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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Orelhões Revigorados pela Internet.
Orelhões Revigorados pela Internet, texto de Luiz Domingues.
Uma grande ideia já está sendo viabilizada para salvar um ícone urbano das cidades brasileiras.
Já em testes avançados na cidade do Rio de Janeiro, os antigos orelhões, cabines telefônicas típicas do Brasil, poderão ter sobrevida, modernizando-se.
A ideia é que sejam agora postos de acesso à internet wireless, deixando de lado a velha função da telefonia que entrou em franca decadência, com a mega popularização dos telefones celulares.
Claro que ainda tem pessoas que utilizam as velhas e combalidas cabines de telefonia pública, mas numa conta generalizada, esse número de usuários caiu drásticamente nos últimos anos e as operadoras de telefonia só as mantém nas ruas por respeito às decisões governamentais.
Mesmo assim, com uma fonte de prejuízo gigantesco pelo pouco uso e também pelos problemas decorrentes do contumaz vandalismo perpetrado pelo povo brasileiro (lamentável isso...), as operadoras pressionavam o governo para aliviar as sanções e retirar os orelhões das ruas.
Agora, não só ganham sobrevida, como adequam-se aos novos tempos, ganhando outra utilidade.
A ideia seria o usuário comprar um cartão contendo uma senha e determinando um tempo de uso, parecido com o dos cartões telefônicos atuais, netos das velhas fichas de antigamente (a super usada expressão "caiu a ficha" para designar uma lembrança de algum fato ou tomada de posição, veio daí).
Lembrando um pouco a história, os primeiros telefones públicos surgiram no Brasil nos anos vinte do século passado.
Os primeiros foram instalados na cidade de Santos, no litoral paulista.
Em princípio eram instalados em repartições públicas, e a seguir aparecerem em restaurantes, bares, farmácias, padarias etc.
Por incrível que pareça, só no início dos anos setenta, é que as autoridades passaram a instalar cabines nas ruas, como já era comum há décadas nos países europeus e nos Estados Unidos.
A ideia original foi a de instalar cabines semelhantes às de Londres, nas calçadas do São Paulo e do Rio, mas a incrível falta de educação do povo, inviabilizou o projeto, devido às depredações e também pelo uso das cabines para atos obscenos e esconderijo de bandidos.
Dessa forma, por volta de 1972, surgiu a ideia da cabine oval e aberta, criada por uma engenheira sino-brasileira, chamada Chu Ming Silveira, que era funcionária da CTB, a velha Companhia Telefônica Brasileira.
Segundo a criadora, a cabine aberta ocupava menos espaço nas calçadas e por ser aberta, inibia atos de vandalismo ou ações obscuras feitas por pessoas mal intencionadas.
Logo o formato ovalado caiu nas graças do povo e recebeu o apelido de "orelhão", uma alusão ao seu formato e sua função de servir à telefonia.
Em São Paulo, havia também um outro tipo de orelhão, de mesmo formato, porém menor e feito de acrílico cor de abóbora transparente, que era usado em terminais de ônibus e na antiga rodoviária da estação da Luz. Era chamado "orelhinha" e também era outra criação de Chu Ming Silveira.
Mas ela teve problemas com a patente de seu invento, culminando em processo na justiça que levou anos para reconhecer sua invenção e a devida protocolação no INPI.
E um fato curiosíssimo ocorreu que se o dramaturgo Dias Gomes soubesse, renderia uma novela tão surreal como "O Bem Amado" e "Saramandaia", suas geniais criações de realismo fantástico.
Foi o seguinte : Numa declaração da engenheira Chu Ming Silveira publicada num jornal, ela afirmou que "inspirou-se na forma ovalada, por ser um círculo e essa forma era perfeita".
Uma juíza indignou-se com tal declaração e processou Chu Ming Silveira, afirmando que só Deus era perfeito.
Nos autos, questionava-se se a engenheira com tal pensamento teria tido a ousadia de querer ter "inventado" Deus, entre outras asneiras.
E como suposto argumento "sério", alegava que os orelhões seriam máquinas de engolir fichas, lesando os consumidores.
Pasmem, tamanha discussão durou 20 longos anos nos tribunais, entrando para o rol do folclore jurídico brasileiro.
Mesmo sendo duramente maltratado pelos vândalos, os orelhões salvaram vidas, chamando ambulâncias, bombeiros e polícia nas situações de emergência.
Ajudaram milhões de pessoas nas mais diversas situações e agora ganham a sobrevida pós-massificação dos celulares.
E fora a nova função como ponto de inclusão digital, os orelhões ganharam recentemente o caráter de tornarem-se verdadeiras instalações de artes plásticas.
Aqui em São Paulo e já espalhando-se por diversas outras cidades, os orelhões tornaram-se atrativo para turistas, graças às intervenções criativas de diversos artistas plásticos.
É muito comum ver turistas filmando-os e fotografando-os devido à essa repaginação criativa, que os tornou objetos de arte.
E que assim permaneçam, como simpáticos e úteis equipamentos urbanos.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
Energia Eólica, Outra Alternativa.
Energia Eólica, Outra Alternativa, texto de Luiz Domingues.
A mitologia grega é uma das mais ricas, sem dúvida alguma, por trazer no seu bojo, todas as explicações da cosmogênese que a rica imaginação de seu povo pôde conceber.
E nessa disposição, o seu panteismo explicava a ação dos ventos, como a vontade de um Deus específico dessa manifestação da natureza, que era conhecido pelo nome de Éolo.
Entendida a morfologia da palavra, sabemos que a energia eólica é uma das mais importantes neste momento no planeta, por todas as razões ambientalistas que nem cabem mais serem repetidas.
E não se trata de nada moderno que tenha surgido graças aos avanços da tecnologia, como muitos podem pensar.
Basta pensar que a impulsão mediante velas, é usada desde a antiguidade, nas navegações.
E no campo da agricultura, os moinhos de vento fazem esse trabalho com eficácia e economia, desde a Idade Média, certamente.
No mundo moderno, o princípio dos moinhos continua valendo e os campos eólicos trabalham nesse sentido, gerando energia elétrica limpa, de alta ou baixa tensão.
O Brasil vem empreendendo esforços de ampliação desse tipo de geração de energia, contudo, ainda tímidamente. Em 2008, por exemplo, produziu 341 MGW.
Vem aumentando o desempenho ano a ano, mas ainda aquém de seu potencial, com a geografia privilegiada que possui.
Para se ter uma ideia, o consumo interno de energia elétrica do país, beira a casa dos 70 gigawatts.
A China é atualmente o país que mais investe nesse tipo de geração de energia, seguido da Alemanha. Dinamarca e Portugal também vem crescendo nesse setor.
Mesmo ainda insuficiente, a produção brasileira responde por mais da metade da soma de nossos vizinhos sulamericanos, que apresentam resultado insignificante nesse sentido.
Está construído o complexo de Caetité, no interior da Bahia, que será o maior da América Latina. Contudo, por questões burocráticas de editais e quetais, está parada neste instante, sem gerar energia nem para alimentar um liquidificador doméstico, em busca de uma vitamina matinal...
Já falei sobre o monstro burocrático e o quanto ele nos atrasa, mas parece que as autoridades não pensam como nós, pobres mortais...
Segundo o governo federal, a usina deverá começar a produzir em julho de 2013 e assim esperamos que se cumpra.
E acreditando nessa perspectiva, uma fábrica de componentes para usinas eólicas, funciona a todo vapor em Pernambuco. Tomara que arrebentem de tanto trabalhar e lucrar, alimentando outras tantas usinas espalhadas por todo o país.
E outra alternativa muito interessante está em curso, prometendo gerar energia limpa e barata, igualmente.
Trata-se do uso da força das ondas do mar, como impulso para gerar energia.
Ainda em caráter experimental, esse tipo de geração de energia está instalado no porto de Pecém, a 60 KM de Fortaleza, no Ceará.
Em princípio, essa mini usina alimentará de energia o porto e as residências de 60 famílias de funcionários que lá trabalham. Mas os engenheiros estão muito otimistas em relação ao sucesso desse tipo de geração de energia, abrindo possibilidade para a larga escala, num futuro não muito distante.
E convenhamos, com 8 milhões de KM quadrados, o Brasil tem um potencial inacreditável para tal perspectiva de geração de energia limpa.
O que não falta aqui é solo, vento e costa marítima com ondas abundantes.
E voltando à mitologia grega, como poderíamos nos referir à essa energia gerada pelas ondas do mar ?
Talvez "poseidônica", em referência ao Deus dos mares, Poseidon ?
Irrelevante questão...o importante é que funcione, sendo barata e limpa para o ecossistema.
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Chip nos Carros : George Orwell Tinha razão ?
Texto de Luiz Domingues.
Chip nos Carros : George Orwell Tinha razão ?
Em 1948, o escritor George Orwell lançou um impressionante livro denominado "1984", onde num exercício futurista mezzo Sci-Fi, mezzo sócio-política extremista, imaginou uma sociedade completamente dominada por um poder central e abolutamente controlador, vigiando de forma implacável todos os cidadãos.
Era o olho controlador do "Big Brother", que reduzia a privacidade à zero, tornando as pessoas escravizadas por um sistema opressor.
Claro, metáfora de sistemas políticos totalitários, onde o ser humano seria reduzido à uma mera peça de uma engrenagem.
O livro teve sucesso retumbante, abrindo caminho para muitas teses, tratados acadêmicos, filmes, peças teatrais etc. E infelizmente também para distorções, como a criação de um ridículo "reality show" de TV, banalizando o conceito original da obra de Orwell.
Partindo para o campo realista das realizações oficiais, estamos prestes a nos depararmos com mais uma velada forma de controle, inibindo a nossa cada vez menor privacidade.
Segundo uma nova resolução, já aprovada e confirmada para entrar em vigor a partir de julho de 2013, todos os carros zero KM deverão sair com um sistema de monitoramento mediante chip e até 2014, todos os carros usados deverão se adequar à nova norma.
Sem dúvida que existe toda uma justificativa por parte das autoridades para que tal medida ser aprovada.
A ideia é aumentar o grau de segurança para os proprietários no tocante à questão de furtos e roubos.
A reboque, seria uma maneira de ajudar a inteligência policial também, pois seria um controle interessante para detectar a ação de criminosos.
Claro, que cidadão de bem não concorda com esse tipo de dispositivo de forte efeito colaborativo ?
Só que existem outras implicações que são invasivas e opressivas, também.
Mediante os chips, os orgãos responsáveis pelo trânsito, teriam o controle absoluto sobre as condições de cada carro.
É lógico que com esse tipo de dispositivo, irregularidades na documentação dos veículos e infrações cometidas, ficariam expostas de maneira irrefutável, dispensando até a existência dos agentes de trânsito e seus indefectíveis bloquinhos de multas, pelas esquinas.
Até aí, o cidadão de bem que respeita as leis do trânsito e mantém seus tributos em dia, nada tem a temer, contudo, a pergunta é : Até que ponto é ético ter esse tipo de monitoramento ?
Não é assustador ser vigiado o tempo todo ? Que garantias o cidadão terá de que esses dados estarão seguros e serão exclusivamente usados de forma técnica, visando apenas a segurança no trânsito e no resguardo do patrimônio, num esforço anti-criminalidade ?
Saber onde vou, quanto tempo fico em cada lugar, onde estaciono, por quais vias circulo...
Será que é por aí que a sociedade deve caminhar ?
terça-feira, 6 de novembro de 2012
O Legado Bom de Schwarzenegger.
O Legado Bom de Schwarzenegger.
Texto de Luiz Domingues.
Quem não conhece Arnold Schwarzenegger ?
O truculento ator de tantos filmes de ação, ex-fisiculturista e com carreira também na política, tem um séquito de fãs ardorosos e também muitos detratores.
Como ator, seu desempenho faz o nariz de um crítico mais sensível torcer de forma negativa, mas também faz com que os produtores do cinema Blockbuster de entretenimento de massa, esfreguem as mãos de euforia diante dos lucros colossais que seus filmes proporcionam.
Há de se destacar que ele tem senso de humor e brincando com sua fama de ator canastrão, também protagonizou comédias absurdas, rindo de si próprio ao ridicularizar seu porte físico exposto à situações antagônicas à natureza, como por exemplo ficar "grávido", ou ter um irmão gêmeo anão e até ir parar numa escola de educação infantil e ser atormentado por crianças pequenas.
Mas o que causou mais espanto, foi quando enveredou pela política e num salto astronômico que só pensávamos existir no Brasil, tornou-se governador do mais rico estado americano, a Califórnia.
Equivaleria dizer que um belo dia, acordássemos com a notícia que o Tiririca se tornou governador de São Paulo, o que aliás, pensando bem no comportamento padrão do eleitor brasileiro, não seria tão surpreendente assim...
Em princípio, o governador Arnold Schwarzenegger iniciou seu mandato com medidas truculentas, bem ao estilo de seus personagens clássicos do cinema, o que lhe rendeu o apelido de "Governator", um trocadilho que brincava com um de seus personagens mais famosos, o andróide assassino do filme "Terminator".
Republicano de carteirinha (apesar de ser casado na época com uma fervorosa democrata e sobrinha do ex-presidente John F. Kennedy), Schwarzenegger gostava de fazer comícios empunhando uma vassoura (será que o Conan conheceu Janio Quadros ??), onde dizia estar varrendo os democratas da Califórnia...
Brincadeiras à parte (com a ressalva de que a estória da vassoura é verdadeira), o musculoso governador fez uma ação digna de aplausos e que não beneficiará apenas o estado da Califórnia, mas certamente todo o planeta.
No ano de 2004, o "governator" lançou um plebiscito popular, visando a aprovação de uma verba estadual bilionária a ser gasta com pesquisas das células-tronco.
O montante foi de 3 bilhões de dólares e convenhamos, é muito dinheiro até para os padrões de um país de primeiro mundo.
O povo respondeu favorável à ideia e dessa forma, foi criado na Califórnia , o CIRM (California Institute for Regenerative Medicine).
Em recente visita à São Paulo, o presidente do CIRM, Dr. Alan Trouston discursou no Congresso Brasileiro de Células-tronco e Terapia Celular, trazendo perspectivas fantásticas das pesquisas realizadas.
Segundo o Dr. Trouston, o CIRM já está em fase de testes clínicos realizados em seres humanos, avançando decisivamente para resultados positivos em termos de cura de doenças degenerativas, autoimunes, genéticas, Aids e cegueira.
Segundo suas palavras : "O que está por vir, é fantástico !"
Um dos objetivos do Dr. Trouston em São Paulo, foi convidar cientistas brasileiros a compartilhar suas pesquisas e decobertas com o CIRM, meta que tem buscado em diversos outros países do mundo.
Portanto, estamos diante de um momento histórico para a humanidade, onde o avanço científico da medicina será extraordinário.
