma rede de metrô eficiente. Mas o que observamos é uma ação de tartarugas para construir metrô em poucas cidades e para piorar, de forma totalmente insatisfatória.

Corredor exclusivo para ônibus, é um outro exemplo de necessidade para lá de urgente, com a possibilidade desses coletivos andarem mais rápido, deslocando um número maior de pessoas, e tirando carros particulares das ruas.

Intregração con trens de subúrbio e incentivo ao uso de bicicletas, também são importantes, com a ressalva de que no caso das bicicletas, a criação de ciclovias seguras, se faz mister.

Repensar a questão tributária dos taxistas, dando-lhes a oportunidade de minimizar custos e por conseguinte, trabalhar com uma tarifa reduzida ao passageiro, é outra medida importante. Nesse caso, até a criação de uma tarifa especial de combustíveis, seria bem vinda e com a perspectiva do Pré-Sal, por que não ?

Tudo isso é discutido em profusão por vários setores da sociedade civil, ainda que o governo muitas vezes desconverse...

Mas existe um outro elemento nessa equação, que seria vital para desatar esse nó cruel que atormenta milhões de pessoas : a questão da cidade dormitório.

A vida é cara e para poder arcar com a despesa de moradia, muitas vezes as pessoas precisam submeter-se à morar muito longe de seus locais de trabalho.

Qual a lógica de se morar num determinado bairro e ter que deslocar-se com enorme sacrifício, para trabalhar num outro bairro longínquo ?

E o caso de pessoas que trabalham diariamente em outras cidades ?

Numa estrutura social caótica como a do Brasil, tudo parece responder à fatores aleatórios.

A pessoa mora longe, por que não tem como manter-se num bairro mais próximo do centro de sua cidade, e a questão do emprego é vista como um eterno "pegar ou largar", sem dar opção de escolha ao cidadão.

Dessa forma, criou-se essa caótica forma de deslocamentos, onde o que deveria ser o padrão, é tido como um golpe de sorte, para poucos e equivalente a tirar a sorte grande de um jogo de loteria.

Trabalhar e morar no mesmo bairro, passou a ser um privilégio de afortunados.

Pois os governantes deveriam consultar os urbanistas com maior atenção e repensar.

A geração de empregos privilegiando trabalhadores do mesmo bairro, deveria ser plano de governo, como prioridade.

Deveria ser tratada como meta de incentivo às indústrias, comércio, rede de serviços e outros empreendedores, no sentido de priorizarem a contratação de profissionais do mesmo bairro de suas sedes.

Se muitas pessoas passarem a trabalhar perto de suas residências, não é só o trânsito que melhora.

É óbvio o benefício humano, com o aumento significativo da qualidade de vida.

Tirando as pessoas do sufoco da "hora do rush", sobra tempo para lazer, cultura, tempo com suas famílias, prática de esportes etc.

Não consigo imaginar o caos do trânsito melhorar, sem que os governantes trabalhem todas essas ações conjuntamente.

Todavia, uma das mais importantes sem dúvida, é acabar com esse conceito de "cidade dormitório", onde o cidadão é massacrado por uma rotina de deslocamentos que lhe antecipa a velhice em muitos anos, numa subtração desumana.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Greves, Protestos & Manifestações.



                       Greves, Protestos & Manifestações, um texto de Luiz Domingues.

Parto do pressuposto de que não existe um regime sócio-político perfeito e que portanto, atenda à todas as necessidades, desejos e interesses de todos os cidadãos, simultaneamente.

E isso é óbvio sinal de que a diversidade humana é enorme, e nessa complexidade, é praticamente impossível haver um modo de gerenciamento público, que contente a todos os interesses.

Posta essa colocação, que soa óbvia, mas nem todo mundo leva em consideração quando quer expôr seus motivos pessoais, sigo em frente, para falar sobre algo que reputo um direito sagrado do cidadão : reivindicar.

É muito natural e salutar dentro de um regime democrático de direito, que o cidadão seja ouvido em suas reivindicações.

Onde o poder público pode gerenciar, e isso interfere na vida do cidadão comum, é claro que se trata de um direito deste, reclamar de algo que o afeta negativamente, e reivindicar melhorias e providências sobre aspectos que estão ruins e carecem de melhorias.

Portanto, o cidadão tem o direito de reclamar, de querer ser ouvido, de reivindicar.

Disso não tenho dúvida e de forma alguma quero ser mal interpretado, deixando claro que sou absolutamente contra medidas proibitivas de tais manifestações populares; contra o cerceamento do livre arbítrio; dos abusos contra os direitos civis e sendo assim, denotando atitudes ditatoriais abomináveis da parte de quem detém o poder público.

Contudo, na questão das greves, passeatas, manifestações e protestos públicos, por exemplo, temos observado uma profusão de equívocos, nesse sentido.

No caso das greves de categorias profissionais, por exemplo, é inacreditável que em pleno século XXI, tenhamos práticas truculentas e muito equivocadas, no sentido de não exercer pressão à quem deveria ser exercida.

Um exemplo ?

Se funcionários do transporte público, entram em greve, o objetivo é pressionar o prefeito e/ou o governador, mandatários responsáveis por tal serviço público.

Porém, quem na prática, é que se prejudica, quando ônibus, trens de subúrbio ou metrô paralisam, por seus funcionários cruzarem os braços ?

O transtôrno causado quando uma só categoria dessas para, é enorme e muitas vezes, tais greves se multiplicam, numa ação viral que estrangula as cidades, notadamente os grandes centros, causando um sofrimento gigantesco para milhões de pessoas.

Nesse caso, a pergunta é : Não existe uma maneira mais civilizada de se pressionar quem de fato querem pressionar, para que atendam suas reivindicações ?

É necessário prejudicar milhões de pessoas para de uma forma muito indireta, isso gere um certo prejuízo à imagem de tal mandatário ?

A existência da "greve branca", onde por exemplo se abririam as catracas sem cobrança de bilhetes, daria um efeito forte sobre o governo, sem no entanto prejudicar as pessoas comuns. O transporte seria feito normalmente, sem incomodar ninguém, a não ser os políticos governantes.

Sei que nesse caso, existem mecanismos jurídicos e marotos (ah...as brechas da Lei..."), onde esse tipo de greve é coibida com a ameaça de exoneração sumária, daí o medo de fazer tal tipo de protesto.

Nesse caso, onde está a visão dessa gente, que não briga por mudanças jurídicas ? Infelizmente, optam por fazer greves antipáticas, que mais atingem o cidadão comum.

