Eu (ainda) Tenho um Sonho, texto de Luiz Domingues.
Em
1963, cerca de 250 mil pessoas se acotovelaram em frente ao Memorial
Lincoln, em Washington, D.C., para ouvir um discurso que entraria para a
História.
O pastor Batista, e ativista político, Martin Luther
King Jr. falou com muita propriedade sobre a necessidade premente de se
estabelecer a igualdade racial na América, e dessa forma, com a
conquista dos Direitos Civis plenos, à todos os cidadãos, independente
de sua origem racial.
O discurso "Eu Tenho um Sonho", foi apenas
um ato dessa grande luta, mas ganhou uma dimensão enorme pela
repercussão midiática inédita em torno dessa discussão, e
consequentemente, tornou-se emblemático.
Mas na verdade, a luta
de Martin iniciara-se alguns antes antes, quando liderou um protesto
contra a segregação, na cidade de Montgomery, Alabama.
Em 1955,
uma mulher negra recusara-se a ceder o assento à uma mulher branca,
dentro de um ônibus urbano dessa cidade, e uma revolta eclodiu contra
essa Lei absurda, arcaica e desumana.
Outro fato posterior, e
pertinente, ocorreu em 1957, quando cinco estudantes negros são
impedidos de frequentar as aulas numa escola, em Little Rock, capital do
Arkansas, provocando outra onda de protestos, pró e contra.
Martin
Luther King Jr. teve papel decisivo nesses protestos, levando a Suprema
Corte Americana a revogar tal Lei, tornando proibida a discriminação
racial no transporte público.
Esse era apenas um ponto, faltavam
muitas coisas essenciais na América, para que os Direitos Civis fossem
de fato assegurados para todas as pessoas, e nesse interim, Martin foi
tendo a sua voz cada dia mais amplificada.
Admirador confesso do
lider indiano Mohandas Gandhi (a palavra "Mahatma", geralmente usada
para designá-lo, é na verdade um "título" honorário, e muito respeitoso
na cultura indiana), Martin adotou na sua postura, a não-violência, tal
como o lider indiano.
Em sua visão, sabia que possivelmente
haveriam retaliações violentas por parte de forças racistas,
principalmente nos estados do sul do país, portanto, apesar de doloroso,
se os negros não reagissem, tal postura ganharia a opinião pública, via
mídia.
As reivindicações básicas eram : fim da discriminação
racial na sociedade, direito ao voto, igualdade de condições de trabalho
para os negros, enfim, a igualdade.
Em 1964, uma nova lei foi
promulgada, como adendo à Constituição. Com a nova Lei dos Direitos
Civis, uma grande vitória. No ano seguinte, outra conquista importante, o
direito ao voto, com a nova Lei eleitoral aprovada.
Nesse ano de 1964, Martin ganhou o prêmio Nobel da Paz, tendo sido reconhecidos os seus esforços.
A
partir de 1965, começou a centrar suas baterias contra a Guerra do
Vietnã, quando notou que aquilo nada tinha de patriótico, como o governo
tentava passar essa ideia ao povo, e dessa forma ganhou a simpatia da
juventude branca anti-Vietnã, notadamente os Hippies.
Claro,
amealhou ainda mais antipatia dos oponentes desses ideais, e
convenhamos, em seu bojo, eram os mesmos reacionários pró-segregação...
Em
4 de abril de 1968, preparava-se para liderar mais uma marcha, em
Memphis, no Tennessee, quando foi assassinado nas dependências do hotal
onde se hospedara.
Um sujeito chamado James Earl Ray confessou o
crime, mas anos depois, declarou ter sido usado como bode expiatório.
Bem, fatos assim não eram novidade na América, vide Lee Harvey Oswald...
Lamentamos a perda de um ativista de fibra, e orador brilhante como Martin Luther King Jr., é claro.
Contudo, seu discurso proferido na escadaria do Memorial Lincoln, em 28 de agosto de 1963, tornou-se eterno.
Passados
cinquenta anos dessa manifestação histórica, muitas coisas mudaram para
melhor na América e por extensão, em todo o mundo.
Mas há muita coisa ainda a ser melhorada, portanto, podemos afirmar que "ainda" temos um sonho, de ver um mundo fraternal.
Cabe
a nós colocar em prática, propostas que nos levem à essa harmonia,
seguindo os passos de ativistas pacíficos como Mahatma Gandhi e Martin
Luther King Jr.
"O que ainda falta para termos de fato, uma sociedade equânime, onde todo cidadão tenha seus direitos garantidos, independente da cor de sua pele ?"... E também: cultura, religião, grau de instrução, classe social etc etc
ResponderExcluirEntendi a sua colocação, Lourdes, mas o foco do texto era outro. Não obstante o fato de que tudo o que você arrolou seja vital, a questão da igualdade de direitos, independente da raça, era o foco de MLK.
ExcluirObrigado por ler e comentar !!
Pois é, Luiz
ResponderExcluirDepois de tantos anos, o sonho de Martin Luther King, ainda não se realizou.
Há pouco tempo, um amigo meu, que é negro, com doutorado e pós doutorado, foi discriminado por um porteiro de um prédio, que é branco. Ele foi perguntar sobre o aluguel de um apartamento, e teve que ouvir palavras mal educadas e um "cai fora".
Isso aconteceu 50 anos após o discurso de M. L. King.
Pois, é, Janete !
ExcluirIsso é desanimador, pois aaaasão 50 anos do discurso de MLK, portanto, cinco décadas é um baita tempo para que ainda deixemos a desejar em vários aspectos.
Esse caso que relatou, é inadmissível. Não por ser uma pessoa culta e um acadêmico de alto valor intelectual. Poderia ser uma pessoa simples, e ainda assim, tal tratamento é aviltante.
Temos muito o que melhorar...
Obrigado por ler e comentar !!