Mais que Conan, Terminator e tantos outros personagens de ação que imortalizou no cinema, Arnold Schwarzenegger nos deixa um legado inesquecível, com essa iniciativa humanitária sem precedentes.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Talidomida, o Tardio Pedido de Desculpas.
Talidomida, o Tardio Pedido de Desculpas
Texto de Luiz Domingues.
Foi na metade dos anos cinquenta que um medicamento chegou às prateleiras das drogarias, prometendo uma revolução nos costumeiros desconfôrtos que as mulheres sentem durante o período da gravidez.
Inicialmente arrolado como um sedativo e hipnótico, logo tornou-se a panacéia para eliminar os desagradáveis enjôos matinais das mulheres grávidas.
Há de se considerar que naquela época, o processo dos testes prévios eram bem menos rigorosos em se comparando aos atuais padrões, mas mesmo assim, no caso da Talidomida, o fato é que os testes falharam e muito, pois não chegaram perto de cogitar os males congênitos que o medicamento causaria em milhares de pessoas.
E foi assim que no final dos anos 1950, começaram a pipocar casos de crianças nascidas com graves problemas físicos, notadamente a ausência ou má formação de membros, braços e pernas principalmente (Dismelia) e também com possibilidades de deformações no aparelho genital, olhos, boca e aparelho digestivo/intestinal.
Isso tornou-se epidêmico e já em 1962, haviam registrados mais de 10 mil casos em 46 países.
Rapidamente a imprensa cunhou a expressão "Bebês da Talidomida" para designar essas crianças prejudicadas severamente pelo medicamento.
E nessa época, o remédio foi proibido em todos os países por suas respectivas agências reguladoras de saúde pública, ministérios de saúde etc etc.
Vieram as ações judiciais, naturalmente. Brigas intermináveis ocorreram nos tribunais desses países afetados e milhões de dólares foram pagos em indenizações pelo laboratório responsável, Grünenthal e por laboratórios associados em diversos países, que se responsabilizaram por sua industrialização e distribuição locais.
Associações de vítimas foram criadas em diversos países e nem preciso descrever o tormento que essa tragédia produziu nessas pessoas afetadas diretamente e também em suas respectivas famílias.
Agora em 2012, mais de cinquenta anos depois, o laboratório Grünenthal finalmente pronunciou-se de forma oficial e pediu desculpas pelas décadas de silêncio sobre o assunto.
Esse pedido de desculpas oficial foi feito durante uma solenidade onde uma estátua de uma criança vítima da Talidomida foi inaugurada em Stolberg, cidade da Alemanha onde a Grünenthal tem sua sede.
A Associação Brasileira de Portadores da Síndrome da Talidomida criticou duramente esse evento, através de nota em seu site oficial onde disse que o pedido de desculpas veio com incrível demora (verdade...) e o dinheiro gasto para produzir a tal escultura em Stolberg ( cotada em 5 mil Euros), seria muito melhor gasto se fosse distribuido às vítimas.
Apesar de tudo, a Talidomida enquanto substância, hoje em dia serve de base para testes, onde cientistas descobriram que tem eficácia para combater a Hanseníase e a Aids.
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Ofensa Inadmissível.
Ofensa Inadmissível,texto de Luiz Domingues.
O Oriente médio já passava por uma fase turbulenta pela epidêmica "primavera árabe", com diversas ditaduras sendo destituídas de poder.
Como se não bastasse toda a tensão desses eventos e a permanente animosidade em relação à Israel e a causa Palestina (com Ahmadinejad sempre com um dedo em riste e outro no botão de uma bomba), eis que surge um fato novo para atear fogo num depósito de pólvora.
O filme que gerou protestos veementes entre os muçulmanos, chamado " A Inocência dos Muçulmanos" ("Innocence of Muslims"), foi esse fator agravante.
Para início de conversa, o filme é técnicamente horroroso. Produção classe "Z", não serve nem para o circuito trash do off do off.
Em segunda análise, o produtor/diretor dessa obra, agiu de má fé com os atores, pois na edição final, os nomes dos personagens e diálogos foram adulterados de forma a apresentar-se de uma maneira totalmente diferente do que os atores acharam que seria. Muitos inclusive, entraram com processo na justiça, pois sentem-se lesados com as adulterações grotescas realizadas e que os expõem de forma aviltante.
E no terceiro aspecto, é clara a intenção de tal produtor/diretor em insultar o profeta Maomé, o Islã e seus seguidores.
A liberdade de expressão é uma prerrogativa salutar no exercício da arte, mas dentro de limites éticos, naturalmente.
Extrapolando os ditames do bom senso,esse senhor partiu para o insulto própriamente dito, exprimindo sua opinião pessoal a cerca de sua bronca com a religião islâmica, conspurcando grotescamente a imagem do profeta Maomé.
Mesmo condenando a violência de radicais e nesse caso, 40 mortes é um saldo insuportável de ser contabilizado, o fato é que a provocação foi um duro golpe no coração dessas pessoas e só podemos lamentar que tenha sido perpetrada por um irresponsável.
Claro, não foi uma brincadeira de adolescente que não mediu consequências.O cidadão sabia que causaria uma fagulha explosiva e foi fundo em sua determinação.
O FBI está em cima e quer respostas. A família do embaixador americano brutalmente assassinado, não vai se contentar com um lacônico pedido de desculpas e por aí vai.
Curioso, mas tal ação ocorre em meio à uma acirrada disputa eleitoral na América, onde a tendência de Barack Obama permanecer incomoda a oposição republicana formada pelos conservadores de plantão.
Não estou fazendo nenhuma insinuação leviana, mas esse video bombástico que acirra o ódio aos Estados Unidos entre os muçulmanos, interessa a quem ?
É um "cutucar a onça com vara curta", nesse caso, curtíssima e acho muito surreal que seja apenas uma manifestação de um cidadão árabe de declarada religião cristã copta, que sente bronca do Islã por razões pessoais.
É muito prosaico achar que ele quis expressar "artística e pessoalmente" sua diferença, sem medir as consequências desse ato.
Nos próximos dias, respostas mais convincentes deverão vir à tona. Sam Bacile, ou Nicola Bacily ou seja lá quem for esse cidadão, vai ter que esclarecer melhor as coisas.
Encerrando, repudio esse video abominável, horroroso enquanto peça de cinema e inadmissível como ofensa à fé de milhões de pessoas e principalmente à religião Islâmica e ao profeta Maomé.
Lembro-me das palavras do Papa Bento XXI, proferidas cerca de dois anos atrás : "Somos todos Abrâmicos"...
Fato, o cristianismo, Islamismo e judaísmo, tem a mesma origem.
Não há sentido em manter um clima hostil entre três, das cinco maiores religiões do planeta.
Deixo meus respeitos aos amigos islâmicos.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Gore Vidal, Polêmico Até o Fim.
Gore Vidal, Polêmico Até o Fim, texto de Luiz Domingues.
Gore Vidal partiu no último dia 31 de julho de 2012, deixando um legado e tanto no campo da literatura.
Seus romances, ensaios, peças de teatro e roteiros para o cinema, tiveram significante importância para a cultura norte-americana, sem dúvida, mas foi como ativista político de lingua muito afiada que ele incomodou para valer.
Para início de conversa, desconfiava da democracia e sobretudo do sistema eleitoral que teoricamente a sustenta e justifica. Uma vez disse : " Parece que um país democratico é um lugar onde são realizadas muitas eleições, a um custo alto, sem discutir questões substantivas e com candidatos intercambiáveis".
E indo além : " De quatro em quatro anos, a metade ingênua da população que vota é incentivada a acreditar que, se pudermos eleger alguém simpático, tudo ficará bem. Mas não ficará" (alguma semelhança com o nosso Brasil-sil-sil ?).
Candidatou-se contudo, duas vezes, em 1960 concorrendo como Deputado Federal pelo Estado de Nova York e em1982, ao Senado pela California. Perdeu em ambas, mas ainda assim, sendo o candidato democrata mais votado.
Sobre George W. Bush, a quem naturalmente detestava, fez duras críticas à época dos ataques de 11 de setembro. Um artigo seu no jornal britânico, "The Independent", gerou enorme polêmica, pois Vidal afirmou com todas as letras que Bush sabia dos ataques antecipadamente e traçando um paralelo com Roosevelt,que supostamente também sabia de antemão que os japoneses atacariam Pearl Harbour em 1941. E claro, que ambos tiveram vantagem política em cima da vitimização e comoção pública em torno dessas ocorrências.
Alfinetando como sempre, disse uma vez que: "A América fora inventada por homens inteligentes que nunca mais foram vistos depois de Kennedy..."
Tinha seus desafetos também no mundo literário.
Brigava constantemente com Truman Capote, que supostamente provocou-o primeiro ao declarar que Vidal tinha sido expulso da Casa Branca por estar embriagado e ter insultado a mãe de Jackie Kennedy. Retrucando, Vidal disse : " Capote elevou a mentira à condição de arte, uma arte menor..."
Suas brigas acabaram no tribunal onde chegaram a se agredir e após muita discussão de advogados, fecharam acordo de não agressão. Contudo, quando Capote faleceu, Vidal ironizou, dizendo : "Uma boa iniciativa profissional..."
Com Norman Mailer, foi ainda pior, pois trocaram socos numa festa. A reação de Vidal foi dizer que "faltavam palavras a Mailer..."
É histórica também a cabeçada que Mailer desferiu em Vidal nos bastidores de um programa de TV onde se encontraram. Será que foi daí que Zinedine Zidane tirou a ideia ?
E o motivo da cabeçada teria sido o fato de Vidal ter comparado Mailer a Charles Manson !!
Sobre Jack Kerouac, foi cáustico ao afirmar : "Isso não é escrever, é datilografar..."
Convidado a contribuir na roteirização do filme épico "Ben Hur", teria declarado que insinuou nas entrelinhas que os personagens Ben Hur e Messala tinham tido uma relação homossexual no passado, o que justificava a animosidade entre os personagens, culminando na famosa cena de luta em bigas. O ator Charlton Heston que interpretou Ben Hur, negou veementemente que tenha construído seu personagem baseado nessa premissa.
Suas brigas com jornalistas também entraram para a história. Com William F. Bucley, o embate pegou fogo quando este o chamou de "veado" ao vivo na TV , com Vidal retrucando que Bucley era um "criptonazista". Com o bate-boca esquentando, chamaram os comerciais...
O crítico Harold Bloom certa vez declarou : "A imaginação de Vidal sobre a política americana é tão poderosa que produz reverência..."
Viveu mais calmo na Itália, por muitos anos, onde foi amigo pessoal do filósofo Ítalo Calvino e Federico Fellini (Vidal fez uma ponta como figurante no filme "Roma" ) e gerou polêmica só quando mandou retirar seu nome como roteirista dos créditos do filme "Calígula" , quando percebeu que o polêmico diretor Tinto Brass, com a concordância do ator britânico Malcolm McDowell, tencionava inserir cenas de sexo explícito na edição final.
E assim foi embora Gore Vidal, reconhecidamente um bom escritor, mas que notabilizou-se muito mais por suas provocações incisivas.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Celular e Volante Não Combinam!
Celular e Volante não Combinam !
Texto de Luiz Domingues.
Basta sair de sua casa e logo que vai atravessar a primeira rua, passa um carro à sua frente, com o motorista dirigindo afoitamente com uma só mão, preocupado em segurar um indefectível telefone celular.
Anda mais um pouco e passa outro e depois outro, outro...
Basta observar nos cruzamentos das grandes avenidas e o fenômeno se repete, aliás , multiplica-se.
Essa compulsão em falar o tempo todo ao celular parece não passar de um impulso. O argumento de que importantes recados não podem esperar de forma alguma, é estapafúrdio no sentido simples de que a humanidade viveu sem esse recurso, por milhares de anos e por que só a partir dos anos noventa, isso se tornaria uma necessidade premente ?
Com a sofisticação cada vez maior dos celulares, o rol de distrações aumentou muito. Agora é comum ver motoristas participando de chats na internet, disparando torpedos, consultando o Google ou procurando videos no You Tube...em suma : Fazem tudo, menos prestar atenção no trânsito e sobretudo na condução de seu veículo.
Vamos aos fatos : As informações que você processa ao dirigir e usar o celular, vão simultaneamente ao tálamo para serem processadas. O próximo passo é serem filtradas no lobo frontal onde uma das duas será priorizada. A seguir, o córtex cerebral vai decidir só por uma e a outra ação é relegada a segundo plano. Se a prioridade é o que faz ao celular, sua percepção ao dirigir, é reduzida drásticamente.
Isso sem contar certas nuances de cunho psicológico, que muito contribuem como agravantes. Não é raro ver pessoas enfurecidas ao volante, por estarem brigando com alguém ao telefone. Imagine você recebendo uma bronca de seu chefe, brigando com sua mulher ou recebendo uma notícia de falecimento de um ente querido. Isso altera sua pressão sanguínea ou não ?
Sei que falei de situações extremas, mas mesmo se estiver numa conversa amena sobre a última rodada do brasileirão ou criticando a última medida do ministro da fazenda, esse uso de celular ao volante é inconveniente.
Estou cansado de ver motoristas conduzindo o veículo em zigue-zague, não usando a seta para conversões e o pior, desrespeitando a mais básica das regras de trânsito, ao não parar nos semáforos vermelhos. Pobres pedestres que já sofrem para atravessar as ruas, com o costumeiro desrespeito de motociclistas e ciclistas nesse quesito.
O assunto é preocupante e ganha ares epidêmicos no sentido de que o Hospital das Clínicas de São Paulo está abrindo um departamento especial para tratar desse novo distúrbio, a compulsão em dirigir e usar o celular simultaneamente.
Uma frase dita pelo jornalista norte-americano William Powers sobre esse assunto, cabe bem para fazer o leitor pensar : "Sacrificar a vida para ler uma mensagem, vale a pena" ?
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Trotes Estudantis, Até Quando ?
Trotes Estudantis, Até Quando ?
Na sociedade em que vivemos, a obsessão pelo dinheiro é o normal. Esse paradigma está tão solidificado, que todo o sistema educacional é centrado nesse valor básico.
Dessa forma, a pressão para que se tenha a melhor educação, tem como objetivo primordial a preparação para o mercado de trabalho e numa segunda ou terceira instância, o saber, razão nobre pela qual surgiram as academias na antiguidade e as universidades na idade média.
Posto isso, traço o paralelo dessa pressão por melhores colocações e certamente seria um dos fatores que explicam o porque da existência desse jogo de dominação, subjugação, sadismo, arrogância, prepotência etc etc.
Segundo dizem, a palavra "trote" seria mesmo uma alusão à relação homem-eqüino e nesse caso denotaria o "montar em cima", literalmente, como exercício de humilhação e dominação.
Alguns estudiosos sustentam a tese de que a palavra "Bixo", escrito com o "X" propositalmente, teria uma dupla função depreciativa : 1) Chamar alguém de bicho, animal, como forma de depreciação e 2) O "X" revelaria o estigma com o qual marcam os novatos para persegui-los até que uma nova turma entre na universidade e o ciclo se repita.