Em relação à passeatas, tornou-se lugar comum tomar as pistas da Av. Paulista, em São Paulo (uso São Paulo como exemplo, por ser minha cidade, mas vale para qualquer cidade, incluso interioranas).

Se toda a categoria profissional e defensores de causas, as mais diversas, se sentem no direito de paralisar a avenida todo dia, pergunto-me : e o meu direito de ir e vir?

Devo agrupar pessoas incomodadas com as passeatas diárias, que fecham o caminho, e organizar uma passeata para protestar contra as passeatas ?

Fico pensando em como se sente uma pessoa infartada dentro de uma ambulância, a caminho de um hospital (e na região da Av. Paulista existem mais de dez, importantes e enormes), quando a ambulância para, porque os defensores de uma causa qualquer, estão bloqueando-a.

Não dá para fazer a manifestação numa pista só, deixando as demais para o trânsito fluir, ainda que já prejudicado ? É tudo ou nada para essa gente ?

Outra questão : Muitas vezes, independente do protesto ser válido ou não (acredite, tem muita gente que se engaja em causas não fidedignas, sem checar fontes e comprando ideologias vazias como uma bexiga furada), existem as inevitáveis infiltrações.

Vamos supor que a causa seja nobre e o comando da organização do protesto esteja imbuído dos mais sérios propósitos nesse sentido. Eles mobilizam os militantes da causa, preparam seus cartazes, faixas, flyers, levam megafone e instrumentos de percussão, ensaiam palavras de ordem e instruem os participantes a não provocarem pessoas comuns, não causarem nenhum ato de vandalismo etc etc.

Mas aí, tudo sai de controle, quando um bando de maus intencionados se infiltra e começam a vandalizar, arrumarem brigas, provocar pessoas comuns, praticarem saques no comércio e afrontar autoridades.

Para onde vai a imagem do seu protesto, outrora autodenominado "pacífico" ?

Tudo foge ao controle e nossa polícia, que ainda tem fortes ranços da ditadura militar (até quando, hein ??), reage com a sua costumeira truculência e prepotência.

É o que temos observado nessa recente onda de protestos que tem acontecido em diversas cidades, com São Paulo e Rio, chamando mais a atenção da mídia pelo seu gigantismo (mas não se enganem, pois tem acontecido em cidades interioranas e com grande truculência).

Reinvindicar melhores condições de transporte e tarifas mais baixas, acho legítimo, mas nesse caso, todo esse barulho com muita gente ferida gravemente, fora as depredações inadmissíveis, perde muito de seu sentido cívico, quando é manipulado por forças obscuras que só querem "causar" ou desgastar a imagem do partido A ou B.

Não seria o caso de promover um protesto branco, sem truculência, mas contundente, agindo fortemente nas redes sociais e por exemplo, confrontando os números apresentados pelos governantes e empresários do setor de transportes ?

Algum desses vândalos que vão às ruas munidos de coquetéis Molotov e usam máscaras para não serem reconhecidos, teve acesso às planilhas de custos do transporte público ?

Mas mesmo assim, salta-me aos olhos o oportunismo dessas manifestações truculentas, deixando claro que são motivadas por outros interesses e com o objetivo de "causar", para usar uma gíria moderna.

O mesmo em relação aos protestos contra as falcatruas perpetradas por governantes em relação à realização da Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil.

Ora, claro que os absurdos cometidos com o dinheiro público e ações correlatas, prejudicando pessoas humildes (recomendo assistir o documentário "A Caminho da Copa", disponível no You Tube), são abomináveis e precisam ser denunciados com veemência, mas fica a pergunta : desde 2007, sabemos que o Brasil sediaria a Copa e que falcatruas seriam cometidas, portanto, qual o sentido de promover uma manifestação na porta do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, no dia do jogo inaugural da Copa das Confederações, em pleno 2013 ??

Ora, que adianta apavorar pessoas inocentes que estavam ali para assistir a cerimônia e o jogo da seleção brasileira ? 

Isso é forma inteligente de protestar ?

E outra, agora ? Esperaram sete anos para reagir contra a roubalheira que esses eventos propiciam nos cofres públicos ?

Sei que não é só pelos 20 centavos, como virou moda dizer. O saco do povo estourou e revelou a insatisfação acumulada por décadas e por inúmeras razões, mas ainda penso que a mobilização para reivindicar tem que ter inteligência, foco e logística.

Sou totalmente favorável à uma reforma ampla. Urge a reforma tributária, que é a meu ver, o foco número um na pauta.

Acabar com esse vilipêndio à carne do povo, que é cruelmente esfacelada por impostos insuportáveis e com a infame contrapartida do retorno insignificante de benefícios públicos, se faz mister.

A vergonhosa política oficial de não investimentos em transportes públicos de qualidade, para satisfazer a sanha da indústria automobilística e petrolífera, é outra prioridade urgentíssima.

A radical mudança do planejamento, onde saúde, infraestrutura e educação, sejam prioritárias, como única maneira de catalputar o país ao primeiro mundo, sem dúvida.

A reforma política coibindo a infame mordomia que os parlamentares e membros do executivo gozam, ás custas do cofre público.

Sou a favor da extinção da "Voz do Brasil" obrigatória nas estações de rádio.

Qual o sentido de ser obrigatório em pleno século XXI, com internet, TV a cabo e telefonia móvel ?

Quem quiser acompanhar os trabalhos do executivo, legislativo e judiciário, tem plenos canais para fazê-lo, sem a necessidade desse antipático e ditatorial programinha dos anos trinta.

Pela ampla reforma da Lei eleitoral, com a extinção do voto obrigatório.

Pelo fim do serviço militar obrigatório, imediatamente, pois servir as forças armadas tem que ser um direito e nunca uma obrigação.

Pela reforma do código civil e criminal, acabando com as abomináveis "brechas jurídicas".

Reforma total do sistema penitenciário, uma falida e insalubre forma de lidar com os condenados da justiça, onde não se recupera ninguém para a sociedade.

Fim da militarização da polícia. A polícia tem que ser o braço amigo da sociedade e este modelo que temos é de uma polícia mal preparada, carrancuda e com ranços da ditadura, insuportáveis.

Pelo investimento maciço na infraestrutura, acabando com o atraso colonial que ainda persiste.

Pela simplificação total da burocracia, que esmaga o cidadão comum e inibe o empreendedorismo dos empresários, do micro ao mega empresário.

Pela sustentabilidade, pela ecologia, pela cidadania...

Pela limpeza, pelo respeito mútuo, pela pacificação no trânsito...

