quarta-feira, 24 de abril de 2013

Ciclistas x Bicicleteiros.

Ciclistas x Bicicleteiros, texto de Luiz Domingues. Sei que já abordei esse tema anteriormente e particularmente não gosto de voltar ao mesmo assunto nas minhas matérias, privilegiando sempre temas novos. Todavia, sou obrigado a voltar neste assunto, pois está ficando muito mais perigosa a vida do mais desprestigiado elemento dentro do universo do trânsito: o pedestre... A mídia já vem há meses enaltecendo a bicicleta como a alternativa mais festejada para combater o caos no trânsito. Não tenho nada contra a bicicleta, e certamente que reconheço a sua viabilidade no processo, embora ainda ache que não seja o principal agente a ser incentivado. Ou seja, acredito que a solução para uma melhora significativa, passa por um conjunto de ações integradas. É bastante ingênuo, a meu ver, achar que incentivar só o uso de bicicletas, resolverá o problema do trânsito. Eu prefiro pensar que a bicicleta só funcionará adequadamente em paralelo com investimentos pesados na ampliação do Metrô, trens de subúrbio, corredores expressos para ônibus, subsídios para os taxis terem uma tarifa mais razoável e incentivo à criação de empregos para pessoas que morem no mesmo bairro, evitando assim que se desloquem de forma insana, diariamente. Posto isso, é claro que acho um absurdo o perigo que os ciclistas passam com a selvageria do trânsito. Como não se revoltar com o caso da moça barbaramente assassinada no Rio de Janeiro, ou o rapaz que teve um braço decepado por um playboy arrogante em São Paulo, e que além de não socorrê-lo, teve a crueldade de jogar o braço do rapaz num córrego, Kms distante do acidente (e o braço poderia ser enxertado, segundo os médicos...) ? A mídia bate firme nessas tragédias e enaltece a "causa" dos ciclistas, sem levar em conta o incrível contraponto que eu não vejo ninguém citar... Responda-me sem pensar : Quem tem a estrutura mais frágil dentro do trânsito ? Pois é...o ser humano e seu corpinho de carne e ossos, só tem a calçada para se locomover e ter um mínimo de segurança dentro desse esquema selvagem. Contudo, ignorando o fato de que a bicicleta é um veículo como outro qualquer e portanto a sua condução adequada requer respeito às Leis do trânsito, ciclistas, ou melhor, "bicicleteiros" irresponsáveis, trafegam pelas calçadas em alta velocidade, tirando "finas" das pessoas, o tempo todo. Está cada vez mais difícil atravessar uma rua, pois esses energúmenos simplesmente não obedecem o sinal vermelho dos semáforos, ignoram a faixa de segurança, trafegam na contramão, dobram esquinas sobre as calçadas em alta velocidade, enfim... Não vejo na mídia ou nas redes sociais ninguém condenando tal selvageria, pelo contrário, a bicicleta é a bola da vez e os ciclistas gozam do "hype" midiático, que os enaltece, glamouriza, torna-os "cool". Nas ruas, os atropelamentos são constantes, as brigas perpetradas por jovens impetuosos e arrogantes contra idosos, viraram rotina, porque além de cometerem tal arbitrariedade, arvoram-se de estarem "certos" e consideram os pedestres como empecilhos ás suas manobras radicais pelas calçadas... Não tem um dia que não flagro uma barbaridade dessas pelas ruas do meu bairro. Se eu me sinto inseguro andando pelas calçadas, o que dizer dos idosos, deficientes físicos, crianças, bebês em carrinhos e gestantes ? Está cada dia mais difícil ser pedestre. A bicicleta parece ter mais valor que o ser humano...será esse o conceito de ecologia sustentável que pretende nos dar mais "qualidade de vida" ? Socorro !! Prefiro morrer asfixiado pela poluição a ser atropelado por esses moleques irresponsáveis ! É preciso disciplinar o uso de tal veículo, urgentemente. Não falo sobre criação de Leis, pois os direitos e deveres dos ciclistas estão muito claros no Código Brasileiro de Trânsito. Falo sobre uma campanha de educação maciça, com o apoio da mídia. E está mais do que na hora da mídia acordar para essa realidade e parar de empurrar a sujeira para debaixo do tapete. No afã de glorificar o ciclismo, estão ignorando os abusos perpetrados pelos maus ciclistas. Acho oportuno que você leia esses tópicos do Código Brasileiro de Trânsito :   Bicicleta na calçada, só com autorização da autoridade de trânsito e sinalização adequada na calçada: Art. 59. Desde que autorizado e devidamente sinalizado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via, será permitida a circulação de bicicletas nos passeios. Calçada é para pedestres, bicicleta só circula nela em casos excepcionais: PASSEIO – parte da calçada ou da pista de rolamento, neste último caso, separada por pintura ou elemento físico separador, livre de interferências, destinada à circulação exclusiva de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas. Quer passar pela calçada ou atravessar com a bike na faixa? O CTB manda desmontar: Art. 68. É assegurada ao pedestre a utilização dos passeios (…) § 1º O ciclista desmontado empurrando a bicicleta equipara-se ao pedestre em direitos e deveres.   Acrescento que bicicleta tem que parar no semáforo vermelho, sim senhor ! O pedestre tem o direito de atravessar a via em segurança e não ser ameaçado por um atropelamento !!   Espero que os verdadeiros ciclistas me entendam e se solidarizem com esta matéria. Fora da bike, você é um ser humano também e da mesma maneira que teme a selvageria dos veículos motorizados nas ruas, pense que andar sobre a calçada é uma barbaridade igual ou pior, em relação ao pedestre.   E o apêlo óbvio : Ninguém nasce de geração espontânea, portanto, sua querida mãezinha; seu adorável vovô velhinho e frágil; aquele seu amigo deficiente físico; ou sua esposinha grávida, são pedestres, também. E você não aceitaria que um moleque irresponsável viesse voando sobre a calçada com uma bike, arriscando a integridade física desses seus entes queridos, não é ?