A manutenção desse status quo de bullying socialmente aceito, se perpetua, pois o oprimido de hoje, sente-se compelido a repetir o padrão, "descontando" no próximo novato e não passa na cabeça de ninguém, quebrar esse padrão idiota que ninguém nem sabe onde começou.
O circo romano de gladiadores um dia acabou, as rinhas de galos e as touradas hão de acabar um dia e por que essa imbecilidade do trote estudantil precisa existir ainda ?
Vejo defesa inflamada por parte de entusiastas dessa prática e a argumentação parece pífia, esbarrando no surrado argumento de que tal prática "integra" o novato à instituição e principalmente ao convívio com os veteranos.
Desculpe, mas não aceito tal argumentação pois mais parece uma mera manutenção de um padrão adquirido sem que haja nenhum sentido prático realmente plausível.
Por que ? Ora, não é possível receber a nova turma com um padrão diferente, com gentileza, respeito, boa educação ?
Se uma pessoa vem pela primeira vez à minha casa, devo-lhe aplicar um trote, com práticas humilhantes e quiçá sádicas, para que ela se sinta bem recebida, "integrada" ?
O que se vê na maioria dos casos, não tem nada de "integração". Vemos apenas cenas de extremo sadismo, humilhação, exploração etc. Isso sem contar as oportunidades que se abrem para constrangimentos de conotação sexual, principalmente com as meninas.
Acho desnecessário arrolar casos extremos de tragédias perpetradas pelos famigerados trotes. São públicos e notórios e estão nos noticiários policiais.
Só acrescento que há maneiras mais civilizadas de se recepcionar os calouros. Ou podem ser recebidos com festas e atividades culturais, ou mesmo com um caderno de encargos sociais a serem cumpridos, tais como, ajudar na limpeza pública, auxiliar pessoas carentes, doar sangue em hospitais etc.
E quem sabe, as duas coisas, numa semana inicial de atividades edificantes, coordenadas pelos veteranos.
Em suma, é um andar para a frente e deixar as práticas medievais para trás...
Texto de Luiz Domingues.
terça-feira, 14 de agosto de 2012
O Paradoxo do Desperdício.
O Paradoxo do Desperdício
O Planeta Terra ultrapassou a marca de sete bilhões de seres humanos e um dos maiores desafios das autoridades de todos os governos é sem dúvida alimentar e hidratar todas essas pessoas.
Considerando que o número de animais e vegetais que também precisam de víveres é igual ou maior, pode-se afirmar que o desafio é dobrado ou mais que isso.
Por desequilíbrios da economia, políticas equivocadas e completa desarmonia social, o fato é que muitas nações passam por situação de penúria, com fome absoluta.
Claro, recebem muita ajuda internacional, Ong's abnegadas trabalham com afinco e sempre artistas com sensibilidade aguçada, estão promovendo campanhas beneficentes para minimizar tais efeitos etc e tal.
Contudo, mesmo com esses esforços, vemos pessoas morrendo dramáticamente por falta de alimentos e água.
Portanto, alguém poderia me dar alguma explicação plausível para o desperdício colossal de alimentos que existe no Brasil ?
Questão de meses atrás, tive um problema sério de doença em minha família e por cerca de 20 dias, frequentei diáriamente um hospital. Não pude deixar de reparar no desperdício inacreditável de comida que havia ali. Refeições intactas recusadas pelos enfermos, eram jogadas literalmente no lixo, mesmo embaladas herméticamente por empresas terceirizadas de fornecimento de alimentação.
Isso é apenas a ponta do iceberg.
Basta você ir à feira livre de qualquer cidade brasileira e verificar a quantidade absurda de frutas e verduras descartadas e jogadas no chão.
Outro dia vi um documentário de um canal de notícias da TV a cabo, onde um repórter levou um imigrante angolano radicado em São Paulo para um passeio numa feira livre.
O rapaz ficou atônito com a quantidade de comida descartada e não parava de dizer que não se conformava com a fartura e o descaso que via por aqui, acostumado à escassez de recursos em seu país de origem.
Numa rápida pesquisa de internet, os dados são alarmantes !
Segundo dados da Embrapa, o Brasil é o quarto maior produtor de alimentos do mundo. Acrescento que tem potencial para ser o número um, se tantas distorções não ocorressem na nossa legislação rural, com normas de cultivo e posse de terra, muito falhas; reservas indígenas absurdas; latifúndios improdutivos etc etc.
Nesse contexto, cerca de 26,3 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados por ano, o que resulta numa média diária de 39 mil toneladas.
Segundo vi numa pesquisa do Instituto Akatu, aproximadamente 64% do que se planta no Brasil, é jogado no lixo.
20% estraga na própria colheita; 8% no transporte e armazenamento; 15% na indústria de processamento; 1% no varejo e 20% no processo culinário e por maus hábitos culturais.
Isso daria para alimentar 500 mil famílias. Preciso falar mais ?
Texto de Luiz Domingues.
terça-feira, 31 de julho de 2012
Carro Elétrico, Falta Interesse.
Carro Elétrico, Falta Interesse
Popularizando-se em muitos países, os carros elétricos tem enfrentado barreiras para entrarem com força no Brasil.
Na ponta do lápis, parece ser o advento ideal para o atual panorama de preocupação com os aspectos sustentáveis do planeta, como um pilar ao lado do investimento em Metrô & trens de subúbrio e o incentivo maciço ao uso de bicicletas.
Em números, não há contra-argumentação para desabonar o incremento dos carros elétricos.
Rodar 160 KM no trânsito de São Paulo, por exemplo, custaria ao consumidor, a quantia de R$ 5,28. A mesma kilometragem num carro a álcool, sairia por R$ 28,80.
No quesito ecologia então, não tem como um detrator argumentar, pois a não existência de monóxido de carbono, dióxido de carbono e óxido de nitrogênio, três dos piores gases poluentes que os carros comuns produzem, simplesmente não existirem num carro elétrico, desarma qualquer contrariador.
Um dia a injeção eletrônica acabou com o carburador e dessa forma, pode-se contar os dias para a extinção do escapamento, pelo menos em tese.
Outro aspecto incontestável é o da completa ausência de ruídos. Sem o método tradicional de combustão, são carros silenciosos ao extremo.
No tocante à rede de abastecimento, começam os problemas, lógicamente relacionados à questão do choque de interesses.
Isso porque em teoria, qualquer tomada caseira pode reabastecer as baterias do carro. Sendo assim, como fica a colossal indústria petrolífera e suas inúmeras ramificações ?
O uso do combustível, seja fóssil, seja de outra fonte, é o primeiro empecilho mas a seguir nessa pirâmide de interesses, vem as distribuidoras, as redes de postos, indústria de óleos, tudo o que é relacionado à retífica etc.
Já vi pessoas falando que se criaria outro gargalo de consumo, tão nocivo quanto, pois só no Brasil, estima-se que precisaríamos de uma nova Usina de Itaipu, só para suprir o consumo dos carros elétricos. Será ?
Reclamações corporativistas sempre existiram ao longo da história. Quando os carros começaram a se popularizar na América, houve manifestações organizadas por ferreiros, antevendo a decadência de seu ofício, com cada vez menos pessoas usando cavalos, carroças e carruagens no seu cotidiano.
A maior barreira no Brasil é teoricamente a altíssima taxação imposta pelo governo. Não é preciso fazer uma complexa elocubração para descobrirmos qual o motivo dessa taxação absurda.
Desde o governo JK, sabemos que o governo brasileiro e a indústria automobilística vivem um casamento praticamente indissolúvel. E no bojo dessa relação, tem toda uma gama de interesses análogos, onde a indústria petrolífera tem seu peso e interesse, sempre levado em conta.
Portanto, enquanto os tubarões desse mar revolto não adequarem-se para não deixar de explorar esse mercado com a mesma volúpia de sempre, só veremos dificuldades criadas para os carros elétricos popularizarem-se.
Texto de Luiz Domingues.
terça-feira, 17 de julho de 2012
Torcidas Uniformizadas vs Violência.
Torcidas Uniformizadas x Violência
Logo que começaram a surgir, a ideia da existência das torcidas uniformizadas não era má. Pelo contrário, ajudavam imensamente a colorir o espetáculo, com suas batucadas, bandinhas, charangas e aquele mar de bandeiras gigantescas com as cores de seus clubes.
Pouco a pouco, contudo, esse panorama ingênuamente festivo foi mudando de figura. Brigas dentro dos estádios foram acontecendo e piorando cada vez mais.
Já nos anos oitenta, ganhando ares de guerrilha urbana, passou a ser comum, as apreensões de armas (de fogo e brancas), artefatos explosivos e todo o tipo de material bélico, formando verdadeiros arsenais.
Saindo do âmbito dos estádios, as estações de Metrô, trens de subúrbio e terminais de ônibus, passaram a ser locais de alta periculosidade, com hordas ensandecidas se degladiando e claro, gente inocente e alheia ao futebol, podendo ser vítima a qualquer instante, também.
A primeira pergunta é : Será que esse ódio todo é decorrente de um suposto fanatismo só pelo futebol em si ?
Pessoas se agridem e se matam pelo simples fato de não suportarem a existência de outras pessoas que torcem para times rivais do seu ?
Se fosse assim, não existiria o futebol, pois pressupõe-se que para que possa existir, tem de haver adversário e no caso, mais de um para se ter um campeonato, torneio, copa ou seja que disputa for.
Claro que acreditar só nesse fator, seria extremamente ingênuo. A análise tem de enveredar por outro caminho.
Numa torcida uniformizada de um clube grande, existem milhares de sócios. Qual o critério para adesão ? Quando vão entrar, não preenchem uma ficha cadastral ? Ora, nome; endereço; identidade e CPF, seria o mínimo. Recomendável a existência de fotos recentes e datadas, quiçá a impressão digital, certo ?
E quando surgem os distúrbios, cada cidadão detido não é enquadrado na delegacia ? Mediante essa responsabilização civil, em tese, o que tem a ver a torcida enquanto pessoa jurídica, com isso ?
A não ser que se prove de forma contundente, que ações criminosas foram determinadas pela direção (caracterizando então a formação de quadrilha), parece mero foguetório das autoridades, as medidas sensacionalistas tomadas a cada tragédia, visando banir tais organizações.
Curiosamente, tais medidas pirotécnicas são anunciadas geralmente em programas dominicais noturnos, as chamadas "mesas redondas", onde o público consumidor de futebol, assiste com grande interesse.
São muitos murros na mesa, caras & bocas e também não é incomum que essas autoridades indignadas nunca cheguem ao cerne da questão, preferindo propor paliativos de impacto meramente demagógicos.
De prático, as medidas adotadas são pouco eficientes.
Banir uma torcida dos estádios, significa que não usarão a faixa de identificação, bandeiras, instrumentos de percussão e cada cidadão-membro é proibido de usar o "uniforme"da torcida. Então vão vestidos com a camisa do clube para quem torcem ou simplesmente à paisana, mas entrarão da mesma forma e sentarão nos mesmos lugares. O que mudou para a "segurança" ?
O estado faz o mise-en-scené de que está tomando providências, dando uma resposta à sociedade, quando na verdade, é só um varrer de lixo para debaixo do tapete.
O que precisaria ser feito, de fato ? Se cada bandido desses, que infiltra-se nas torcidas para aí sim, formar suas quadrilhas, for responsabilizado pessoalmente, não se apanharia as maçãs podres ao invés de querer banir os caixotes inteiros ?
Outro ponto importante diz respeito ao estado enquanto mantenedor das funções básicas de uma sociedade realmente justa. Se trabalhar forte com o fomento à educação, saúde e cultura, não minimizaria os efeitos do descaso com as camadas mais simples da população, de onde sai a maioria desses torcedores uniformizados ?
Uma tentativa dessas se deu com as "Cieps" no governo Brizola, no início dos anos 1980, no Estado do Rio de Janeiro.
Esse conceito foi ampliado e muito melhorado com a criação dos "Céus", pela prefeitura de São Paulo, no início dos anos 2000.
Com educação de qualidade e acesso à arte, cultura, esportes e lazer, os ânimos desarmam-se. Jovens sem perspectivas passam a cultivar outros valores.
O futebol volta a ser lúdico e o adversário nunca mais seria encarado como inimigo.
Por outro lado, torcidas uniformizadas formadas por pessoas interessadas apenas em futebol e não em praticar crimes, vandalismo e guerras campais, voltariam a colorir os estádios, sendo um ingrediente a mais para o engrandecimento do espetáculo, aliás, como era antigamente.
Brigas e desentendimentos seriam tratados como meras manifestações isoladas e as pessoas detidas, enquadradas e punidas severamente com penas exemplares, desestimulando a proliferação de distúrbios dessa monta.
Parece utópico, mas é perfeitamente possível, desde que o governo invista em inteligência policial e haja uma reforma do judiciário, com informatização total do sistema, inclusive penitenciário.
Impossível ? Ora...não vão organizar uma Copa do Mundo daqui há dois anos ? Pensar nisso é tão vital quanto construir estádios, não é ?
Caso contrário, ficaremos na mesma, com as autoridades tentando coibir a violência por atacado ou como se diz naquela velha piada popular : "O cara flagra a esposa com o seu melhor amigo no sofá e ao invés de separar-se da mulher e romper com o amigo, manda queimar o sofá"...
Logo que começaram a surgir, a ideia da existência das torcidas uniformizadas não era má. Pelo contrário, ajudavam imensamente a colorir o espetáculo, com suas batucadas, bandinhas, charangas e aquele mar de bandeiras gigantescas com as cores de seus clubes.
Pouco a pouco, contudo, esse panorama ingênuamente festivo foi mudando de figura. Brigas dentro dos estádios foram acontecendo e piorando cada vez mais.
Já nos anos oitenta, ganhando ares de guerrilha urbana, passou a ser comum, as apreensões de armas (de fogo e brancas), artefatos explosivos e todo o tipo de material bélico, formando verdadeiros arsenais.
Saindo do âmbito dos estádios, as estações de Metrô, trens de subúrbio e terminais de ônibus, passaram a ser locais de alta periculosidade, com hordas ensandecidas se degladiando e claro, gente inocente e alheia ao futebol, podendo ser vítima a qualquer instante, também.
A primeira pergunta é : Será que esse ódio todo é decorrente de um suposto fanatismo só pelo futebol em si ?
Pessoas se agridem e se matam pelo simples fato de não suportarem a existência de outras pessoas que torcem para times rivais do seu ?
Se fosse assim, não existiria o futebol, pois pressupõe-se que para que possa existir, tem de haver adversário e no caso, mais de um para se ter um campeonato, torneio, copa ou seja que disputa for.
Claro que acreditar só nesse fator, seria extremamente ingênuo. A análise tem de enveredar por outro caminho.