Pela cultura, pela arte...

Enfim, sou a favor da reforma total do país, mas ainda assim, penso que há maneiras e maneiras de se protestar.

Em suma : Protestar, reivindicar e reclamar, são direitos do cidadão, mas há formas de se fazer ouvir, sem prejudicar as pessoas erradas, que invariavelmente pagam o pato...

terça-feira, 2 de julho de 2013

Caos Portuário.



                             Caos Portuário, texto de Luiz Domingues.


O Brasil entrou numa fase de prosperidade sem precedentes em sua história, quando deu seu primeiro passo nesse sentido ainda nos anos noventa, controlando a infame inflação que o assolava há décadas.

Claro, não podemos deixar de considerar que aspectos políticos contribuiram nesse sentido. O simples fato de voltar a promover eleições presidenciais livres, fora importante cinco anos antes, apesar do povo ter se deixado levar por falsa propaganda e ter eleito um candidato inadequado.

Ok, democracia é assim mesmo, demora muito para maturar e segue a toada da tentativa e erro.

Mas sem dúvida que esses fatores foram importantes para que já na segunda metade dos anos 2000, sinais animadores deixassem o país visível aos olhos do mundo.

Atravessando a grande crise de 2008, "quase" incólume, o Brasil virou a "bola da vez" em muitos aspectos, da política sócio-financeira aos índices de progresso, em vários níveis.

Só que nos seus meandros, o Brasil progressista que passou a encantar o mundo pelo seu salto rumo ao primeiro mundo, escondia de si mesmo, outra realidade.

A absoluta falta de infraestrutura em setores vitais da economia, revelava-se diametralmente oposta à euforia gerada pelos observadores internacionais.

Só quando a proximidade de grandes eventos de âmbito mundiais avistaram-se, foi que perceberam que portos e aeroportos brasileiros, são de quinta categoria, entre outras coisas.

No tocante aos portos em específico, a situação é dramática e faz tempo.

O assunto só veio à baila neste momento, por dois motivos :

1) A proximidade da Copa do Mundo e Olimpíadas e;

2) A visão estarrecedora da gigantesca fila de caminhões parados no porto de Santos, revelando a falta de organização e por conseguinte, a enorme quantidade de dinheiro jogado no lixo, e outra montanha que se deixa de ganhar, por tal ineficiência.

Qual a razão, ou razões para essa situação ter chegado nesse ponto vergonhoso ?

Bem, são muitas as razões, mas o fator burocrático, é um dos maiores vilões nesse sentido.

Um exemplo ?

Quando um contêiner chega ao porto para exportação, contendo commodities, por exemplo, não consegue embarcar rumo ao seu destino, em menos de 13 dias.

O motivo ?  Burocracia massacrante, onde é preciso apresentar cerca de 200 documentos (pasmem !!), para a liberação e alguns desses, são conflitantes entre si, deixando o exportador completamente louco.

Em Cingapura, esse trâmite burocrático leva um dia e nos Estados Unidos, dois...

Então, some-se à esse fato, que o processo inverso também é infernal, ou seja, navios estrangeiros que aqui chegam, podem ficar até 15 dias esperando autorização para atracar...

Isso espelha bem o caos que essa logística ou antilogística, causa ao país.

Fora essa questão, observa-se também a falta de investimentos na modernização dos portos. Com espaço físico reduzido, ineficiente conexão ferroviária e páteos de estacionamentos minúsculos, não é de se estranhar que filas inacreditáveis de caminhões fechem, literalmente, as estradas que dão acesso ao cais.

Outro fator surpreendente e inadmissível num mundo moderno e informatizado, é que 90% dessa burocracia ou "burrocracia", como queiram, esbarra na falta de comunicação "on line" entre orgãos reguladores e fiscalizadores.

Como aspirar estar no primeiro mundo, sem repartições públicas 100% informatizadas e com funcionários bem treinados e motivados ?

Não é óbvio que a morosidade seja medieval, sem tais providências ?

A lição é muito clara : Estar entre as maiores potências econômicas do planeta é motivo de orgulho, mas investir em infraestrutura é vital para que de fato possamos ser considerados um país de 1° Mundo.

E por enquanto, o Brasil parece ainda estar no tempo do Império, em muitos aspectos.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Campeão Mundial do Improviso.

Campeão Mundial do Improviso, texto de Luiz Domingues.
Quando o Brasil foi escolhido pela FIFA, como o país sede da Copa do Mundo de 2014, tal data parecia longínqua na ocasião.

Era o ano de 2007, e sete anos parecia ser uma eternidade para promover tantas mudanças estruturais necessárias para cumprir o exigente caderno de adequações da FIFA.

E já naquele ano, o Brasil despontava como emergente "bola da vez", recebendo elogios da mídia internacional e sendo enfim notado pelas nações do 1° mundo, coisa rara até então.

Mas os problemas que se sucederiam, eram absolutamente previsíveis...

Enraizado na alma do Brasil, existem signos absolutamente vergonhosos que enquanto não forem erradicados do imaginário popular, difícilmente farão com que a riqueza material conquistada pela economia do país, reflitam-se como real grandeza digna de nos colocar de fato, no 1° mundo.

Por exemplo, a vergonhosa mania de se orgulhar de ser um povo que dá "jeitinho" em tudo.

Esse estigma é terrível, pois nos leva a crer que fazer as coisas de qualquer maneira, sem critério de qualidade, é uma virtude, quando na verdade, é uma prática lamentável.

Ligado intimamente à esse fator, existe outro estigma horrível, que é o do atraso.

Brasileiro acha bonito atrasar-se, entregar coisas ou tomar providências no último momento possível e muitas vezes, além do prazo final estipulado.

A questão do "jeitinho", tem a conotação do improviso, da "gambiarra", do "gato". Nessa mentalidade, nada é seguro, pois do pequeno reparo caseiro com a fita isolante, aos grandes empreendimentos arquitetônicos, paira no ar esse artíficio que a qualquer momento se descortina, algumas vezes em tragédias.

Outro estigma horrível e típico do Brasil é o orgulho da "malandragem". Se desde crianças, somos bombardeados com esse conceito, realmente fica muito difícil ter outra visão.

Se somos todos "malandros" e sempre dispostos a levar vantagem em tudo (certo ? ), chocamos os estrangeiros do 1° mundo, não habituados à tal prática abusiva/extorsiva inaceitável, e faz de nós, estelionatários em potencial.