terça-feira, 9 de abril de 2013

Escuridão Vergonhosa.

Escuridão Vergonhosa, texto de Luiz Domingues.   Sabemos que um dos fatores básicos da cidadania, é a iluminação pública de qualidade. Fator primordial de segurança, uma boa iluminação inibe as ações de criminosos; propicia melhor orientação no trânsito; auxilia pessoas a buscarem endereços com clareza e dá aspecto de ordem à urbe. Num país de dimensões continentais como é o Brasil, considerando o potencial energético natural, via hidroelétricas ou pela captação por fontes mais modernas e ecológicas, tais como energia solar e eólica, é inadmissível que hajam "apagões" por via de regra. Fora esses Black-outs, é notória a precariedade do serviço de iluminação pública adequada nas cidades brasileiras. Se olharmos o mapa mundi noturno pelo Google, verificamos que nos Estados Unidos, a visão noturna vista do espaço, mostra um país quase completamente inteiro iluminado, com um brilho incrível. Na Europa, o mesmo fenômeno ocorre nos países do oeste, com diferença significativa em relação aos países do leste. Na Ásia, o Japão impressiona pelo brilho intenso enquanto China e Coréia do Sul começam a ter o mesmo padrão, diferenciando-se de outros países mais pobres. No Oriente Médio, dá para ver um ponto de luz mais forte, onde supõe-se ser Dubai e outros , demonstrando outras cidades ricas, fora Israel , naturalmente. Na Oceania, a Austrália destaca-se, certamente. Na África, e nas Américas Central e do Sul, infelizmente o panorama é inverso. São pequenos pontos de luz, em meio às trevas quase predominantes... No caso específico do Brasil, somente São Paulo e Rio de Janeiro apresentam manchas iluminadas significativas. Em segunda instância, vê-se claramente as principais capitais estaduais, mas bem mais apagadas e no continente, só Buenos Aires tem aspecto semelhante, fora a Cidade do México (embora na América do Norte), e vizinha do super iluminado Estados Unidos da América. São Paulo é considerada uma das maiores manchas de luz do planeta, mais pelo seu tamanho descomunal, fazendo com que essa extensão territorial urbana imensa, gere luz suficiente para ser vista do espaço. Contudo, fora os bairros nobres e as grandes avenidas que os servem, a iluminação paulistana deixa muito a desejar. Se na Av. Paulista, verifica-se iluminação de primeiro mundo e isso ocorra em outras avenidas tais como a Rebouças, Faria Lima, Luiz Carlos Berrini e outras poucas, na periferia, a situação é muito diferente, com absoluta precariedade. O mesmo ocorre no Rio, com poucas vias realmente iluminadas, como deve ser, relegando os bairros suburbanos, à escuridão. Infelizmente, o mesmo padrão segue nas outras capitais e cidades interioranas de grande, médio e pequeno porte. Descaso, má vontade política, corrupção...bem, estamos cansados de saber as razões. Tornar esse serviço público essencial, padronizado, é viável, técnicamente falando. Colocar toda a fiação no subterrâneo, é caro, mas o custo-benefício dessa operação vale a pena, na ponta do lápis. Trocar as velhas lâmpadas de vapor de mercúrio, pelas de sódio ou mesmo de vapor metálico, em toda a parte e não só nos bairros nobres, se faz mister. Um serviço rápido de manutenção, não deixando pontos escuros por mais de um dia, quando danificadas, é obviamente um direito do cidadão e obrigação do estado. O uso de baterias nos semáforos, evitando o caos no trânsito em momentos de interrupção de energia, é uma medida óbvia. Enfim, investir em iluminação pública de alto padrão, é muito importante para o crescimento da qualidade de vida do cidadão. Está na hora dos senhores prefeitos (iluminação pública é atribuição municipal, portanto, cobre de seu prefeito !), mudarem seu discurso carcomido e apresentarem metas nesse setor. E também não adianta ficar com raiva dos argentinos, quando ironizam nossas cidades, apelidando-as de "boites", de tão escuras que são, pois eles falam mal com razão, infelizmente...