Numa torcida uniformizada de um clube grande, existem milhares de sócios. Qual o critério para adesão ? Quando vão entrar, não preenchem uma ficha cadastral ? Ora, nome; endereço; identidade e CPF, seria o mínimo. Recomendável a existência de fotos recentes e datadas, quiçá a impressão digital, certo ?
E quando surgem os distúrbios, cada cidadão detido não é enquadrado na delegacia ? Mediante essa responsabilização civil, em tese, o que tem a ver a torcida enquanto pessoa jurídica, com isso ?
A não ser que se prove de forma contundente, que ações criminosas foram determinadas pela direção (caracterizando então a formação de quadrilha), parece mero foguetório das autoridades, as medidas sensacionalistas tomadas a cada tragédia, visando banir tais organizações.
Curiosamente, tais medidas pirotécnicas são anunciadas geralmente em programas dominicais noturnos, as chamadas "mesas redondas", onde o público consumidor de futebol, assiste com grande interesse.
São muitos murros na mesa, caras & bocas e também não é incomum que essas autoridades indignadas nunca cheguem ao cerne da questão, preferindo propor paliativos de impacto meramente demagógicos.
De prático, as medidas adotadas são pouco eficientes.
Banir uma torcida dos estádios, significa que não usarão a faixa de identificação, bandeiras, instrumentos de percussão e cada cidadão-membro é proibido de usar o "uniforme"da torcida. Então vão vestidos com a camisa do clube para quem torcem ou simplesmente à paisana, mas entrarão da mesma forma e sentarão nos mesmos lugares. O que mudou para a "segurança" ?
O estado faz o mise-en-scené de que está tomando providências, dando uma resposta à sociedade, quando na verdade, é só um varrer de lixo para debaixo do tapete.
O que precisaria ser feito, de fato ? Se cada bandido desses, que infiltra-se nas torcidas para aí sim, formar suas quadrilhas, for responsabilizado pessoalmente, não se apanharia as maçãs podres ao invés de querer banir os caixotes inteiros ?
Outro ponto importante diz respeito ao estado enquanto mantenedor das funções básicas de uma sociedade realmente justa. Se trabalhar forte com o fomento à educação, saúde e cultura, não minimizaria os efeitos do descaso com as camadas mais simples da população, de onde sai a maioria desses torcedores uniformizados ?
Uma tentativa dessas se deu com as "Cieps" no governo Brizola, no início dos anos 1980, no Estado do Rio de Janeiro.
Esse conceito foi ampliado e muito melhorado com a criação dos "Céus", pela prefeitura de São Paulo, no início dos anos 2000.
Com educação de qualidade e acesso à arte, cultura, esportes e lazer, os ânimos desarmam-se. Jovens sem perspectivas passam a cultivar outros valores.
O futebol volta a ser lúdico e o adversário nunca mais seria encarado como inimigo.
Por outro lado, torcidas uniformizadas formadas por pessoas interessadas apenas em futebol e não em praticar crimes, vandalismo e guerras campais, voltariam a colorir os estádios, sendo um ingrediente a mais para o engrandecimento do espetáculo, aliás, como era antigamente.
Brigas e desentendimentos seriam tratados como meras manifestações isoladas e as pessoas detidas, enquadradas e punidas severamente com penas exemplares, desestimulando a proliferação de distúrbios dessa monta.
Parece utópico, mas é perfeitamente possível, desde que o governo invista em inteligência policial e haja uma reforma do judiciário, com informatização total do sistema, inclusive penitenciário.
Impossível ? Ora...não vão organizar uma Copa do Mundo daqui há dois anos ? Pensar nisso é tão vital quanto construir estádios, não é ?
Caso contrário, ficaremos na mesma, com as autoridades tentando coibir a violência por atacado ou como se diz naquela velha piada popular : "O cara flagra a esposa com o seu melhor amigo no sofá e ao invés de separar-se da mulher e romper com o amigo, manda queimar o sofá"...
Texto de Luiz Domingues.
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Burocracia - O Balde de Água Fria.
Burocracia : O Balde D'água Fria
Texto de Luiz Domingues.
Comemoramos o fato do Brasil estar ascendendo econômicamente, sendo visto pelo mundo como algo além de emergente e de fato caminhando para fazer parte do seleto grupo de países desenvolvidos, o cobiçado "1° Mundo".
Todavia, existem diversos gargalos a serem resolvidos ainda, para que possamos enfim ter a infraestrutura adequada para de fato estarmos nesse patamar.
Obviamente que o vergonhoso posto que o Brasil ocupa no IDH é a preocupação principal. Mas não menos importante, é a falta absoluta de prioridade na educação; infra-estrutura de transportes (parece que só agora às vésperas de uma Copa do Mundo, perceberam que nossos aeroportos são ridículos em se comparando ao de nações desenvolvidas, por exemplo); habitação; saúde pública etc etc.
E entre tantos problemas cruciais a serem resolvidos, existe também uma questão emblemática em nossa cultura : O excesso de burocracia.
Em qualquer compêndio básico de sociologia, a burocracia é descrita como um triunfo da civilização. E no âmbito geral, é mesmo um sistema regulamentar onde normas sociais são garantidas, visando dar padrão às relações sociais e econômicas, evidentemente coadunadas com as necessárias questões fiscais da res pública.
Mas convenhamos, no Brasil, essa questão extrapola o bom senso em diversos aspectos e dessa forma torna-se um verdadeiro monstrengo com a irritante missão de dificultar ao máximo a resolução dessas relações, trazendo atraso, desânimo e irritação.
Em recente dossiê publicado na Revista "SãoPaulo" , suplemento dominical do jornal "Folha de São Paulo", a reportagem mostrou passo-a-passo o "Calvário" de um pretendente a abrir um restaurante na cidade de São Paulo.
A quantidade de exigências é tão grande (e às vezes contraditórias entre si), que o empreendedor acaba desistindo de seu intento, irritado com a morosidade e o trabalho insano que é visitar repartições públicas em busca desses documentos.
Segundo li, escritórios contábeis costumam orientar seus clientes a abrir o negócio com alvarás provisórios, pois se ficarem esperando o definitivo, correm o risco de passar meses, quiçá anos, aguardando para conseguirem abrir seus estabelecimentos e enfim, trabalhar.
Quem aguenta uma estrutura dessas, que só atrapalha o empreendedorismo ?
Sem esmiuçar muito, acrescento que em países como os Estados Unidos, por exemplo, a mentalidade é oposta. Se você tem um dinheiro para investir num negócio, o governo apoia com a contrapartida da minimização da burocracia e diminuição do pagamento de taxas, pois tem interesse em que você produza, ganhe, invista, faça circular o dinheiro, gere empregos, trabalhe com fornecedores, faça propaganda de seu negócio, enfim, faça o capitalismo girar em torno de si próprio.
Isso não é o óbvio ?
Então por que o Brasil ainda não promoveu a sua reforma burocrática ? Há muitos anos atrás, houve até a criação de um "Ministério da Desburocratização" , cujo Ministro era Hélio Beltrão. A iniciativa era ótima, mas por que não foi até o fim ? Por que não extinguiu a burocracia massacrante brasileira ?
A única explicação plausível é : Porque talvez a complicação interesse a alguém...
Mas aí é um terreno arenoso, movediço até e qualquer tentativa de explicar o fenômeno, esbarraria na reles "teoria da conspiração" e não se chega a nenhuma conclusão definitiva, apenas patinação no campo das especulações.
Alguém aí se habilita a me responder ?
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Trote na Polícia: O Desserviço do Mau Cidadão
Trote na Polícia: O Desserviço do Mau Cidadão
Texto de Luiz Domingues.
Numa sociedade cada vez mais violenta, onde a insegurança grassa, não há nada que você deseje mais num momento angustiante, do que ver chegar uma viatura policial e lhe tirar da mira de bandidos sanguinários.
Com uma arma apontada para a sua cabeça ou na de um ente querido, cada segundo equivale há uma década, tamanho o pavor.
Contudo, concomitante ao seu momento aterrorizante de espera, milhares de viaturas policiais, ambulâncias e carros de bombeiros são desviados para ocorrências inexistentes e até que se perceba o engano, pode ser o final da linha para você e sua família.
Tudo isso graças à inacreditável quantidade de telefonemas falsos que a Polícia Militar de São Paulo, Corpo de Bombeiros e serviço de ambulância dos hospitais, recebem diáriamente.
Segundo estatísticas que acessei, só em São Paulo, a média de ligações fraudulentas bate na casa de 35 mil/dia.
No Rio, os números são praticamente iguais e em diversas outras capitais, o mesmo fenômeno se repete.
Recentemente uma mulher foi pêga na cidade de São José do Rio Preto, interior de SP, onde num curto espaço de tempo, deu quase 500 telefonemas à PM, comunicando falsas ocorrências. Ligando de orelhões diferentes e alternando com celulares, foi despistando a polícia que demorou para localizá-la e prendê-la.
O que leva uma pessoa a ligar para um orgão público de segurança ou saúde e fazer um trote ?
O prazer em cometer um ato fraudulento ? O escárnio de achar que engana tais profissionais ? Ou simplesmente a mais ignóbil vontade de atrapalhar o serviço público ?
Naturalmente , por mais energúmeno que seja, será que essa criatura idiota se julga imune aos problemas de saúde ? E mesmo que pensasse dessa forma bizarra, acha que um ente querido seu jamais poderá precisar da agilidade de uma ajuda desse porte ?
Está bem, vamos admitir que existam pessoas que não raciocinam dessa forma. Nesse caso, como evitar que as linhas de emergência de tais orgãos não estejam obstruídas por esses imbecis ?
O governador de SP, Geraldo Alckmim acabou de instituir uma pesada multa pecuniária para quem for flagrado cometendo esse ato. Na verdade, já existia no código penal, punição por reclusão para esse delito.
Talvez amedronte alguns, mas duvido que zere a estatística. Eu só vejo um meio de mudar esse quadro : Investimento maciço em educação.
Sendo um paradigma, precisa ser quebrado na sua raiz e imediatamente substituído por outro, desde a tenra infância, onde a consciência seja trabalhada em prol da construção dos valores de cidadania básica.
Hora de repensar urgentemente os curriculuns escolares. Aulas de cidadania, com noções básicas de comportamento no trânsito; gentileza; respeito; limpeza pública; reciclagem do lixo e outras tantas questões de convívio social, deveriam entrar na formação das crianças.
E abolir a ideia de que dar trote na polícia, bombeiros ou hospitais, é "engraçado", certamente se trata de um desses pontos a serem trabalhados.
sábado, 26 de maio de 2012
Gol da Especulação Imobiliária F.C.
Gol da Especulação Imobiliária F.C.
Texto de Luiz Domingues.
Com a proximidade do início da Copa Mundo no Brasil em 2014, não são apenas as falcatruas envolvendo licitações suspeitas em estádios faraônicos que assombram o bolso do cidadão brasileiro.
Verifica-se uma alta absurda nos preços dos imóveis, tanto para locação, quanto vendas.
Qual o motivo dessa escalada sem precedentes ?
Primeiro devemos levar em conta a ingerência arrogante da FIFA, com seu caderno de encargos, que geralmente atropela a soberania nacional de qualquer país, pisando em suas respectivas constituições.
Outro ponto importante, é a questão dos patrocinadores que vem juntos com essa instituição antipática. Com tanto rabo preso, fica difícil imaginar que não hajam manipulações, vide a polêmica em torno da venda de bebidas alcoólicas nos estádios.
Sem a menor cerimônia, assistiremos a desmoralização da Lei Seca no Trânsito e também em relação às medidas de segurança no tocante às brigas entre torcedores. Afinal de contas, a FIFA tem como seu braço direito, uma cervejaria americana poderosa...
Em relação às obras públicas, inicialmente são atribuidas à rede de serviços e locomoção aos estádios onde se disputarão as partidas, mas a verdade é que causam um estrago ao ambiente social, em detrimento da maquiagem prometida.
Grandes áreas são desapropriadas para a criação de avenidas. Num primeiro instante, parece algo que seria positivamente agregado ao espaço urbano, portanto um benefício para a população que ali reside. Contudo, relatos vindos de todas as cidades onde estão sendo feitas obras, dão conta de que as pessoas estão perdendo seus imóveis por preços inaceitáveis e "convidadas" a se virar, com sua própria sorte lançada.
Recentemente, uma pessoa ligada ao comitê de organização da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, veio à São Paulo lançar um livro onde faz pesadas denúncias sobre esses fatores e alerta o povo brasileiro sobre o perigo que essa ilusão de Copa do Mundo pode nos proporcionar.
Receio que seja tarde demais e o estrago já esteja em curso...
Há relatos por exemplo, de que milhares de pessoas pobres foram desalojadas de suas casas no centro da cidade de Cape Town, e colocadas em habitações desumanas, feitas de latão (um inferno no verão e um gêlo no inverno), denominadas "Blikkiesdorp". Nada mais apropriado para entitular, pois parece campo de concentração nazista.
Acompanhando todas essas anomalias, temos outro ponto cruel : A especulação imobiliária. Recentes pesquisas deram conta que o efeito "Copa" triplicou os preços dos imóveis no Brasil inteiro. E não importa se você mora numa aprazível cidade interiorana, distante milhares de KMs de uma cidade-sede onde acontecerão os jogos. Aquela casa que você sonhava adquirir para morar com sua família e que valia 50 mil reais, agora vale 150 mil e fim de papo para o monstrengo especulador.
Claro, o apetite do monstrinho é insaciável e à medida que 2014 se aproxima, vai subir muito mais.
Portanto, por conta de sediarmos jogos como Zambia x Emirados Árabes ou Honduras x Nova Zelândia, esses grandes "clássicos" do futebol mundial, veremos bilhões de reais voarem dos cofres públicos, diversas intervenções urbanas gerando transtôrnos para milhares de pessoas e a especulação imobiliária se tornando de fato, a grande campeã mundial do oportunismo.
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Lixo nas Ruas, Reflexo de um Povo.
Lixo nas Ruas, Reflexo de um Povo.
Texto de Luiz Domingues.
Um dos piores costumes que assolam o Brasil, praticamente desde a sua fundação é a mentalidade inacreditável das pessoas em jogar lixo nas ruas.
Sempre que vejo um cidadão se livrar de qualquer objeto que tenha à mão, simplesmente jogando-o sobre a calçada ou na rua, fico me perguntando como pode achar normal uma barbaridade desse porte ?
Muitos usam a cômoda desculpa de que o poder público não providencia lixeiras suficientes ou simplesmente não cuida das poucas disponíveis, que estão quase sempre transbordando, imundas e com o lixo excedente espalhado pelo chão.
Sim, muitas vezes isso acontece e acrescento o fato de que a varrição das vias públicas deixa muito a desejar, pelas autoridades municipais.
Todavia, ainda penso que se o cidadão não encontra uma lixeira próxima para depositar seu lixo, em algum momento vai encontrar uma disponível ou mesmo utilizar esse serviço num estabelecimento comercial ou mesmo carregar até à sua própria residência (por que não ?), dispensando-o no seu lixo doméstico.