Quando Mário de Andrade criou o personagem "Macunaíma" e Monteiro Lobato criou o "Jeca Tatu", os criaram a ambos, com a característica da "preguiça', como traço de personalidade dominante.

Ora, se ambos são personificações típicas do brasileiro, obviamente que os respectivos autores os criaram com forte fator de denúncia sóciocultural, mas parece que o povo absorveu a ideia de preguiça, como algo para se orgulhar...

Outro aspecto lamentável e típico do Brasil é a exaltação da sensualidade. Após décadas de propaganda maciça nesse sentido para atrair turistas, não é contraditório que o brasileiro sinta-se ofendido quando vê estrangeiros referindo-se às nossas mulheres de forma desrespeitosa ?

Sete anos se passaram e nada foi feito para atenuar essas questões. E como poderia mudar algo formatado há séculos, e com a agravante de ninguém nem discutir o assunto ?

A preocupação foi apenas construir novas "arenas", mas deixando em segundo plano uma série de outros fatores estruturais.

Arenas estão sendo inauguradas, todas embonecadas de cair o queixo, mas o entorno ainda é caótico; os meios de transporte, precários.

Aeroportos, portos, estações rodoviárias de terceira categoria; nenhum preparo para atender e informar bem os turistas...

Nem vou falar sobre segurança pública, para não fazer ninguém perder o sono.

E vou falar mais uma : disse acima que as arenas estão deslumbrantes. Isso é verdade, mas problemas estruturais inadmissíveis estão acontecendo em tempo recorde.

Na Fonte Nova, por exemplo, logo no primeiro dia da inauguração, verificava-se que a distância entre uma cadeira e outra, era inadequada para uma pessoa acomodar-se; no Castelão, há relatos de pessoas que demoraram horas (eu disse horas !) para sair do centro de Fortaleza e chegarem ao estádio, para o show do Paul McCartney.

O entorno do Maracanã está impraticável por conta das obras viárias. No Mineirão, logo nos primeiros jogos pós-inauguração, foi um horror a venda de ingressos, com uma bagunça generalizada.

Outra Arena que nem revelarei o nome, tinha um "probleminha" no dia da inauguração : jornalistas atônitos, descobriram não haver tomadas nas cabines de imprensa..."só" isso...

Isso sem contar toda a manobra política para tirar o Morumbi do evento.

Ora, está na ponta do lápis : Seria necessário uma rápida reforma para adequar o Morumbi às exigências da FIFA.

Isso custaria cerca de 350 milhões de reais, nos quais o São Paulo Futebol Clube pagaria quase toda a despesa, de seus cofres.

Mas "curiosamente", a FIFA criou todo tipo de empecilhos, preferindo ameaçar a cidade de São Paulo, de ficar fora do evento.

Daí, surgiu a "oportunidade" de construir o estádio do Corinthians, numa previsão inicial de "apenas" 800 milhões de reais, mas que agora já passou de 1 bilhão, é claro.

E o Maracanã ? Acaba de ser reformado, mas o governo anunciou que o reformará novamente para as Olimpíadas de 2016. Brasileiro adora reforma, licitação, concorrência pública...

Na ponta do lápis, parece coisa de louco, é o é, certamente. Mas aqui é o país do "jeitinho", da "malandragem", não é mesmo ?

Em tempo : recomendo assistir o seguinte documentário postado no You Tube : "A Caminho da Copa".

http://www.youtube.com/watch?v=nFcA2PKIcfQ

terça-feira, 4 de junho de 2013

Monteiro Lobato Preocupado com o Petróleo.

Monteiro Lobato Preocupado com o Petróleo, Luiz Domingues "ruleiando" no blog. Vivemos uma Era de euforia em decorrência da descoberta do Pré-Sal.

Segundo estimativas, o Brasil entrará para a OPEP (Organização Mundial dos Países Produtores de Petróleo), superando a perspectiva da autosuficiência (que por si só, já seria excelente), para alçar-se à condição de exportador.

Porém, até chegarmos nesse ponto, muitas coisas ocorreram antes e a questão petrolífera no Brasil gerou muita controvérsia.

Os primeiros registros de exploração por aqui, datam do século XIX. O Marquês de Olinda autorizou um pequeno empreendedor chamado José Barros de Pimentel, a fazer pequenas prospecções às margens do rio Marau, na Bahia.

Nas três primeiras décadas do século XX, os registros oficiais dão conta de que pessoas comuns do povo, exploravam essa extração de forma precária, sem nenhuma regulamentação oficial ou ação empresarial constituída.

Foi então que o governo Vargas, na década de trinta, entrou de sola nessa questão, criando restrições oficiais à essa prática, mas ao mesmo tempo não criando mecanismos claros sobre a exploração, gerando assim, muita insatisfação por parte de muitas pessoas politizadas, sobretudo.

E um desses intelectuais insatisfeitos, e que mais bateu públicamente no governo Vargas, foi o escritor Monteiro Lobato.

Lobato era muito famoso por ter criado o personagem Jeca Tatu, onde criticava o atraso do país, e veladamente o atribuía (também, mas não tão somente, pois deixou claro que Jeca Tatu não era assim, mas "estava assim", cutucando o governo), à preguiça como marca registrada da índole do povo brasileiro (há certamente uma similaridade entre Jeca Tatu e o Macunaíma de Mário de Andrade, nesse aspecto).

Lobato também era famoso por ter criado o "Sítio do Pica-Pau Amarelo", sua literatura infantil que atravessaria décadas, mas havia um lado seu sóciopolítico que era forte e expressou-se em vários livros.

No caso da exploração do petróleo no Brasil, a questão principal que o indignou, residia no fato de que o governo Vargas criara restrições, mas não apontava soluções.

Se a riqueza natural era de todos, ou o governo criava mecanismos para a exploração, repassando os lucros à população, ou permitia a livre exploração por parte de qualquer interessado, ainda que tributando os lucros, logicamente.

Nesse impasse, Lobato passou a protestar públicamente através de artigos na imprensa, mas foi em 1936, que sua contundência chegou ao clímax, quando lançou o livro : "O Escândalo do Petróleo".

O livro esgotou sua primeira edição muito rapidamente e incomodou o poder ditatorial de Vargas.

Tornou-se um slogan a expressão "não perfurar, nem deixar que se perfure", uma clara alusão à inércia de Vargas nessa questão.

Em 1937, a repressão oficial censurou o livro e mandou recolher suas cópias disponíveis nas livrarias. Mas no mesmo ano, Lobato lançou mais um livro do seu "Sítio" e usou o seu fantástico personagem, o "Visconde de Sabugosa", uma espiga de milho humanizada e intelectual, para dar mais pauladas no governo Vargas.

