sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Buzina, um Tormento a Mais.

    Buzina, um tormento a mais...texto de Luiz Domingues.


Muito se fala sobre o caos dos engarrafamentos gigantescos no trânsito e também sobre o impacto ambiental negativo que a brutal emissão de poluentes causa, inevitavelmente.

Fala-se muito também (e com toda a razão), sobre as questões que envolvem a condução dos veículos, principalmente a absurda quantidade de irresponsáveis que dirigem embriagados, fora os transgressores, que não respeitam as regras básicas do trânsito.

Hoje trago como tema, outro um transtorno pouco citado, mas tão nocivo quanto os demais, que arrolei acima : os excessos cometidos pelo uso equivocado da buzina...

Parece uma piada, se formos considerar como fato isolado, mas a realidade é outra, se levarmos em conta os milhões de neuróticos transitando por aí e fazendo o pior uso possível do instrumento.

Numa rápida constatação, é triste verificar que as pessoas em geral tem a ideia errônea de que a buzina tem a mesma função de uma campainha ou telefone. Para tais pessoas que usam a buzina com essa função, fica a advertência de que estão equivocadas, pois é evidente que a buzina não foi instalada nos automóveis, com essa finalidade.

Pior, é achar que ela tem o poder de intimidação, como se fosse uma palavra de ordem e imposição de uma pessoa sobre a outra, denotando a prepotência de quem se acha poderoso dentro de sua "arma" ambulante.

Existe também o uso pela euforia. Usam a buzina como se fosse a melhor maneira de extravasar momentos de alegrias pessoais. Geralmente associa-se o uso indiscriminado da buzina, para comemorar conquistas esportivas, notadamente de clubes de futebol, e inevitavelmente nos vem o clichê à cabeça : imagine na Copa...

Carreatas de cunho político, religioso e de motivações menos cotadas, também colaboram bastante nessa poluição sonora.

A buzina como instrumento de galanteio, é outra modalidade bastante acessada. Chamar a atenção das mulheres, usando a buzina, é prática comum.

Como instrumento de impaciência, é então uma das maneiras mais comuns de pressionar outros motoristas. O semáforo ainda está na cor amarela e o cidadão colocado atrás, já aperta seu instrumento com saúde, exigindo a arrancada de quem ainda espera o sinal verde.

No período noturno, avançando pela madrugada, a insegurança pública é a desculpa para não se respeitar os semáforos e aí, mesmo que haja perigo de colisão ou atropelamento, você é advertido com bastante veemência, pelos motoristas ao seu redor, para não parar, desrespeitando os sinais.

É o tal negócio : se para, enfrenta a fúria do motorista que acha que você o "atrapalha", mas também corre o risco da abordagem de bandidos. Contudo, muito provavelmente a multa chegará em sua casa pela infração, se houver câmera...
 
A questão da "Lei do Silêncio" é uma regra pouco respeitada. Buzinas usadas sem parcimônia, agressivamente, ou por autênticos idiotas ébrios, ecoam pelas madrugadas, pouco se importando com a perturbação do sono das pessoas e diga-se de passagem, muito pelo contrário, o objetivo é azucrinar, mesmo...

Hospitais, casas de repouso de idosos, clínicas, creches, velório...nada disso importa aos energúmenos de plantão, se resolvem apertar a buzina em seus respectivos volantes.

No texto da Lei, é clara a atribuição da buzina. Basta ler o artigo 41 do Código Brasileiro de Trânsito.

Ela é um item de segurança, que serve para advertir outro motorista ou pedestres, sobre  a iminência de um acidente, ou para anunciar uma ultrapassagem, no caso de um ambiente pouco sinalizado, caso de pequenas estradas vicinais, por exemplo. Somente isso...

E mesmo assim, o uso é recomendado com certa "suavidade", dando toques rápidos e na menor quantidade possível, muito diferente das animalescas buzinadas com o punho apertando o volante com bastante ênfase, como geralmente observamos nas ruas.

Diante de tantas irregularidades, parece que o melhor caminho é o educacional, mas receio que o trabalho só surta efeito a médio-longo prazo, se começarmos a educar as crianças com noções de cidadania, respeito e civilidade, pois quanto aos buzinadores "grandinhos', parece que não tem mais jeito...