A desculpa esfarrapada de que um papelzinho de bala, por menor que seja, não está causando um dano ambiental, é inadmissível, claro.
No Brasil, é comum jogar de tudo nas ruas. E eu questiono : Essas pessoas que agem dessa forma, fazem o mesmo dentro de suas residências ? A resposta é : Difícilmente, por mais relapsas que sejam, duvido que consigam conviver num ambiente desse nível (claro, existem as excessões, casos patológicos que vemos em reportagens sobre pessoas que acumulam lixo etc).
Fora desse patamar de distúrbio sócio-mental, só posso atribuir esse comportamente à absoluta falta de educação. E dentro desse parâmetro, é óbvia a relação de descaso das pessoas com as cidades em que vivem, estabelecendo uma relação antissocial depreciativa da Res publica.
O cidadão que adota tal conduta certamente considera a cidade como um território de ninguém, onde se exime de qualquer responsabilidade perante ela, considerando que não faz parte de sua moradia.
Ledo engano !
Num país de primeiro mundo, o cidadão aprende desde pequeno que sua cidade é sua casa, como extensão viva do seu Lar e portanto, adquire uma relação de amor, respeito, e zelo para com ela.
No início dos anos setenta , houve uma tentativa de campanha educacional nesse sentido. Publicitários criaram o personagem de desenho animado, "Sugismundo". Com peças divertidas na TV e em tiras de quadrinhos, estimulavam as pessoas a mudarem esse paradigma de descaso.
Mas como foi efêmera a abordagem, caiu no esquecimento e os brasileiros de uma forma geral continuaram pautando suas vidas por esse patamar de absoluto descaso com a higiene pública.
Particularmente sou contra medidas arbitrárias e ditatoriais por parte das autoridades. Mas alguém tem alguma ideia melhor para mudar a mentalidade desse povo, a não ser pelo caminho árduo das proibições, penalizações e outras medidas invasivas e antipáticas ?
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Ong's : Méritos e Deméritos.
Ong's : Méritos e Deméritos
Postagem de Luiz Domingues.
Em sociologia básica, a denominação "terceiro Setor" é empregada para designar iniciativas organizadas pela sociedade civil em prol da utilidade pública. O segundo setor é o dos meios de produção (privado, o mercado) e o primeiro setor diz respeito ao poder público.
Nesse sentido, a chamada "organização não-governamental", ong, teóricamente é um suporte e tanto para a sociedade, chegando onde o poder público não alcança.
Essas organizações atuam em diversos campos, tais como : Meio ambiente, assistência social, saúde, educação & cultura, combate à miséria, direitos humanos, contra arbitrariedades, defesa da fauna & flora etc.
É evidente que a maioria das centenas de ong's que existem espalhadas pelo planeta, cumprem suas metas com grande determinação, idealismo e boa vontade, mas esse tipo de expediente também abre brecha para aproveitadores e oportunistas em geral.
Aqui no Brasil por exemplo, a presidente Dilma recentemente mandou suspender todos os contratos de locação de verbas para ongs, lhes dando um prazo até o dia 29 de janeiro, último, para que comprovassem cabalmente como estavam empregando a verba cedida do erário público, mostrando realizações concretas de benefícios sociais.
Como resultado, 181 contratos foram cancelados sumáriamente. Ou seja, Essa quantidade enorme de ongs estavam recebendo verbas oficiais e simplesmente não as empregando nos seus projetos sociais.
Se a ideia é melhorar a sociedade fazendo coisas que os governos deveriam fazer e não fazem, nesse caso, somos duplamente lesados, como cidadãos.
Dos 1403 casos analisados na malha fina do governo, ainda 305 não justificaram suas contas e ações, portanto, o número de gatunos surpreendidos tende a aumentar.
E estamos falando apenas de verbas oficiais. Não nos esqueçamos que ongs podem captar recursos de empresas privadas e doações livres, incluso de pessoas físicas. Portanto, se existe má fé, a tentação é grande em explorar esse filão.
E mais uma coisa : É preciso ter cuidado para se engajar em causas promovidas por ongs, pois nem sempre há uma certeza cristalina de suas intenções. Muitas vezes, podem estar manipulando a boa vontade de pessoas de boa fé, em prol de interesses escusos.
É muito bonito ver artistas engajados numa causa ambiental contra a construção de uma usina hidrelétrica supostamente nociva; indústria poluidora; uma mudança de curso de um rio etc etc. Mas você sai cegamente marchando pelas ruas por uma causa que não conhece direito ?
Cuidado ! Muitas vezes, o suposto bom mocismo ecológico apenas mascara outros interesses, tão ruins ou piores do que aqueles que você fervorosamente foi às ruas para protestar.
terça-feira, 10 de abril de 2012
Na Mira do Toureiro.
Texto de Luiz Domingues.
Na Mira do Toureiro
Tornou-se corriqueira a notícia de brasileiros chegando ao aeroporto de Barajas em Madri e serem impedidos de entrar na Espanha.
Pior que isso, geralmente são vítimas de todo o tipo de constrangimentos, maus tratos, humilhações etc.
Alegando que os brasileiros são atualmente o grupo que mais tenta entrar para viver clandestinamente naquele país, entraram na mira das autoridades da imigração daquele país.
Até aí, é compreensível que queiram se resguardar da entrada indiscriminada de imigrantes ilegais e naturalmente evitar um transtôrno social, ainda mais em tempos de vacas magras com a crise assolando a Europa.
Mas muitos abusos foram cometidos em nome dessa prerrogativa legítima.
Há casos de pessoas munidas de todas as exigências mínimas necessárias, convencionadas pela Lei espanhola e barradas de forma arbitrária.
Não faz muito tempo, um grupo de professores indo àquele país ibérico para um congresso, foi impedido de entrar.
Outro dia, uma brasileira foi impedida de fazer uma conexão, perdendo toda a planificação de sua viagem à outro país europeu. Ela nem ficaria na Espanha, só estava de passagem !
Causou comoção o caso de uma senhora idosa que ficou sete dias detida, se alimentando mal, pois estava indo visitar uma filha que está lá ilegalmente.
Baseando-se na Lei que obriga o visitante indesejado, voltar ao seu país de origem pela mesma companhia aérea pela qual chegou, não é raro o caso de pessoas serem obrigadas a ficar dias esperando pela volta, confinadas em saletas insalubres de uso da polícia no aeroporto de Barajas.
E o que eles exigem ?
Passaporte em vigor, 500 euros em dinheiro vivo, seguro de saúde, passagem de volta ao Brasil marcada e comprovante de reserva num hotel.
Não é nenhum bicho de sete cabeças e convenhamos, outros países são muito mais invasivos, como por exemplo os Estados Unidos, onde a obtenção de visto nos consulados, chega à constrangimentos que nem a receita federal exige dos contribuintes.
Agora, o que justifica a não admissão do visitante, se tem em mãos todos os documentos e o dinheiro mínimo exigido ? O critério é a "cara" do cliente, como geralmente ocorre nas famigeradas portas anti-metal dos bancos que travam mesmo quando uma pessoa não tem nem um objeto metálico no corpo ?
Em represália, o Brasil passou a adotar o mesmo critério em relação aos visitantes espanhóis. Se por um lado está respaldado pela legitimidade, por outro, arriscou-se a cometer o mesmo erro, que evidentemente só pode ser interpretado como ferramenta de coação diplomática.
Todavia, como sempre, quem sofre é o cidadão comum. Se o cidadão tem em mãos todos os documentos necessários, não há porque impedi-lo de entrar e se constatado de fato que não tem condições de fazê-lo, nada justifica o tratamento aviltante que temos visto, relatados pelas pessoas.
Na Mira do Toureiro
Tornou-se corriqueira a notícia de brasileiros chegando ao aeroporto de Barajas em Madri e serem impedidos de entrar na Espanha.
Pior que isso, geralmente são vítimas de todo o tipo de constrangimentos, maus tratos, humilhações etc.
Alegando que os brasileiros são atualmente o grupo que mais tenta entrar para viver clandestinamente naquele país, entraram na mira das autoridades da imigração daquele país.
Até aí, é compreensível que queiram se resguardar da entrada indiscriminada de imigrantes ilegais e naturalmente evitar um transtôrno social, ainda mais em tempos de vacas magras com a crise assolando a Europa.
Mas muitos abusos foram cometidos em nome dessa prerrogativa legítima.
Há casos de pessoas munidas de todas as exigências mínimas necessárias, convencionadas pela Lei espanhola e barradas de forma arbitrária.
Não faz muito tempo, um grupo de professores indo àquele país ibérico para um congresso, foi impedido de entrar.
Outro dia, uma brasileira foi impedida de fazer uma conexão, perdendo toda a planificação de sua viagem à outro país europeu. Ela nem ficaria na Espanha, só estava de passagem !
Causou comoção o caso de uma senhora idosa que ficou sete dias detida, se alimentando mal, pois estava indo visitar uma filha que está lá ilegalmente.
Baseando-se na Lei que obriga o visitante indesejado, voltar ao seu país de origem pela mesma companhia aérea pela qual chegou, não é raro o caso de pessoas serem obrigadas a ficar dias esperando pela volta, confinadas em saletas insalubres de uso da polícia no aeroporto de Barajas.
E o que eles exigem ?
Passaporte em vigor, 500 euros em dinheiro vivo, seguro de saúde, passagem de volta ao Brasil marcada e comprovante de reserva num hotel.
Não é nenhum bicho de sete cabeças e convenhamos, outros países são muito mais invasivos, como por exemplo os Estados Unidos, onde a obtenção de visto nos consulados, chega à constrangimentos que nem a receita federal exige dos contribuintes.
Agora, o que justifica a não admissão do visitante, se tem em mãos todos os documentos e o dinheiro mínimo exigido ? O critério é a "cara" do cliente, como geralmente ocorre nas famigeradas portas anti-metal dos bancos que travam mesmo quando uma pessoa não tem nem um objeto metálico no corpo ?
Em represália, o Brasil passou a adotar o mesmo critério em relação aos visitantes espanhóis. Se por um lado está respaldado pela legitimidade, por outro, arriscou-se a cometer o mesmo erro, que evidentemente só pode ser interpretado como ferramenta de coação diplomática.
Todavia, como sempre, quem sofre é o cidadão comum. Se o cidadão tem em mãos todos os documentos necessários, não há porque impedi-lo de entrar e se constatado de fato que não tem condições de fazê-lo, nada justifica o tratamento aviltante que temos visto, relatados pelas pessoas.
quarta-feira, 28 de março de 2012
Holocausto Moderno.
Holocausto Moderno, texto de Luiz Domingues.
Nos últimos tempos, temos verificado um aumento significativo de mendigos sendo violentamente atacados na calada da noite, em diversas cidades brasileiras.
As motivações diferentes de caso a caso, não eximem esses assassinos covardes de sua culpa. Não importa se os mendigos eram um estôrvo na calçada dos comerciantes e por isso foram tomadas tais medidas atrozes contra eles (como se essa justificativa absurda tivesse validade !) ou se, pior ainda, foram atacados por adolescentes embriagados e portanto fora de seu juízo mental.
A questão é : Em que ponto chegou a sociedade, onde pessoas são tratadas como lixo indesejável e dessa forma, passíveis de eliminação "higienizadora" ?
Essa mentalidade deveria ter sido sepultada com o final da segunda guerra mundial, mas é com pesar que assistimos atônitos, as barbaridades cometidas por gente que quer eliminar pessoas que julgam serem indesejáveis.
Muitos psiquiatras, psicólogos ou psicanalistas devem ter suas teorias a respeito. Certamente os sociólogos também e claro, os antropólogos incluso.
As autoridades governamentais e policiais certamente discorrem sobre números, estatísticas, mas ninguém traz uma solução definitiva para esse abandono de seres humanos sem teto pelas ruas.
Instituições do terceiro setor, abnegadas, com apoio de grupos religiosos fazem o que podem, mas não conseguem consertar o mundo, mesmo fazendo esforços enormes.
Com isso, o resultado está em toda a parte: pessoas dormindo nas ruas, sem perspectivas.
Esse é o estrato social cruel em que a nossa sociedade está montada, mas aí vem outro elemento, pior ainda, como agravante : Pessoas realmente desprovidas de qualquer tipo de compaixão ao semelhante, atacando esses pobres coitados, de forma covarde e brutal.
O que é pior ? O comerciante que cansado de ser prejudicado com a presença dos mendigos resolve dar um "susto" nessas pessoas e contrata brutamontes para espancá-los, atear fogo neles ou playboys bêbados que vislumbram a possibilidade de brincar de video-game "de verdade", barbarizando mendigos pela madrugada ?
Alguém se lembra do caso do indio Galdino ? Sem lugar para dormir, aconchegou-se num abrigo de ponto de ônibus em Brasília e acordou em chamas, graças à um bando de playboys vagabundos, no ano de 1997.
O que aconteceu à esses moleques ? Informações não confirmadas dão conta de que hoje são funcionários públicos bem alojados na máquina federal etc etc.
A alegação deles à época, beirou o ridículo. Disseram ter confundido o indio com um mendigo...ora, se fosse um mendigo, estaria liberada a "brincadeira" dos garotões ??
A verdade é uma só : Se existem pessoas vivendo nas ruas, sem perspectivas de uma vida digna, com casa, trabalho, renda e todas as prerrogativas da cidadania, certamente é culpa de uma estrutura governamental falha e também culpa de nós todos, enquanto sociedade civil, que nada fazemos.
E se estão vivendo nas ruas em meio à esse sofrimento, não tem nenhum cabimento ficarem sujeitas à espancamentos, brutalidade e assassinato por parte de verdadeiros monstros que achávamos terem sido extirpados da face da Terra, após o tribunal de Nuremberg.
Nos últimos tempos, temos verificado um aumento significativo de mendigos sendo violentamente atacados na calada da noite, em diversas cidades brasileiras.
As motivações diferentes de caso a caso, não eximem esses assassinos covardes de sua culpa. Não importa se os mendigos eram um estôrvo na calçada dos comerciantes e por isso foram tomadas tais medidas atrozes contra eles (como se essa justificativa absurda tivesse validade !) ou se, pior ainda, foram atacados por adolescentes embriagados e portanto fora de seu juízo mental.
A questão é : Em que ponto chegou a sociedade, onde pessoas são tratadas como lixo indesejável e dessa forma, passíveis de eliminação "higienizadora" ?
Essa mentalidade deveria ter sido sepultada com o final da segunda guerra mundial, mas é com pesar que assistimos atônitos, as barbaridades cometidas por gente que quer eliminar pessoas que julgam serem indesejáveis.
Muitos psiquiatras, psicólogos ou psicanalistas devem ter suas teorias a respeito. Certamente os sociólogos também e claro, os antropólogos incluso.