No livro "O Poço do Visconde", Lobato usou a voz do simpático Visconde de Sabugosa para ser veemente : "Ninguém acreditava na existência de petróleo nesta enorme área de 8.5 milhões de KM quadrados, toda ela circundada pelos poços de petróleo das repúblicas vizinhas..."

Duas correntes políticas se posicionaram frontalmente nessa questão, a partir daí. Os nacionalistas queriam a criação de uma empresa estatal para monopolizar o controle da extração e os chamados "entreguistas" (pejorativamente assim conhecidos, é claro), que defendiam a tese da exploração ser aberta também à empresas estrangeiras estatais ou particulares.

Em 1941, Lobato foi preso por um general do exército, que curiosamente envolvería-se anos depois, com a campanha "O Petróleo é nosso", nos anos quarenta.

Foi criada a Petrobrás em 1953 e só recentemente o governo mudou as regras e abriu espaço para empresas estrangeiras particulares atuarem em parceria.

Qual seria a opinião de Monteiro Lobato sobre o atual panorama petrolífero do Brasil ?

Se por um lado, possivelmente estaria feliz por constatar esse potencial produtor, que na sua época era inimaginável, por outro, estaria perplexo por constatar que tal riqueza não se reflete na economia popular como era de se esperar.

Os economistas, tributaristas e técnicos do governo falam, falam, mas não explicam com clareza o porque do preço dos combustíveis ao consumidor final, serem tão tão caros.

E numa economia onde esse fator é o principal motivador da alta de todos os produtos e serviços possíveis e imagináveis, realmente causa espanto que uma riqueza assim não seja distribuída equânimamente para o seu verdadeiro dono, o povo.

Vai demorar um pouco, mas quando os primeiros barris extraídos da safra do Pré-Sal começarem a render lucros, qual vai ser a desculpa governamental ?

Tomara que não, mas se essa riqueza não for repassada corretamente, só nos restará torcer para que o Visconde de Sabugosa use de sua sabedoria enciclopédica e seja o nosso porta-voz indignado.

terça-feira, 21 de maio de 2013

História Reescrita.


História Reescrita
Os fenícios realmente chegaram ao continente americano antes dos colonizadores portugueses e espanhóis ?

Uma esquadra chinesa deu a volta ao mundo e pisou no solo sul americano em 1421 ?

O massacre de um milhão de armênios, no início do século passado, é uma fantasia ?

Não foi golpe, mas sim "revolução", o que ocorreu no Brasil em 1964...

São inúmeros os erros registrados em livros de história e muito deles por pura manipulação e atendendo a interesses escusos de poderosos.

Stalin e Hitler mandaram adulterar fotos, excluindo desafetos e apagando o nome de várias pessoas dos registros oficiais.

Páginas vergonhosas da verdadeira História foram adocicadas e papéis invertidos em muitas circunstâncias.

Heróis transformados em bandidos, e vice-versa.

Nos livros didáticos, por gerações, a História oficial foi ensinada nesses parâmetros repletos de distorções.

Os historiadadores frustram-se com seu trabalho sendo constantemente pressionado pelos poderosos e seus interesses.

De fato, grande parte do material do qual dispõem para elaborar o seu trabalho, é oriundo de documentação oficial fornecida.

E com esse tipo de fonte não confiável, ficava difícil a precisão histórica.

Na atualidade, existem movimentos concretos entre historiadores, dispostos a reescrever tudo, apurando ao máximo a verdade e colocando "os pingos nos i's".

Na França, por exemplo, historiadores trabalham nesse sentido e questões pertinentes ao período revolucionário de 1789 e posterior Era napoleônica, passarão por rigorosa revisão, mediante documentação e descoberta de fatos novos.

Há de se observar contudo, que numa época onde a mentalidade do "políticamente correto" passou dos limites, tal parâmetro não pode contaminar tal movimento de reestruturação da História.

Usar de eufemismos tolos para não "chocar", é irrelevante. É preciso encarar a História com veracidade, mostrando a verdade, doa a quem doer.

Encarar o fato de que a jornada da humanidade em seu processo civilizatório, teve etapas tristíssimas, faz parte do aprendizado, e deixar de contar tais passagens, é um atentado à verdade.

E convenhamos, segunda década do século XXI em curso, não cabe mais manipular a História oficial, para privilegiar interesses particulares. 


Texto de Luiz "Show" Domingues.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Celulares, Tablets & Afins : As Estrelas do Show.

Celulares, Tablets & Afins : As estrelas do Show, texto de Luiz Domingues.   À medida que os telefones celulares foram sofisticando-se, funções extras e agregadas, passaram a fascinar os seus usuários. Jogos em primeira instância, mas logo a seguir a possibilidade de fotografar, filmar e interagir com a internet, transformaram tais aparelhos em peças indispensáveis no cotidiano de quase todo mundo. Então, tornou-se rotina fotografar e filmar shows musicais; peças teatrais; palestras; exposições & vernissages; tarde de autógrafos de escritores, jogos de futebol e outros esportes etc etc. Até aí, não haveria nada a reclamar. Qual o mal dessa moderna forma de registrar momentos agradáveis em tais eventos ? Mas o tempo passou e a febre por essa mania só aumentou, protagonizando exageros, naturalmente. Com a chegada dos tablets, isso exacerbou-se ainda mais. E o que verificamos hoje em dia ? Apagam-se as luzes num show de Rock, por exemplo, e ao contrário de épocas passadas, o frenesi pela entrada em cena de seu artista predileto, é atenuado pela excessiva preocupação em filmar. Ninguém mais presta atenção no espetáculo, parecendo que todo mundo virou documentarista, tamanha a profusão de aparelhos mirados para o palco. Na perspectiva do artista em cima do palco, tornou-se algo até bizarro notar que a maioria das pessoas se preocupam mais com isso, fazendo com que a emoção de ver/ouvir o artista ao vivo, se dilua, pois o vê numa telinha, na maior parte da duração do show. Vi recentemente uma reportagem no jornal Folha de São Paulo, falando sobre isso e impressionei-me com o depoimento de diversos atores. No caso dos espetáculos teatrais, tal hábito é mais deselegante por parte das pessoas, é evidente. Alguns atores reclamam (com razão), que tal ocorrência os desconcentra do texto e marcações. Fora o fato desagradável que muitos não estão filmando, mas muito pior, checando e-mails ou postando asneiras nas redes sociais... Coibir tal prática parece medida arbitrária, coisa de fascista demodèe que adora controlar a vida das pessoas. Deixar do jeito que está, provoca mal estar, principalmente para os artistas em cena. O que fazer ? Se por um lado, um espetáculo acaba sendo incensado por tal prática espontânea do público, que gera videos no You Tube; fotos no Instagram e postagens nas redes sociais, por outro, denota mais o modismo da tecnologia em si e a consequente mania do ser humano, de exibir-se. Vi na reportagem que os artistas se dividem nessa questão. Um dono de um pocket-teatro, disse que expulsa sumáriamente quem usa um aparelho desses dentro de um espetáculo. Outro, de um outro espaço teatral, incentiva o uso, apostando na propaganda espontânea das pessoas como chamariz de suas temporadas. Como músico, eu tenho também observado o crescente número de pessoas que filmam/fotografam todos os shows. É engraçado ver um monte de gente com a face azulada, olhando para seus aparelhos fixamente e vendo o show nessas telinhas. Mas particularmente, não vejo mal algum e pelo contrário, nos meus shows, estão todos autorizados a filmarem e fotografarem à vontade. Conheço até algumas pessoas que filmam com sofisticação e são verdadeiros documentaristas. Nesse caso, com apuro e bom propósito, eu acho positiva tal ação, pois mal chego em casa e na madrugada pós-show, já vejo fotos e filmagens na internet, sem dúvida um apoio importante para o trabalho. E você ? O que pensa sobre isso ?

