sábado, 26 de maio de 2012

Gol da Especulação Imobiliária F.C.

Gol da Especulação Imobiliária F.C. Texto de Luiz Domingues.   Com a proximidade do início da Copa Mundo no Brasil em 2014, não são apenas as falcatruas envolvendo licitações suspeitas em estádios faraônicos que assombram o bolso do cidadão brasileiro. Verifica-se uma alta absurda nos preços dos imóveis, tanto para locação, quanto vendas. Qual o motivo dessa escalada sem precedentes ? Primeiro devemos levar em conta a ingerência arrogante da FIFA, com seu caderno de encargos, que geralmente atropela a soberania nacional de qualquer país, pisando em suas respectivas constituições. Outro ponto importante, é a questão dos patrocinadores que vem juntos com essa instituição antipática. Com tanto rabo preso, fica difícil imaginar que não hajam manipulações, vide a polêmica em torno da venda de bebidas alcoólicas nos estádios. Sem a menor cerimônia, assistiremos a desmoralização da Lei Seca no Trânsito e também em relação às medidas de segurança no tocante às brigas entre torcedores. Afinal de contas, a FIFA tem como seu braço direito, uma cervejaria americana poderosa... Em relação às obras públicas, inicialmente são atribuidas à rede de serviços e locomoção aos estádios onde se disputarão as partidas, mas a verdade é que causam um estrago ao ambiente social, em detrimento da maquiagem prometida. Grandes áreas são desapropriadas para a criação de avenidas. Num primeiro instante, parece algo que seria positivamente agregado ao espaço urbano, portanto um benefício para a população que ali reside. Contudo, relatos vindos de todas as cidades onde estão sendo feitas obras, dão conta de que as pessoas estão perdendo seus imóveis por preços inaceitáveis e "convidadas" a se virar, com sua própria sorte lançada. Recentemente, uma pessoa ligada ao comitê de organização da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, veio à São Paulo lançar um livro onde faz pesadas denúncias sobre esses fatores e alerta o povo brasileiro sobre o perigo que essa ilusão de Copa do Mundo pode nos proporcionar. Receio que seja tarde demais e o estrago já esteja em curso... Há relatos por exemplo, de que milhares de pessoas pobres foram desalojadas de suas casas no centro da cidade de Cape Town, e colocadas em habitações desumanas, feitas de latão (um inferno no verão e um gêlo no inverno), denominadas "Blikkiesdorp". Nada mais apropriado para entitular, pois parece campo de concentração nazista. Acompanhando todas essas anomalias, temos outro ponto cruel : A especulação imobiliária. Recentes pesquisas deram conta que o efeito "Copa" triplicou os preços dos imóveis no Brasil inteiro. E não importa se você mora numa aprazível cidade interiorana, distante milhares de KMs de uma cidade-sede onde acontecerão os jogos. Aquela casa que você sonhava adquirir para morar com sua família e que valia 50 mil reais, agora vale 150 mil e fim de papo para o monstrengo especulador. Claro, o apetite do monstrinho é insaciável e à medida que 2014 se aproxima, vai subir muito mais. Portanto, por conta de sediarmos jogos como Zambia x Emirados Árabes ou Honduras x Nova Zelândia, esses grandes "clássicos" do futebol mundial, veremos bilhões de reais voarem dos cofres públicos, diversas intervenções urbanas gerando transtôrnos para milhares de pessoas e a especulação imobiliária se tornando de fato, a grande campeã mundial do oportunismo.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Lixo nas Ruas, Reflexo de um Povo.

Lixo nas Ruas, Reflexo de um Povo. Texto de Luiz Domingues. Um dos piores costumes que assolam o Brasil, praticamente desde a sua fundação é a mentalidade inacreditável das pessoas em jogar lixo nas ruas. Sempre que vejo um cidadão se livrar de qualquer objeto que tenha à mão, simplesmente jogando-o sobre a calçada ou na rua, fico me perguntando como pode achar normal uma barbaridade desse porte ? Muitos usam a cômoda desculpa de que o poder público não providencia lixeiras suficientes ou simplesmente não cuida das poucas disponíveis, que estão quase sempre transbordando, imundas e com o lixo excedente espalhado pelo chão. Sim, muitas vezes isso acontece e acrescento o fato de que a varrição das vias públicas deixa muito a desejar, pelas autoridades municipais. Todavia, ainda penso que se o cidadão não encontra uma lixeira próxima para depositar seu lixo, em algum momento vai encontrar uma disponível ou mesmo utilizar esse serviço num estabelecimento comercial ou mesmo carregar até à sua própria residência (por que não ?), dispensando-o no seu lixo doméstico. A desculpa esfarrapada de que um papelzinho de bala, por menor que seja, não está causando um dano ambiental, é inadmissível, claro. No Brasil, é comum jogar de tudo nas ruas. E eu questiono : Essas pessoas que agem dessa forma, fazem o mesmo dentro de suas residências ? A resposta é : Difícilmente, por mais relapsas que sejam, duvido que consigam conviver num ambiente desse nível (claro, existem as excessões, casos patológicos que vemos em reportagens sobre pessoas que acumulam lixo etc). Fora desse patamar de distúrbio sócio-mental, só posso atribuir esse comportamente à absoluta falta de educação. E dentro desse parâmetro, é óbvia a relação de descaso das pessoas com as cidades em que vivem, estabelecendo uma relação antissocial depreciativa da Res publica. O cidadão que adota tal conduta certamente considera a cidade como um território de ninguém, onde se exime de qualquer responsabilidade perante ela, considerando que não faz parte de sua moradia. Ledo engano ! Num país de primeiro mundo, o cidadão aprende desde pequeno que sua cidade é sua casa, como extensão viva do seu Lar e portanto, adquire uma relação de amor, respeito, e zelo para com ela. No início dos anos setenta , houve uma tentativa de campanha educacional nesse sentido. Publicitários criaram o personagem de desenho animado, "Sugismundo". Com peças divertidas na TV e em tiras de quadrinhos, estimulavam as pessoas a mudarem esse paradigma de descaso. Mas como foi efêmera a abordagem, caiu no esquecimento e os brasileiros de uma forma geral continuaram pautando suas vidas por esse patamar de absoluto descaso com a higiene pública. Particularmente sou contra medidas arbitrárias e ditatoriais por parte das autoridades. Mas alguém tem alguma ideia melhor para mudar a mentalidade desse povo, a não ser pelo caminho árduo das proibições, penalizações e outras medidas invasivas e antipáticas ?