As autoridades governamentais e policiais certamente discorrem sobre números, estatísticas, mas ninguém traz uma solução definitiva para esse abandono de seres humanos sem teto pelas ruas.
Instituições do terceiro setor, abnegadas, com apoio de grupos religiosos fazem o que podem, mas não conseguem consertar o mundo, mesmo fazendo esforços enormes.
Com isso, o resultado está em toda a parte: pessoas dormindo nas ruas, sem perspectivas.
Esse é o estrato social cruel em que a nossa sociedade está montada, mas aí vem outro elemento, pior ainda, como agravante : Pessoas realmente desprovidas de qualquer tipo de compaixão ao semelhante, atacando esses pobres coitados, de forma covarde e brutal.
O que é pior ? O comerciante que cansado de ser prejudicado com a presença dos mendigos resolve dar um "susto" nessas pessoas e contrata brutamontes para espancá-los, atear fogo neles ou playboys bêbados que vislumbram a possibilidade de brincar de video-game "de verdade", barbarizando mendigos pela madrugada ?
Alguém se lembra do caso do indio Galdino ? Sem lugar para dormir, aconchegou-se num abrigo de ponto de ônibus em Brasília e acordou em chamas, graças à um bando de playboys vagabundos, no ano de 1997.
O que aconteceu à esses moleques ? Informações não confirmadas dão conta de que hoje são funcionários públicos bem alojados na máquina federal etc etc.
A alegação deles à época, beirou o ridículo. Disseram ter confundido o indio com um mendigo...ora, se fosse um mendigo, estaria liberada a "brincadeira" dos garotões ??
A verdade é uma só : Se existem pessoas vivendo nas ruas, sem perspectivas de uma vida digna, com casa, trabalho, renda e todas as prerrogativas da cidadania, certamente é culpa de uma estrutura governamental falha e também culpa de nós todos, enquanto sociedade civil, que nada fazemos.
E se estão vivendo nas ruas em meio à esse sofrimento, não tem nenhum cabimento ficarem sujeitas à espancamentos, brutalidade e assassinato por parte de verdadeiros monstros que achávamos terem sido extirpados da face da Terra, após o tribunal de Nuremberg.
segunda-feira, 12 de março de 2012
Falklands ou Malvinas ?
Texto de Luiz Domingues.
Falklands ou Malvinas ?
Um arquipélago remoto no extremo sul abaixo da linha do Equador, muito longe de tudo e perto do polo sul, formado por duas ilhas grandes e cerca de 700 ilhas minúsculas, é alvo de uma disputa territorial ferrenha há séculos.
Dominado pelos britânicos oficialmente desde 1833, as Ilhas Falkland são território de sua Majestade , a Rainha Elizabeth II e fim de papo para os britânicos. Mas não pensam assim os argentinos que as reclamam para si há séculos, desde sua independência da Espanha no século XIX.
Vamos aos fatos : Realmente essas ilhas tiveram muitos visitantes europeus ao longo dos tempos. Américo Vespúcio, comandante veneziano, foi o primeiro europeu a pisar nelas, mas o processo de colonização/anexação foi mudando de mão em mão, várias vezes.
Em princípio, espanhóis e britânicos dividiram o território entre seus respectivos reino e império. Os franceses também chegaram e abocanharam um pedaço, mas posteriormente venderam sua parte para a Espanha.
Mas tudo isso no campo meramente territorial, pois durante séculos, as Ilhas não passavam de lugares inóspitos com poucos habitantes, nenhuma infraestrutura e poucos colonos vivendo de uma parca criação de cabras, ovelhas e agricultura primitiva.
Isso sem contar anos e anos de total abandono, com nenhum "dono" se importando com o território.
Contudo, no avançar dos tempos a disputa acirrou-se, já com a República Argentina independente, reclamando seus direitos territoriais.
Em 1966 por exemplo, houve uma tentativa de invasão, prontamente rechaçada pelos britânicos.
Mas foi em 1982 que a temperatura esquentou de vez, com a infame Guerra das Malvinas, quando o governo ditatorial dos militares argentinos manipulou a opinião pública, de maneira a inflamar um sentimento de patriotismo descabido em torno de uma causa sem sentido.
Para que a Argentina quer a posse das Ilhas Malvinas ? Qual o critério para se julgar ser aquele arquipélago, seu território legítimo ? Seria a questão da proximidade geográfica ? O fato de ter governado aquelas ilhas num período de 13 anos (entre 1820 e 1833) ? Ora, a ocupação se deu por força do envio de soldados mercenários e o Império Britânico estava totalmente desinteressado em dominá-lo nessa época. Quando mudou de ideia, apenas comunicou aos argentinos para se retirarem e retomou a posse sem problemas.
No caso da guerra de 1982, muitas vidas foram estúpidamente ceifadas em torno dessa aventura maluca dos militares argentinos.
Agora, a presidente Cristina Kirchner vem à público retomar essa reclamação e o governo Britânico esboça atenção, com manobras militares na região.
Todavia, agora enfim apareceu um motivo plausível, pois o governo britânico anunciou a descoberta de jazidas petrolíferas, portanto, a cobiça agora tem um motivo concreto.
E o que diz o povo das Falklands ? Em recentes dados revelados por institutos de pesquisa, a imensa maioria da população nem cogita deixar de ser britânica. Pelo contrário, os "Kelpers"como são conhecidos os nativos das Falklands, ironizam as pretensões dos argentinos.
Fala-se inglês em todo o território, a BBC é a TV mais vista, crianças jogam futebol nos campinhos usando camisetas dos times da Inglaterra e a diversão maior do povo, são os pubs, típicos britânicos.
Vox populi, vox dei ?
Falklands ou Malvinas ?
Um arquipélago remoto no extremo sul abaixo da linha do Equador, muito longe de tudo e perto do polo sul, formado por duas ilhas grandes e cerca de 700 ilhas minúsculas, é alvo de uma disputa territorial ferrenha há séculos.
Dominado pelos britânicos oficialmente desde 1833, as Ilhas Falkland são território de sua Majestade , a Rainha Elizabeth II e fim de papo para os britânicos. Mas não pensam assim os argentinos que as reclamam para si há séculos, desde sua independência da Espanha no século XIX.
Vamos aos fatos : Realmente essas ilhas tiveram muitos visitantes europeus ao longo dos tempos. Américo Vespúcio, comandante veneziano, foi o primeiro europeu a pisar nelas, mas o processo de colonização/anexação foi mudando de mão em mão, várias vezes.
Em princípio, espanhóis e britânicos dividiram o território entre seus respectivos reino e império. Os franceses também chegaram e abocanharam um pedaço, mas posteriormente venderam sua parte para a Espanha.
Mas tudo isso no campo meramente territorial, pois durante séculos, as Ilhas não passavam de lugares inóspitos com poucos habitantes, nenhuma infraestrutura e poucos colonos vivendo de uma parca criação de cabras, ovelhas e agricultura primitiva.
Isso sem contar anos e anos de total abandono, com nenhum "dono" se importando com o território.
Contudo, no avançar dos tempos a disputa acirrou-se, já com a República Argentina independente, reclamando seus direitos territoriais.
Em 1966 por exemplo, houve uma tentativa de invasão, prontamente rechaçada pelos britânicos.
Mas foi em 1982 que a temperatura esquentou de vez, com a infame Guerra das Malvinas, quando o governo ditatorial dos militares argentinos manipulou a opinião pública, de maneira a inflamar um sentimento de patriotismo descabido em torno de uma causa sem sentido.
Para que a Argentina quer a posse das Ilhas Malvinas ? Qual o critério para se julgar ser aquele arquipélago, seu território legítimo ? Seria a questão da proximidade geográfica ? O fato de ter governado aquelas ilhas num período de 13 anos (entre 1820 e 1833) ? Ora, a ocupação se deu por força do envio de soldados mercenários e o Império Britânico estava totalmente desinteressado em dominá-lo nessa época. Quando mudou de ideia, apenas comunicou aos argentinos para se retirarem e retomou a posse sem problemas.
No caso da guerra de 1982, muitas vidas foram estúpidamente ceifadas em torno dessa aventura maluca dos militares argentinos.
Agora, a presidente Cristina Kirchner vem à público retomar essa reclamação e o governo Britânico esboça atenção, com manobras militares na região.
Todavia, agora enfim apareceu um motivo plausível, pois o governo britânico anunciou a descoberta de jazidas petrolíferas, portanto, a cobiça agora tem um motivo concreto.
E o que diz o povo das Falklands ? Em recentes dados revelados por institutos de pesquisa, a imensa maioria da população nem cogita deixar de ser britânica. Pelo contrário, os "Kelpers"como são conhecidos os nativos das Falklands, ironizam as pretensões dos argentinos.
Fala-se inglês em todo o território, a BBC é a TV mais vista, crianças jogam futebol nos campinhos usando camisetas dos times da Inglaterra e a diversão maior do povo, são os pubs, típicos britânicos.
Vox populi, vox dei ?
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Ciclistas, Regras de Trânsito e Boa Educação
Texto de Luiz Domingues.
Ciclistas, Regras de Trânsito e Boa Educação
Tenho falado bastante sobre ambientalismo, ecologia e afins no Blog Planet Polêmica. Mas sempre procuro abordar o tema por um viés diferente da obviedade.
Claro que sou favorável à um mundo perfeitamente coadunado com condições ambientais limpas, sem abusos, sem desperdícios, sem agressões ao planeta, em todos os sentidos.
Contudo, enxergo muito oportunismo por trás de falsos ambientalistas e dessa forma, acabo colocando o dedo nessa ferida da hipocrisia de que muitos fazem uso, para exercerem seus interesses econômicos particulares.
Desta feita, não falarei sobre interesses escusos, mas sobre a absoluta falta de educação, encoberta por uma nobre iniciativa.
Estamos vivendo um colapso nas médias, grandes e gigantescas cidades em relação ao trânsito caótico, com excesso de carros, stress e emissão de agentes poluentes.
Considero o investimento em metrô, como a melhor solução possível para equacionar o problema. Todavia, nem só com uma malha metroviária eficiente, se resolve definitivamente essa equação.
Outros elementos são muito interessantes como apoio e entre eles, cito a bicicleta.
Não é preciso pensar muito para verificar que em diversos países, a bicicleta é um meio de transporte eficiente, prático, limpo ecológicamente e ainda por cima, uma grande arma contra o sedentarismo.
É perfeito certamente, o seu apoio por parte das autoridades, não discuto isso e aliás, apoio.
Minha bronca é contra a enorme quantidade de maus ciclistas, que acham que a bicicleta é isenta de obedecer as leis do trâsito.
Sob a desculpa de que as ruas são extremamente perigosas para o seu uso, ciclistas afoitos usam as calçadas como se fossem ciclovias, circulando em alta velocidade, arriscando a segurança e por que não dizer, a vida das pessoas.
E nesse teor de falta de educação, não há classe social ou faixa etária que se salve. Já vi pessoas com bicicletas caríssimas, equipamentos de segurança sofisticados e trajadas com elegância, cometendo barbaridades nas calçadas.
Outra pergunta básica : Por que não param nos semáforos quando a luz vermelha está acesa ? Olhei no Código Brasileiro de Trânsito e não achei nenhuma cláusula que os libere dessa conduta civilizada...
A ideia de atropelar pessoas não me parece coadunada com nenhum ideal ecológico, você não acha ?
O mesmo raciocínio serve para os motociclistas, skatistas, patinadores etc etc.
Eu sei que o ideal seria criar uma malha de ciclovias, mas enquanto essa importante providência não é realizada de forma contundente pelo poder público, será que daria para os ciclistas mal educados ao menos tomarem consciência de que calçadas não são pistas de velocidade e faixa de pedestre é prioridade para pessoas fazerem travessias ?
Ciclistas, Regras de Trânsito e Boa Educação
Tenho falado bastante sobre ambientalismo, ecologia e afins no Blog Planet Polêmica. Mas sempre procuro abordar o tema por um viés diferente da obviedade.
Claro que sou favorável à um mundo perfeitamente coadunado com condições ambientais limpas, sem abusos, sem desperdícios, sem agressões ao planeta, em todos os sentidos.
Contudo, enxergo muito oportunismo por trás de falsos ambientalistas e dessa forma, acabo colocando o dedo nessa ferida da hipocrisia de que muitos fazem uso, para exercerem seus interesses econômicos particulares.
Desta feita, não falarei sobre interesses escusos, mas sobre a absoluta falta de educação, encoberta por uma nobre iniciativa.
Estamos vivendo um colapso nas médias, grandes e gigantescas cidades em relação ao trânsito caótico, com excesso de carros, stress e emissão de agentes poluentes.
Considero o investimento em metrô, como a melhor solução possível para equacionar o problema. Todavia, nem só com uma malha metroviária eficiente, se resolve definitivamente essa equação.
Outros elementos são muito interessantes como apoio e entre eles, cito a bicicleta.
Não é preciso pensar muito para verificar que em diversos países, a bicicleta é um meio de transporte eficiente, prático, limpo ecológicamente e ainda por cima, uma grande arma contra o sedentarismo.
É perfeito certamente, o seu apoio por parte das autoridades, não discuto isso e aliás, apoio.
Minha bronca é contra a enorme quantidade de maus ciclistas, que acham que a bicicleta é isenta de obedecer as leis do trâsito.
Sob a desculpa de que as ruas são extremamente perigosas para o seu uso, ciclistas afoitos usam as calçadas como se fossem ciclovias, circulando em alta velocidade, arriscando a segurança e por que não dizer, a vida das pessoas.
E nesse teor de falta de educação, não há classe social ou faixa etária que se salve. Já vi pessoas com bicicletas caríssimas, equipamentos de segurança sofisticados e trajadas com elegância, cometendo barbaridades nas calçadas.
Outra pergunta básica : Por que não param nos semáforos quando a luz vermelha está acesa ? Olhei no Código Brasileiro de Trânsito e não achei nenhuma cláusula que os libere dessa conduta civilizada...
A ideia de atropelar pessoas não me parece coadunada com nenhum ideal ecológico, você não acha ?
O mesmo raciocínio serve para os motociclistas, skatistas, patinadores etc etc.
Eu sei que o ideal seria criar uma malha de ciclovias, mas enquanto essa importante providência não é realizada de forma contundente pelo poder público, será que daria para os ciclistas mal educados ao menos tomarem consciência de que calçadas não são pistas de velocidade e faixa de pedestre é prioridade para pessoas fazerem travessias ?
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Preocupação Ecológica ou Outros Interesses ?
Preocupação ecológica ou outros interesses ?
Desde janeiro de 2012, entrou em vigor em São Paulo, uma nova Lei que proibiu o uso de sacolas plásticas em supermercados. A Lei já estava vigorando em Belo Horizonte, alguns meses antes.
Numa primeira análise, parece uma medida de intenções ecológicas. Como discordar de uma ação desse nível, visto que numa conta grosseira, estima-se que só na cidade de São Paulo, 600 milhões de sacolinhas plásticas eram consumidas mensalmente ?