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Ciclistas x Bicicleteiros.

Ciclistas x Bicicleteiros, texto de Luiz Domingues. Sei que já abordei esse tema anteriormente e particularmente não gosto de voltar ao mesmo assunto nas minhas matérias, privilegiando sempre temas novos. Todavia, sou obrigado a voltar neste assunto, pois está ficando muito mais perigosa a vida do mais desprestigiado elemento dentro do universo do trânsito: o pedestre... A mídia já vem há meses enaltecendo a bicicleta como a alternativa mais festejada para combater o caos no trânsito. Não tenho nada contra a bicicleta, e certamente que reconheço a sua viabilidade no processo, embora ainda ache que não seja o principal agente a ser incentivado. Ou seja, acredito que a solução para uma melhora significativa, passa por um conjunto de ações integradas. É bastante ingênuo, a meu ver, achar que incentivar só o uso de bicicletas, resolverá o problema do trânsito. Eu prefiro pensar que a bicicleta só funcionará adequadamente em paralelo com investimentos pesados na ampliação do Metrô, trens de subúrbio, corredores expressos para ônibus, subsídios para os taxis terem uma tarifa mais razoável e incentivo à criação de empregos para pessoas que morem no mesmo bairro, evitando assim que se desloquem de forma insana, diariamente. Posto isso, é claro que acho um absurdo o perigo que os ciclistas passam com a selvageria do trânsito. Como não se revoltar com o caso da moça barbaramente assassinada no Rio de Janeiro, ou o rapaz que teve um braço decepado por um playboy arrogante em São Paulo, e que além de não socorrê-lo, teve a crueldade de jogar o braço do rapaz num córrego, Kms distante do acidente (e o braço poderia ser enxertado, segundo os médicos...) ? A mídia bate firme nessas tragédias e enaltece a "causa" dos ciclistas, sem levar em conta o incrível contraponto que eu não vejo ninguém citar... Responda-me sem pensar : Quem tem a estrutura mais frágil dentro do trânsito ? Pois é...o ser humano e seu corpinho de carne e ossos, só tem a calçada para se locomover e ter um mínimo de segurança dentro desse esquema selvagem. Contudo, ignorando o fato de que a bicicleta é um veículo como outro qualquer e portanto a sua condução adequada requer respeito às Leis do trânsito, ciclistas, ou melhor, "bicicleteiros" irresponsáveis, trafegam pelas calçadas em alta velocidade, tirando "finas" das pessoas, o tempo todo. Está cada vez mais difícil atravessar uma rua, pois esses energúmenos simplesmente não obedecem o sinal vermelho dos semáforos, ignoram a faixa de segurança, trafegam na contramão, dobram esquinas sobre as calçadas em alta velocidade, enfim... Não vejo na mídia ou nas redes sociais ninguém condenando tal selvageria, pelo contrário, a bicicleta é a bola da vez e os ciclistas gozam do "hype" midiático, que os enaltece, glamouriza, torna-os "cool". Nas ruas, os atropelamentos são constantes, as brigas perpetradas por jovens impetuosos e arrogantes contra idosos, viraram rotina, porque além de cometerem tal arbitrariedade, arvoram-se de estarem "certos" e consideram os pedestres como empecilhos ás suas manobras radicais pelas calçadas... Não tem um dia que não flagro uma barbaridade dessas pelas ruas do meu bairro. Se eu me sinto inseguro andando pelas calçadas, o que dizer dos idosos, deficientes físicos, crianças, bebês em carrinhos e gestantes ? Está cada dia mais difícil ser pedestre. A bicicleta parece ter mais valor que o ser humano...será esse o conceito de ecologia sustentável que pretende nos dar mais "qualidade de vida" ? Socorro !! Prefiro morrer asfixiado pela poluição a ser atropelado por esses moleques irresponsáveis ! É preciso disciplinar o uso de tal veículo, urgentemente. Não falo sobre criação de Leis, pois os direitos e deveres dos ciclistas estão muito claros no Código Brasileiro de Trânsito. Falo sobre uma campanha de educação maciça, com o apoio da mídia. E está mais do que na hora da mídia acordar para essa realidade e parar de empurrar a sujeira para debaixo do tapete. No afã de glorificar o ciclismo, estão ignorando os abusos perpetrados pelos maus ciclistas. Acho oportuno que você leia esses tópicos do Código Brasileiro de Trânsito :   Bicicleta na calçada, só com autorização da autoridade de trânsito e sinalização adequada na calçada: Art. 59. Desde que autorizado e devidamente sinalizado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via, será permitida a circulação de bicicletas nos passeios. Calçada é para pedestres, bicicleta só circula nela em casos excepcionais: PASSEIO – parte da calçada ou da pista de rolamento, neste último caso, separada por pintura ou elemento físico separador, livre de interferências, destinada à circulação exclusiva de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas. Quer passar pela calçada ou atravessar com a bike na faixa? O CTB manda desmontar: Art. 68. É assegurada ao pedestre a utilização dos passeios (…) § 1º O ciclista desmontado empurrando a bicicleta equipara-se ao pedestre em direitos e deveres.   Acrescento que bicicleta tem que parar no semáforo vermelho, sim senhor ! O pedestre tem o direito de atravessar a via em segurança e não ser ameaçado por um atropelamento !!   Espero que os verdadeiros ciclistas me entendam e se solidarizem com esta matéria. Fora da bike, você é um ser humano também e da mesma maneira que teme a selvageria dos veículos motorizados nas ruas, pense que andar sobre a calçada é uma barbaridade igual ou pior, em relação ao pedestre.   E o apêlo óbvio : Ninguém nasce de geração espontânea, portanto, sua querida mãezinha; seu adorável vovô velhinho e frágil; aquele seu amigo deficiente físico; ou sua esposinha grávida, são pedestres, também. E você não aceitaria que um moleque irresponsável viesse voando sobre a calçada com uma bike, arriscando a integridade física desses seus entes queridos, não é ?

terça-feira, 9 de abril de 2013

Escuridão Vergonhosa.

