quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Eu (ainda) Tenho um Sonho.

    Eu (ainda) Tenho um Sonho, texto de Luiz Domingues.

Em 1963, cerca de 250 mil pessoas se acotovelaram em frente ao Memorial Lincoln, em Washington, D.C., para ouvir um discurso que entraria para a História.

O pastor Batista, e ativista político, Martin Luther King Jr. falou com muita propriedade sobre a necessidade premente de se estabelecer a igualdade racial na América, e dessa forma, com a conquista dos Direitos Civis plenos, à todos os cidadãos, independente de sua origem racial.

O discurso "Eu Tenho um Sonho", foi apenas um ato dessa grande luta, mas ganhou uma dimensão enorme pela repercussão midiática inédita em torno dessa discussão, e consequentemente, tornou-se emblemático.

Mas na verdade, a luta de Martin iniciara-se alguns antes antes, quando liderou um protesto contra a segregação, na cidade de Montgomery, Alabama.

Em 1955, uma mulher negra recusara-se a ceder o assento à uma mulher branca, dentro de um ônibus urbano dessa cidade, e uma revolta eclodiu contra essa Lei absurda, arcaica e desumana.

Outro fato posterior, e pertinente, ocorreu em 1957, quando cinco estudantes negros são impedidos de frequentar as aulas numa escola, em Little Rock, capital do Arkansas, provocando outra onda de protestos, pró e contra.

Martin Luther King Jr. teve papel decisivo nesses protestos, levando a Suprema Corte Americana a revogar tal Lei, tornando proibida  a discriminação racial no transporte público.

Esse era apenas um ponto, faltavam muitas coisas essenciais na América, para que os Direitos Civis fossem de fato assegurados para todas as pessoas, e nesse interim, Martin foi tendo a sua voz cada dia mais amplificada.

Admirador confesso do lider indiano Mohandas Gandhi (a palavra "Mahatma", geralmente usada para designá-lo, é na verdade um "título" honorário, e muito respeitoso na cultura indiana), Martin adotou na sua postura, a não-violência, tal como o lider indiano.

Em sua visão, sabia que possivelmente haveriam retaliações violentas por parte de forças racistas, principalmente nos estados do sul do país, portanto, apesar de doloroso, se os negros não reagissem, tal postura ganharia a opinião pública, via mídia.

As reivindicações básicas eram : fim da discriminação racial na sociedade, direito ao voto, igualdade de condições de trabalho para os negros, enfim, a igualdade.

Em 1964, uma nova lei foi promulgada, como adendo à Constituição. Com a nova Lei dos Direitos Civis, uma grande vitória. No ano seguinte, outra conquista importante, o direito ao voto, com a nova Lei eleitoral aprovada.

Nesse ano de 1964, Martin ganhou o prêmio Nobel da Paz, tendo sido reconhecidos os seus esforços.

A partir de 1965, começou a centrar suas baterias contra a Guerra do Vietnã, quando notou que aquilo nada tinha de patriótico, como o governo tentava passar essa ideia ao povo, e dessa forma ganhou a simpatia da juventude branca anti-Vietnã, notadamente os Hippies.

Claro, amealhou ainda mais antipatia dos oponentes desses ideais, e convenhamos, em seu bojo, eram os mesmos reacionários pró-segregação...

Em 4 de abril de 1968, preparava-se para liderar mais uma marcha, em Memphis, no Tennessee, quando foi assassinado nas dependências do hotal onde se hospedara.

Um sujeito chamado James Earl Ray confessou o crime, mas anos depois, declarou ter sido usado como bode expiatório. Bem, fatos assim não eram novidade na América, vide Lee Harvey Oswald...

Lamentamos a perda de um ativista de fibra, e orador brilhante como Martin Luther King Jr., é claro.

Contudo, seu discurso proferido na escadaria do Memorial Lincoln, em 28 de agosto de 1963, tornou-se eterno.

Passados cinquenta anos dessa manifestação histórica, muitas coisas mudaram para melhor na América e por extensão, em todo o mundo.

Mas há muita coisa ainda a ser melhorada, portanto, podemos afirmar que "ainda" temos um sonho, de ver um mundo fraternal.

Cabe a nós colocar em prática, propostas que nos levem à essa harmonia, seguindo os passos de ativistas pacíficos como Mahatma Gandhi e Martin Luther King Jr. 

4 comentários:

  1. "O que ainda falta para termos de fato, uma sociedade equânime, onde todo cidadão tenha seus direitos garantidos, independente da cor de sua pele ?"... E também: cultura, religião, grau de instrução, classe social etc etc

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    1. Entendi a sua colocação, Lourdes, mas o foco do texto era outro. Não obstante o fato de que tudo o que você arrolou seja vital, a questão da igualdade de direitos, independente da raça, era o foco de MLK.

      Obrigado por ler e comentar !!

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  2. Pois é, Luiz

    Depois de tantos anos, o sonho de Martin Luther King, ainda não se realizou.
    Há pouco tempo, um amigo meu, que é negro, com doutorado e pós doutorado, foi discriminado por um porteiro de um prédio, que é branco. Ele foi perguntar sobre o aluguel de um apartamento, e teve que ouvir palavras mal educadas e um "cai fora".
    Isso aconteceu 50 anos após o discurso de M. L. King.

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    1. Pois, é, Janete !

      Isso é desanimador, pois aaaasão 50 anos do discurso de MLK, portanto, cinco décadas é um baita tempo para que ainda deixemos a desejar em vários aspectos.

      Esse caso que relatou, é inadmissível. Não por ser uma pessoa culta e um acadêmico de alto valor intelectual. Poderia ser uma pessoa simples, e ainda assim, tal tratamento é aviltante.

      Temos muito o que melhorar...

      Obrigado por ler e comentar !!

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