O grande problema do uso de tais materiais plásticos, era que as pessoas acostumaram-se ao longo dos anos, a usarem-nas com uma segunda função caseira, além do transporte das compras do mercado para casa. Ou seja, passaram a armazenar o lixo doméstico visando entregá-lo para a coleta.
Dessa forma, em dias chuvosos, esses pacotes mal acondicionados e soltos pelas ruas, passaram a entupir bueiros e bocas-de-lobo e lógicamente tornaram-se os vilões das enchentes constantes.
Isso sem contar as explicações biológicas plausíveis sobre o tempo absurdo que demoram para serem absorvidas pela natureza. Argumento inquestionável.
Assim, como não se engajar nessa nova determinação, não é mesmo ?
Mas, antes que aceitemos passivamente a suposta preocupação ecológica de nossos mandatários, faz-se necessária uma reflexão.
As sacolas demoram a se biodegradar, enchem bueiros etc. Ora, e se as pessoas parassem de jogar lixo nas ruas, isso não ajudaria ? E se a prefeitura fosse 100 % eficaz na limpeza dos bueiros e na coleta de lixo, não ajudaria ? E se o lixo ao invés de jogado em aterros fétidos, fosse incinerado e usassem sua combustão para obter gás, não seria uma medida ecológica (e bem vinda como economia) ?
Ao invés de proibir as sacolas, pura e simplesmente, não seria muito mais produtivo num médio e longo prazo, investir pesado em educação ambiental nas escolas, formando os cidadãos do futuro ?
Aí eu me lembro que outros tipos de sacolas, retornáveis ou não, são sugeridas pelas autoridades. Ora, alguém fabrica esse tipo de material "recomendado", não é verdade ?
Isso me faz lembrar da Lei de obrigatoriedade do Kit de primeiros socorros, anos atrás, lembra-se ? Certos fabricantes desse tipo de estojinho, enriqueceram da noite para o dia. Coincidência, quero crer.
A Lei que baniu os Out-Doors de São Paulo foi muito elogiada, anos atrás, também, lembra-se ? Quem não gostou de ver São Paulo muito menos poluida ? Super bacana...mas o que será que aconteceu com as empresas que viviam desse tipo de mídia comercial ?
Então, amigos, o questionamento é esse : O poder público parece preferir medidas bombásticas e antipáticamente invasivas, mas na prática, pouco se esforça para solucionar os grandes desafios dos desgastes urbanos.
Que todo mundo tem que colaborar na coleta e na separação do material reciclável, não tenho nenhuma dúvida. Particularmente, faço-o com prazer. Mas e o poder público, o que faz, exatamente ?
Texto de Luiz Domingues.
Desde janeiro de 2012, entrou em vigor em São Paulo, uma nova Lei que proibiu o uso de sacolas plásticas em supermercados. A Lei já estava vigorando em Belo Horizonte, alguns meses antes.
Numa primeira análise, parece uma medida de intenções ecológicas. Como discordar de uma ação desse nível, visto que numa conta grosseira, estima-se que só na cidade de São Paulo, 600 milhões de sacolinhas plásticas eram consumidas mensalmente ?
O grande problema do uso de tais materiais plásticos, era que as pessoas acostumaram-se ao longo dos anos, a usarem-nas com uma segunda função caseira, além do transporte das compras do mercado para casa. Ou seja, passaram a armazenar o lixo doméstico visando entregá-lo para a coleta.
Dessa forma, em dias chuvosos, esses pacotes mal acondicionados e soltos pelas ruas, passaram a entupir bueiros e bocas-de-lobo e lógicamente tornaram-se os vilões das enchentes constantes.
Isso sem contar as explicações biológicas plausíveis sobre o tempo absurdo que demoram para serem absorvidas pela natureza. Argumento inquestionável.
Assim, como não se engajar nessa nova determinação, não é mesmo ?
Mas, antes que aceitemos passivamente a suposta preocupação ecológica de nossos mandatários, faz-se necessária uma reflexão.
As sacolas demoram a se biodegradar, enchem bueiros etc. Ora, e se as pessoas parassem de jogar lixo nas ruas, isso não ajudaria ? E se a prefeitura fosse 100 % eficaz na limpeza dos bueiros e na coleta de lixo, não ajudaria ? E se o lixo ao invés de jogado em aterros fétidos, fosse incinerado e usassem sua combustão para obter gás, não seria uma medida ecológica (e bem vinda como economia) ?
Ao invés de proibir as sacolas, pura e simplesmente, não seria muito mais produtivo num médio e longo prazo, investir pesado em educação ambiental nas escolas, formando os cidadãos do futuro ?
Aí eu me lembro que outros tipos de sacolas, retornáveis ou não, são sugeridas pelas autoridades. Ora, alguém fabrica esse tipo de material "recomendado", não é verdade ?
Isso me faz lembrar da Lei de obrigatoriedade do Kit de primeiros socorros, anos atrás, lembra-se ? Certos fabricantes desse tipo de estojinho, enriqueceram da noite para o dia. Coincidência, quero crer.
A Lei que baniu os Out-Doors de São Paulo foi muito elogiada, anos atrás, também, lembra-se ? Quem não gostou de ver São Paulo muito menos poluida ? Super bacana...mas o que será que aconteceu com as empresas que viviam desse tipo de mídia comercial ?
Então, amigos, o questionamento é esse : O poder público parece preferir medidas bombásticas e antipáticamente invasivas, mas na prática, pouco se esforça para solucionar os grandes desafios dos desgastes urbanos.
Que todo mundo tem que colaborar na coleta e na separação do material reciclável, não tenho nenhuma dúvida. Particularmente, faço-o com prazer. Mas e o poder público, o que faz, exatamente ?
Texto de Luiz Domingues.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
A Perda da Identidade.
Texto de Luiz Domingues.
A perda da identidade
Um dos primeiros atos de hostilidade dentro da polarização entre as frentes ideológicas de direita e esquerda, foi sem dúvida a Guerra Civil Espanhola.
Milhares de idealistas, oriundos de 54 países diferentes, se alinharam nas Brigadas Internacionais para enfrentar as forças do general Francisco Franco, que por sua vez tinha apoio de Adolph Hitler, inclusive com colaboração militar.
Batalhas duríssimas foram travadas nos fronts de Madrid, Jarama, Guadalajara, Brunete, Teruel, Ebro, Albacete, Valencia etc.
Com a força militar nazista apoiando, ficou mesmo difícil para os brigadistas, e Franco triunfou, deixando a Espanha por décadas estagnada numa ditadura que lhe custou permanecer na retaguarda, relegada à um patamar de inferioridade em relação à outras nações européias, assim como Portugal, com o poder de Salazar.
E o que aconteceu com esses brigadistas que lutaram movidos por seus ideais socialistas ?
Fora os que tombaram nos campos de batalha, os que foram capturados, foram levados para campos de concentração na própria Espanha em princípio e também na França.
Com o início da II Guerra Mundial, muitos foram deslocados para a Alemanha e redistribuidos para os campos de concentração nazistas, onde evidentemente foram exterminados.
Mas, uma situação inusitada se criou, pois muitos deles que escaparam, perderam sua condição de cidadãos e foram condenados a viverem na clandestinidade, assumindo falsas identidades, pois tornaram-se apátridas e personas não gratas em diversos países do mundo.
Óbviamente não era possível viver na Espanha, Alemanha, Itália, Áustria e na Checoslováquia, dominada por nazifascistas.
Mas por incrível que pareça, não encontraram apoio em países alinhados com o bloco soviético. Eram recusados na Romênia, Bulgária, Iugoslávia, Hungria e na própria União Soviética, onde passaram a ser considerados como pessoas "não confiáveis".
O mesmo conceito lhes era imputado nos Estados Unidos, França, Inglaterra e Irlanda.
Restava-lhes alternativas de segundo e terceiro escalão, mas mesmo assim, ficou difícil. O Brasil de Vargas flertava com Hitler e Mussolini e só alinhou-se aos aliados na parte final da Guerra, praticamente. A Argentina também tinha simpatia pelo Eixo.
Muitos acabaram se aliando enfim à resistência francesa e sua experiência foi fundamental para minar os nazistas.
Mas muitos perderam a identidade, tornando-se apátridas, rejeitados e considerados "mercenários", acusação esta, ultrajante, por sinal.
A coragem desses idealistas em se alistarem numa causa que só lhes dizia respeito sob o ponto de vista teórico, é admirável. Mas fica também uma dúvida pairando no ar : Valeu mesmo a pena ter se engajado numa luta desse porte, numa terra estrangeira e ter como resultado prático toda essa perda pessoal ?
Venceu a direita, perdeu a esquerda...alguns anos depois Franco morreu sem deixar saudade a não ser para seus correligionários e a Espanha voltou a crescer e tirar o atraso cultural. Do outro lado, todo esse sacrifício para manter e impor os ideais de Karl Marx aos vizinhos, esvaneceu-se, culminando num muro derrubado, escancarando o fracasso dessa "igualdade" forjada à forceps.http://www.blogger.com/img/blank.gif
Na falta de um sistema político e sócio-econômico realmente justo e bem organizado, visando o bem estar e com oportunidades para todos, nem o capitalismo, tampouco o comunismo deram respostas aceitáveis à humanidade.
Sendo assim, qual a luta que realmente merece ser travada ?
Graham Nash , com a musica "Military Madness", um comovente hino contra o militarismo.
A perda da identidade
Um dos primeiros atos de hostilidade dentro da polarização entre as frentes ideológicas de direita e esquerda, foi sem dúvida a Guerra Civil Espanhola.
Milhares de idealistas, oriundos de 54 países diferentes, se alinharam nas Brigadas Internacionais para enfrentar as forças do general Francisco Franco, que por sua vez tinha apoio de Adolph Hitler, inclusive com colaboração militar.
Batalhas duríssimas foram travadas nos fronts de Madrid, Jarama, Guadalajara, Brunete, Teruel, Ebro, Albacete, Valencia etc.
Com a força militar nazista apoiando, ficou mesmo difícil para os brigadistas, e Franco triunfou, deixando a Espanha por décadas estagnada numa ditadura que lhe custou permanecer na retaguarda, relegada à um patamar de inferioridade em relação à outras nações européias, assim como Portugal, com o poder de Salazar.
E o que aconteceu com esses brigadistas que lutaram movidos por seus ideais socialistas ?
Fora os que tombaram nos campos de batalha, os que foram capturados, foram levados para campos de concentração na própria Espanha em princípio e também na França.
Com o início da II Guerra Mundial, muitos foram deslocados para a Alemanha e redistribuidos para os campos de concentração nazistas, onde evidentemente foram exterminados.
Mas, uma situação inusitada se criou, pois muitos deles que escaparam, perderam sua condição de cidadãos e foram condenados a viverem na clandestinidade, assumindo falsas identidades, pois tornaram-se apátridas e personas não gratas em diversos países do mundo.
Óbviamente não era possível viver na Espanha, Alemanha, Itália, Áustria e na Checoslováquia, dominada por nazifascistas.
Mas por incrível que pareça, não encontraram apoio em países alinhados com o bloco soviético. Eram recusados na Romênia, Bulgária, Iugoslávia, Hungria e na própria União Soviética, onde passaram a ser considerados como pessoas "não confiáveis".
O mesmo conceito lhes era imputado nos Estados Unidos, França, Inglaterra e Irlanda.
Restava-lhes alternativas de segundo e terceiro escalão, mas mesmo assim, ficou difícil. O Brasil de Vargas flertava com Hitler e Mussolini e só alinhou-se aos aliados na parte final da Guerra, praticamente. A Argentina também tinha simpatia pelo Eixo.
Muitos acabaram se aliando enfim à resistência francesa e sua experiência foi fundamental para minar os nazistas.
Mas muitos perderam a identidade, tornando-se apátridas, rejeitados e considerados "mercenários", acusação esta, ultrajante, por sinal.
A coragem desses idealistas em se alistarem numa causa que só lhes dizia respeito sob o ponto de vista teórico, é admirável. Mas fica também uma dúvida pairando no ar : Valeu mesmo a pena ter se engajado numa luta desse porte, numa terra estrangeira e ter como resultado prático toda essa perda pessoal ?
Venceu a direita, perdeu a esquerda...alguns anos depois Franco morreu sem deixar saudade a não ser para seus correligionários e a Espanha voltou a crescer e tirar o atraso cultural. Do outro lado, todo esse sacrifício para manter e impor os ideais de Karl Marx aos vizinhos, esvaneceu-se, culminando num muro derrubado, escancarando o fracasso dessa "igualdade" forjada à forceps.http://www.blogger.com/img/blank.gif
Na falta de um sistema político e sócio-econômico realmente justo e bem organizado, visando o bem estar e com oportunidades para todos, nem o capitalismo, tampouco o comunismo deram respostas aceitáveis à humanidade.
Sendo assim, qual a luta que realmente merece ser travada ?
Graham Nash , com a musica "Military Madness", um comovente hino contra o militarismo.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Drogas, Questão Dúbia.
Texto de Luiz Domingues.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tomou uma corajosa posição ao se engajar num documentário que abertamente levanta a questão da liberalização das drogas ("Quebrando o Tabu", de Fernando Grostein Andrade).
Particularmente, fiquei surpreendido , pois não esperaria uma atitude dessas do ex-presidente, que nas últimas décadas nem lembrava o combativo político idealista e anti-ditadura, ao seguir a tendência tucana de se aliar à direita, tornando-o um aparente conservador, que certamente destoa de sua biografia pregressa.
Contudo, está explicado porque o seu partido praticamente o marginalizou nas últimas eleições presidenciais, quase explicitando uma vergonha interna, quando na verdade, sua figura como presidente vitorioso com dois mandatos, deveria ser o principal trunfo do partido.
Saindo da política e falando do tema do documentário, só os realmente retrógados, não entenderam a intenção de FHC. Não há nenhuma intenção de fazer apologia às drogas. A questão é o completo fracasso da política de repressão montada para coibir o consumo, que só fez fomentar a indústria do tráfico, com um aparato bélico digno de exércitos, para que esses bandidos aterrorizem a sociedade.
Que as drogas fazem um estrago na saúde física, mental, espiritual e social das pessoas, eu não tenho nenhuma dúvida. O que questiono, assim como o ex-presidente muito bem coloca no documentário, é a política repressora e encriminatória, que revelou-se um completo fracasso nas últimas décadas e foi praticamente imposta pela visão norte-americana do problema.
Há os que argumentam que o controle do Estado deva ser absoluto e se afrouxasse , seria ainda pior.
Discordo desse ponto de vista por vários fatores:
1) Reprimir criminalizando os consumidores, diminuiu o consumo ? É claro que não ! E pelo contrário, só fortaleceu os traficantes que montaram verdadeiros exércitos para defender seu negócio.