Escuridão Vergonhosa, texto de Luiz Domingues.   Sabemos que um dos fatores básicos da cidadania, é a iluminação pública de qualidade. Fator primordial de segurança, uma boa iluminação inibe as ações de criminosos; propicia melhor orientação no trânsito; auxilia pessoas a buscarem endereços com clareza e dá aspecto de ordem à urbe. Num país de dimensões continentais como é o Brasil, considerando o potencial energético natural, via hidroelétricas ou pela captação por fontes mais modernas e ecológicas, tais como energia solar e eólica, é inadmissível que hajam "apagões" por via de regra. Fora esses Black-outs, é notória a precariedade do serviço de iluminação pública adequada nas cidades brasileiras. Se olharmos o mapa mundi noturno pelo Google, verificamos que nos Estados Unidos, a visão noturna vista do espaço, mostra um país quase completamente inteiro iluminado, com um brilho incrível. Na Europa, o mesmo fenômeno ocorre nos países do oeste, com diferença significativa em relação aos países do leste. Na Ásia, o Japão impressiona pelo brilho intenso enquanto China e Coréia do Sul começam a ter o mesmo padrão, diferenciando-se de outros países mais pobres. No Oriente Médio, dá para ver um ponto de luz mais forte, onde supõe-se ser Dubai e outros , demonstrando outras cidades ricas, fora Israel , naturalmente. Na Oceania, a Austrália destaca-se, certamente. Na África, e nas Américas Central e do Sul, infelizmente o panorama é inverso. São pequenos pontos de luz, em meio às trevas quase predominantes... No caso específico do Brasil, somente São Paulo e Rio de Janeiro apresentam manchas iluminadas significativas. Em segunda instância, vê-se claramente as principais capitais estaduais, mas bem mais apagadas e no continente, só Buenos Aires tem aspecto semelhante, fora a Cidade do México (embora na América do Norte), e vizinha do super iluminado Estados Unidos da América. São Paulo é considerada uma das maiores manchas de luz do planeta, mais pelo seu tamanho descomunal, fazendo com que essa extensão territorial urbana imensa, gere luz suficiente para ser vista do espaço. Contudo, fora os bairros nobres e as grandes avenidas que os servem, a iluminação paulistana deixa muito a desejar. Se na Av. Paulista, verifica-se iluminação de primeiro mundo e isso ocorra em outras avenidas tais como a Rebouças, Faria Lima, Luiz Carlos Berrini e outras poucas, na periferia, a situação é muito diferente, com absoluta precariedade. O mesmo ocorre no Rio, com poucas vias realmente iluminadas, como deve ser, relegando os bairros suburbanos, à escuridão. Infelizmente, o mesmo padrão segue nas outras capitais e cidades interioranas de grande, médio e pequeno porte. Descaso, má vontade política, corrupção...bem, estamos cansados de saber as razões. Tornar esse serviço público essencial, padronizado, é viável, técnicamente falando. Colocar toda a fiação no subterrâneo, é caro, mas o custo-benefício dessa operação vale a pena, na ponta do lápis. Trocar as velhas lâmpadas de vapor de mercúrio, pelas de sódio ou mesmo de vapor metálico, em toda a parte e não só nos bairros nobres, se faz mister. Um serviço rápido de manutenção, não deixando pontos escuros por mais de um dia, quando danificadas, é obviamente um direito do cidadão e obrigação do estado. O uso de baterias nos semáforos, evitando o caos no trânsito em momentos de interrupção de energia, é uma medida óbvia. Enfim, investir em iluminação pública de alto padrão, é muito importante para o crescimento da qualidade de vida do cidadão. Está na hora dos senhores prefeitos (iluminação pública é atribuição municipal, portanto, cobre de seu prefeito !), mudarem seu discurso carcomido e apresentarem metas nesse setor. E também não adianta ficar com raiva dos argentinos, quando ironizam nossas cidades, apelidando-as de "boites", de tão escuras que são, pois eles falam mal com razão, infelizmente...

sábado, 30 de março de 2013

Paul Robeson, um Homem Notável, Todavia Esquecido.