2) A sobrecarga de trabalho às forças policiais é brutal, por travarem uma luta insana. Enquanto se preocupam em enfrentar traficantes e reprimir usuários, ficam longe de suas verdadeiras atribuições, evitando assaltos, estupros, violência, vandalismo, golpes, furtos, roubos etc.
3) O Estado não pode "mandar" no livre arbítrio das pessoas em relação aos seus próprios corpos. Pessoas adultas tem o direito de cuidarem de suas vidas, fazendo suas escolhas pessoais sobre o que ingerem. Se não prejudicam outras pessoas ou o patrimônio alheio, devem ser livres para fazerem suas escolhas pessoais.
4) A questão gritante da hipocrisia e preconceito é fator execrável a ser abolido. Por que os mesmos reacionários que defendem a manutenção do atual Status Quo da política repressora em relação às drogas ditas ilícitas, não defendem a proibição sumária das bebidas alcoólicas e do tabaco ?
Pois é amigos...é sabido desde sempre, que estas drogas "lícitas" e vendidas em todas as esquinas legalmente, produzem os piores viciados, matam, criam embaraços multiplos (A sociedade não aguenta mais esses famigerados bêbados matando pessoas todos os dias no trânsito, não é verdade ?). Contudo, as mesmas vozes que execram outras drogas, não acham que essas "lícitas" sejam tão prejudiciais...
5) Os danos causados ao organismo físico e à psiquê humana, são sistemáticos para todas as drogas, mas é muito discutível a questão do efeito estimulador das drogas no comportamento, a grosso modo. A droga potencializa o que é o estrato de cada pessoa. Se um garoto de baixo nível sócio-cultural, pouca instrução e criado num ambiente agressivo se drogar, é muito provável que tenha uma tendência a envolver-se com o crime, praticar delitos etc. Um outro garoto, de formação mais avantajada socialmente falando, pode fazer uso da mesma substância e sentir-se estimulado apenas a ouvir música, dançar e flertar numa "balada".
6) A contrapartida de uma eventual liberalização, seria o investimento maciço no aparato de saúde pública e na educação. Campanhas bem estruturadas esclarecendo com correção os malefícios do uso dessas substâncias, incluso álcool e tabaco e pronta assistência médica, com instalações, equipamentos e profissionais bem capacitados e remunerados. E ainda assim, o governo gastaria muito menos, do que gasta atualmente mantendo a repressão, mais sobrecarga no sistema jurídico e penitenciário.
7) Outra contrapartida, seria um equilíbrio de forças na balança da justiça. Da mesma forma que as pessoas seriam livres conforme a sua consciência para consumirem livremente o que desejassem, assumiriam integralmente seus atos mediante um código penal duríssimo. Cometeu um crime alcoolizado ou drogado ? Uma pena muito dura e sem a atual escala de abrandamentos que o sistema brasileiro oferece. Bom comportamento ? Mera obrigação para não postergar o cumprimento da pena. 30 anos de reclusão ? Nenhum minuto a menos e assim por diante. E claro, trabalhando...precisamos de muita força bruta na manutenção das péssimas estradas federais, construção de casas populares etc.
8) Evidentemente que isso quebraria as organizações criminosas. Os pessimistas de plantão vão argumentar que eles apenas mudariam de modalidade criminosa. Mas até que isso acontecesse, será que o governo não teria tempo, capacidade e dinheiro economizado para investir em tecnologia e inteligência policial ?
Não estou fazendo apologia às drogas. Que fique bem claro ! Questiono, assim como o ex-presidente FHC, a manutenção da atual política repressora, que revelou-se completamente ineficaz e com este texto, abro uma discussão, colhendo opiniões, apenas isso.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tomou uma corajosa posição ao se engajar num documentário que abertamente levanta a questão da liberalização das drogas ("Quebrando o Tabu", de Fernando Grostein Andrade).
Particularmente, fiquei surpreendido , pois não esperaria uma atitude dessas do ex-presidente, que nas últimas décadas nem lembrava o combativo político idealista e anti-ditadura, ao seguir a tendência tucana de se aliar à direita, tornando-o um aparente conservador, que certamente destoa de sua biografia pregressa.
Contudo, está explicado porque o seu partido praticamente o marginalizou nas últimas eleições presidenciais, quase explicitando uma vergonha interna, quando na verdade, sua figura como presidente vitorioso com dois mandatos, deveria ser o principal trunfo do partido.
Saindo da política e falando do tema do documentário, só os realmente retrógados, não entenderam a intenção de FHC. Não há nenhuma intenção de fazer apologia às drogas. A questão é o completo fracasso da política de repressão montada para coibir o consumo, que só fez fomentar a indústria do tráfico, com um aparato bélico digno de exércitos, para que esses bandidos aterrorizem a sociedade.
Que as drogas fazem um estrago na saúde física, mental, espiritual e social das pessoas, eu não tenho nenhuma dúvida. O que questiono, assim como o ex-presidente muito bem coloca no documentário, é a política repressora e encriminatória, que revelou-se um completo fracasso nas últimas décadas e foi praticamente imposta pela visão norte-americana do problema.
Há os que argumentam que o controle do Estado deva ser absoluto e se afrouxasse , seria ainda pior.
Discordo desse ponto de vista por vários fatores:
1) Reprimir criminalizando os consumidores, diminuiu o consumo ? É claro que não ! E pelo contrário, só fortaleceu os traficantes que montaram verdadeiros exércitos para defender seu negócio.
2) A sobrecarga de trabalho às forças policiais é brutal, por travarem uma luta insana. Enquanto se preocupam em enfrentar traficantes e reprimir usuários, ficam longe de suas verdadeiras atribuições, evitando assaltos, estupros, violência, vandalismo, golpes, furtos, roubos etc.
3) O Estado não pode "mandar" no livre arbítrio das pessoas em relação aos seus próprios corpos. Pessoas adultas tem o direito de cuidarem de suas vidas, fazendo suas escolhas pessoais sobre o que ingerem. Se não prejudicam outras pessoas ou o patrimônio alheio, devem ser livres para fazerem suas escolhas pessoais.
4) A questão gritante da hipocrisia e preconceito é fator execrável a ser abolido. Por que os mesmos reacionários que defendem a manutenção do atual Status Quo da política repressora em relação às drogas ditas ilícitas, não defendem a proibição sumária das bebidas alcoólicas e do tabaco ?
Pois é amigos...é sabido desde sempre, que estas drogas "lícitas" e vendidas em todas as esquinas legalmente, produzem os piores viciados, matam, criam embaraços multiplos (A sociedade não aguenta mais esses famigerados bêbados matando pessoas todos os dias no trânsito, não é verdade ?). Contudo, as mesmas vozes que execram outras drogas, não acham que essas "lícitas" sejam tão prejudiciais...
5) Os danos causados ao organismo físico e à psiquê humana, são sistemáticos para todas as drogas, mas é muito discutível a questão do efeito estimulador das drogas no comportamento, a grosso modo. A droga potencializa o que é o estrato de cada pessoa. Se um garoto de baixo nível sócio-cultural, pouca instrução e criado num ambiente agressivo se drogar, é muito provável que tenha uma tendência a envolver-se com o crime, praticar delitos etc. Um outro garoto, de formação mais avantajada socialmente falando, pode fazer uso da mesma substância e sentir-se estimulado apenas a ouvir música, dançar e flertar numa "balada".
6) A contrapartida de uma eventual liberalização, seria o investimento maciço no aparato de saúde pública e na educação. Campanhas bem estruturadas esclarecendo com correção os malefícios do uso dessas substâncias, incluso álcool e tabaco e pronta assistência médica, com instalações, equipamentos e profissionais bem capacitados e remunerados. E ainda assim, o governo gastaria muito menos, do que gasta atualmente mantendo a repressão, mais sobrecarga no sistema jurídico e penitenciário.
7) Outra contrapartida, seria um equilíbrio de forças na balança da justiça. Da mesma forma que as pessoas seriam livres conforme a sua consciência para consumirem livremente o que desejassem, assumiriam integralmente seus atos mediante um código penal duríssimo. Cometeu um crime alcoolizado ou drogado ? Uma pena muito dura e sem a atual escala de abrandamentos que o sistema brasileiro oferece. Bom comportamento ? Mera obrigação para não postergar o cumprimento da pena. 30 anos de reclusão ? Nenhum minuto a menos e assim por diante. E claro, trabalhando...precisamos de muita força bruta na manutenção das péssimas estradas federais, construção de casas populares etc.
8) Evidentemente que isso quebraria as organizações criminosas. Os pessimistas de plantão vão argumentar que eles apenas mudariam de modalidade criminosa. Mas até que isso acontecesse, será que o governo não teria tempo, capacidade e dinheiro economizado para investir em tecnologia e inteligência policial ?
Não estou fazendo apologia às drogas. Que fique bem claro ! Questiono, assim como o ex-presidente FHC, a manutenção da atual política repressora, que revelou-se completamente ineficaz e com este texto, abro uma discussão, colhendo opiniões, apenas isso.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Só os Cães Merecem Compaixão ?
Só os cães merecem compaixão ?
Texto de Luiz Domingues.
Recentemente as redes sociais da internet alardearam o caso de uma mulher no interior de Goiás, que torturou e matou bárbaramente um cachorro da raça Yorkshire.
Flagrada em delito por um cinegrafista amador que filmou as cenas terríveis de crueldade, foi execrada com um linchamento virtual sem precedentes.
Seu ato foi de uma perversidade incrível.
É claro que deve ser responsabilizada, julgada e condenada pela justiça. E que uma punição dura sirva de exemplo a tantos sádicos que andam por aí, torturando cães, gatos e aves domésticas, mais costumeiramente.
Até aí estou de acordo com a comoção toda, ainda que com reservas, pois linchar não é o caminho. Mas quero enfocar algo que parece passar ao largo da discussão toda em torno do pobre cãozinho.
O ponto é : Só cachorrinhos maltratados causam essa indignação toda ? Um pouco para os gatos, um pouco aos passarinhos e nenhuma espécie mais ?
Enquanto o cãozinho de Goiás era torturado e morto, milhares de bovinos, galináceos, peixes, suínos, aves e outras tantas espécies, eram brutalmente assassinados para servirerm de matéria prima para toda sorte de ações extrativistas, numa prática diária.
As mesmas pessoas que se indignaram nos "Facebooks" por aí, não movem um milímetro de suas sobrancelhas para se revoltarem com tal realidade.
Pelo contrário, acham normal essa matança, tortura e humilhação. Talvez por considerarem que uma espécie merece todo o carinho dos humanos e outras, só prestam para lhes arrancarmos o couro, comermos sua carne e usarmos outros pedaços como insumos para cosméticos, sapatos e roupas, sei lá...deve ser assim que pensam esses milhões de indignados com o caso do cãozinho Yorkshire.
É possível que numa outra cultura diferente da ocidental, onde a carne canina seja apreciada como gastronomia, não houvesse um único "curti", nenhum compartilhamento etc.
Não vejo uma mobilização tão grande assim contra a indústria petrolífera que recentemente causou um estrago no mar territorial brasileiro. Certamente o dano ambiental causado vai matar milhões de peixes e outras espécies marinhas, mas só vejo lamentos pelo prejuízo financeiro decorrente disso.
Que se danem aqueles peixinhos, não é mesmo ? Afinal de contas, eles não são os melhores amigos do homem...
Experiências com camundongos, mutilando-os e expondo-os a terríveis doenças em laboratórios, não tiram o sono de quase ninguém, mas bastou um E-Mail circular na internet mostrando cães da raça Beagle, nessa situação de cobaias de laboratórios e outra comoção pública foi instaurada...
Então, a questão é a seguinte : Está na hora das pessoas pesarem na balança os seus conceitos e pararem com essa hipocrisia barata. Se é para se indignarem, que sigam o exemplo de São Francisco de Assis, que nos ensinou a amar os animais, de forma integral e não discriminatória.
Todas as espécies merecem o nosso respeito e tem o direito de viver seu ciclo de vida e morte nos trâmites da natureza e sem maus tratos perpetrados pelos humanos.
Texto de Luiz Domingues.
Recentemente as redes sociais da internet alardearam o caso de uma mulher no interior de Goiás, que torturou e matou bárbaramente um cachorro da raça Yorkshire.
Flagrada em delito por um cinegrafista amador que filmou as cenas terríveis de crueldade, foi execrada com um linchamento virtual sem precedentes.
Seu ato foi de uma perversidade incrível.
É claro que deve ser responsabilizada, julgada e condenada pela justiça. E que uma punição dura sirva de exemplo a tantos sádicos que andam por aí, torturando cães, gatos e aves domésticas, mais costumeiramente.
Até aí estou de acordo com a comoção toda, ainda que com reservas, pois linchar não é o caminho. Mas quero enfocar algo que parece passar ao largo da discussão toda em torno do pobre cãozinho.
O ponto é : Só cachorrinhos maltratados causam essa indignação toda ? Um pouco para os gatos, um pouco aos passarinhos e nenhuma espécie mais ?
Enquanto o cãozinho de Goiás era torturado e morto, milhares de bovinos, galináceos, peixes, suínos, aves e outras tantas espécies, eram brutalmente assassinados para servirerm de matéria prima para toda sorte de ações extrativistas, numa prática diária.
As mesmas pessoas que se indignaram nos "Facebooks" por aí, não movem um milímetro de suas sobrancelhas para se revoltarem com tal realidade.
Pelo contrário, acham normal essa matança, tortura e humilhação. Talvez por considerarem que uma espécie merece todo o carinho dos humanos e outras, só prestam para lhes arrancarmos o couro, comermos sua carne e usarmos outros pedaços como insumos para cosméticos, sapatos e roupas, sei lá...deve ser assim que pensam esses milhões de indignados com o caso do cãozinho Yorkshire.
É possível que numa outra cultura diferente da ocidental, onde a carne canina seja apreciada como gastronomia, não houvesse um único "curti", nenhum compartilhamento etc.
Não vejo uma mobilização tão grande assim contra a indústria petrolífera que recentemente causou um estrago no mar territorial brasileiro. Certamente o dano ambiental causado vai matar milhões de peixes e outras espécies marinhas, mas só vejo lamentos pelo prejuízo financeiro decorrente disso.
Que se danem aqueles peixinhos, não é mesmo ? Afinal de contas, eles não são os melhores amigos do homem...
Experiências com camundongos, mutilando-os e expondo-os a terríveis doenças em laboratórios, não tiram o sono de quase ninguém, mas bastou um E-Mail circular na internet mostrando cães da raça Beagle, nessa situação de cobaias de laboratórios e outra comoção pública foi instaurada...
Então, a questão é a seguinte : Está na hora das pessoas pesarem na balança os seus conceitos e pararem com essa hipocrisia barata. Se é para se indignarem, que sigam o exemplo de São Francisco de Assis, que nos ensinou a amar os animais, de forma integral e não discriminatória.
Todas as espécies merecem o nosso respeito e tem o direito de viver seu ciclo de vida e morte nos trâmites da natureza e sem maus tratos perpetrados pelos humanos.
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