Paul Robeson, um Homem Notável, Todavia Esquecido   Texto de Luiz Domingues. Não resta dúvida de que na cultura norte-americana dos anos cinquenta e sessenta, surgiram grandes ícones negros, principalmente nos esportes e nas artes. Para que houvesse um Cassius Clay, muitos pugilistas brilharam antes e na mesma proporção, quando talentos dramatúrgicos como Harry Belafonte e Sidney Poitier explodiram nas telas de cinema, certamente foi fundamental que houvesse existido antes, Paul Robeson. Quem ? Pois é, se nem na América, onde a cultura popular costuma preservar seus ídolos, ele é muito lembrado, imagine se no Brasil alguém ouviu falar desse cidadão ? Quem foi Paul Robeson , afinal de contas ? Nascido em 1898, Paul LeRoy Bustill Robeson era descendente de Igbos, uma tribo nigeriana. Sim, seus antepassados chegaram na América como escravos. Seu pai, era um pastor presbiteriano e sua mãe falecera quando ele tinha apenas seis anos de idade. Contrariando o script social de extremo segregacionismo desses primeiros anos de século XX, Paul conseguiu concluir seu estudos da High Scholl (o ensino médio, no padrão americano) e foi aceito numa grande universidade, sendo registrado como o terceiro negro na história a frequentar e concluir um curso universitário. Formou-se advogado pela Universidade de Columbia, uma das maiores universidades americanas e do mundo. Paralelamente, destacava-se também nos esportes e rapidamente tornou-se o destaque do time de futebol americano da Universidade. Esse destaque foi tão grande que após formado, tornou-se um jogador de futebol americano profissional, disputando a principal liga do país, e com o destaque de ser um grande craque nesse esporte. Jogou nas equipes do Akron Pros e Milwaukee Badgers. Não satisfeito em ser craque no futebol americano profissional, também jogou basquete e foi técnico desse esporte... Mas havia também a verve artística dentro dele... Cantor, ator e escritor de enorme talento nas três atividades, Paul Robeson destacou-se por ser um ator extraordinário que rapidamente saltou das montagens amadoras para os palcos da Broadway. Atuando em diversas montagens, chamou a atenção a sua interpretação de Otelo, de Shakespeare. Com atuação muito elogiada, foi parar na Inglaterra onde impressionou nos palcos de Londres, interpretando Shakespeare para o público da terra desse autor genial. E logo a sua voz extraordinária foi explorada e atuando em montagens musicais, seu potencial vocal foi exaltado. Com voz de barítono, afinação perfeita e emissão estrondosa, Paul Robeson brilhou em musicais como por exemlpo, Porgy e Bess, de Ira Gershwin. Não demorou e o cinema o convocou, primeiramente atuando em "O Imperador Jones", onde gerou muita polêmica o fato de seu personagem matar um homem branco na história. Já em "Magnolia - Barco das Ilusões", uma adaptação do musical encenado com sucesso nos palcos da Broadway, sua interpretação visceral do clássico do Blues, "Old Man River", arrebatou multidões nas salas de cinema. Voltando à Inglaterra, viveu por lá alguns anos e protagonizou mais de 10 filmes de produção britânica. Voltando aos Estados Unidos, aproveitando sua fama como artista e ex-atleta bem sucedido, percebeu que poderia ser mais incisivo ao expressar suas opiniões políticas e protestar contra o vergonhoso segregacionismo contra os negros na sociedade. Contudo, num ambiente de final de anos quarenta e início dos cinquenta, ainda não havia nenhum indício de que as coisas mudariam no país, trazendo o fim de tais diferenças sociais, tornando igualitários os direitos civis para as pessoas negras. Concomitantemente, foi nessa época que floresceu o famigerado "Macartismo", liderado pelo reacionário e arbitrário senador Joseph McCarthy. Com métodos inspirados certamente em seus ídolos do Tribunal da Inquisição e da SS Nazista, McCarthy passava por cima ds direitos civis, ignorando a constituição e dessa forma, exercendo toda a pressão para forjar falsas confissões e afins. Perseguindo artistas e intelectuais, principalmente, McCarthy viu em Paul Robeson, um prato suculento para a sua voracidade brutal. Homem negro, artista e intelectualizado, culto e cultuado, falando em direitos iguais entre brancos e negros, virou um dos alvos de sua particular caça às bruxas. Bastante atacado e perseguido, Paul Robeson viu sua carreira declinar, graças à perseguição e num momento onde a carreira musical havia virado o carro chefe de suas atividades, emendando sucessos e grande vendagem de discos. Contudo, só em 1958 pode retomar sua carreira, livrando-se da perseguição do reacionário Mccarthy, mas nessa altura, havia perdido terreno artístico e já estava em fase de debilidade devido à problemas de saúde. Sua última aparição pública ocorreu em 1965 e nos seus últimos tempos, preferiu aposentar-se, vindo a falecer em 1976. Paul Robeson foi um artista de uma versatilidade incrível; atleta profissional de alto nível; um advogado culto e um ativista político de muita coragem, numa época onde defender ideais de igualdade, era muito perigoso na América. Abriu caminho para que muitos outros talentos pudessem brilhar depois dele e caiu num inacreditável esquecimento, descabido a meu ver.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Mente Humana Sem Limites.

Mente Humana Sem Limites, texto de Luiz Domingues. Há muito tempo a ciência vem empreendendo estudos sobre o funcionamento da mente humana. Seja nos aspectos cerebrais e neurológicos, seja através do campo da paranormalidade, o fato é que avanços significativos são alcançados nas mais diversas pesquisas em curso, em inúmeras universidades importantes do mundo. Não faz muito tempo, a USP, Universidade de São Paulo, anunciou avanços significativos no campo da comunicação telepática, envolvendo macacos. Uma experiência incrível nesse sentido, foi feita em conjunto com uma universidade chinesa. Mais recentemente, a Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, anunciou avanços nessa área, com a possibilidade de revolucionar o uso de próteses para pessoas com dificuldades de locomoção e manipulação de objetos pelo uso dos membros superiores. Usando a força do pensamento, uma mulher tetraplégica conseguiu comandar braços mecânicos, desenvolvendo uma série de tarefas manuais, com um aproveitamento espetacular. Segundo os resultados de tal pesquisa, a mulher conseguiu usar seus braços mecânicos com a desenvoltura de membros naturais, com articulações perfeitas, mexendo braços, punhos e dedos e dessa forma, podendo agarrar e manipular diversos objetos. Para que tal ação se concretizasse, os neurocientistas realizaram uma cirurgia para a implantação de eletrodos, conectados ao córtex. Após essa fase cirúrgica, houve um período de treinamento de 13 semanas, mas segundo os cientistas, após dois dias apenas, a voluntária já conseguiu movimentar o braço mecânico. Outra incrível constatação, deu-se quando perceberam que o braço mecânico não precisava estar acoplado ao corpo da voluntária, necessáriamente. Mesmo à distância, a voluntária conseguia dar comandos mentais e o braço mecânico obedecê-la prontamente. O grande diferencial, segundo os cientistas, se deve ao fato de se usar o algoritmo de um computador tradicional, mas mimetizando-o ao padrão cerebral humano. Essa pesquisa revoluciona a questão do uso de próteses muito eficientemente para as pessoas com dificuldades motoras, sem dúvida, mas os cientistas querem mais e agora estão buscando meios dessas próteses terem a sensibilidade ao calor e frio, aproximando-os ao máximo da natureza humana. Enquanto as pesquisas com células-tronco ainda sofrem com a burocracia e os preconceitos de pessoas comprometidas com paradigmas pseudo-éticos, ao menos nesse campo das próteses, avança, dando esperança de dias melhores para as pessoas que necessitam desse tipo de apoio. E comemoramos sobretudo esse tipo de progresso no estudo da potencialidade mental do ser humano, pois sabemos que esse potencial é ilimitado e trata-se de mera questão de tempo para avanços ainda maiores virem à tona, com a comprovação científica de sua realidade.