Texto de Luiz Domingues.
Na Mira do Toureiro
Tornou-se corriqueira a notícia de brasileiros chegando ao aeroporto de Barajas em Madri e serem impedidos de entrar na Espanha.
Pior que isso, geralmente são vítimas de todo o tipo de constrangimentos, maus tratos, humilhações etc.
Alegando que os brasileiros são atualmente o grupo que mais tenta entrar para viver clandestinamente naquele país, entraram na mira das autoridades da imigração daquele país.
Até aí, é compreensível que queiram se resguardar da entrada indiscriminada de imigrantes ilegais e naturalmente evitar um transtôrno social, ainda mais em tempos de vacas magras com a crise assolando a Europa.
Mas muitos abusos foram cometidos em nome dessa prerrogativa legítima.
Há casos de pessoas munidas de todas as exigências mínimas necessárias, convencionadas pela Lei espanhola e barradas de forma arbitrária.
Não faz muito tempo, um grupo de professores indo àquele país ibérico para um congresso, foi impedido de entrar.
Outro dia, uma brasileira foi impedida de fazer uma conexão, perdendo toda a planificação de sua viagem à outro país europeu. Ela nem ficaria na Espanha, só estava de passagem !
Causou comoção o caso de uma senhora idosa que ficou sete dias detida, se alimentando mal, pois estava indo visitar uma filha que está lá ilegalmente.
Baseando-se na Lei que obriga o visitante indesejado, voltar ao seu país de origem pela mesma companhia aérea pela qual chegou, não é raro o caso de pessoas serem obrigadas a ficar dias esperando pela volta, confinadas em saletas insalubres de uso da polícia no aeroporto de Barajas.
E o que eles exigem ?
Passaporte em vigor, 500 euros em dinheiro vivo, seguro de saúde, passagem de volta ao Brasil marcada e comprovante de reserva num hotel.
Não é nenhum bicho de sete cabeças e convenhamos, outros países são muito mais invasivos, como por exemplo os Estados Unidos, onde a obtenção de visto nos consulados, chega à constrangimentos que nem a receita federal exige dos contribuintes.
Agora, o que justifica a não admissão do visitante, se tem em mãos todos os documentos e o dinheiro mínimo exigido ? O critério é a "cara" do cliente, como geralmente ocorre nas famigeradas portas anti-metal dos bancos que travam mesmo quando uma pessoa não tem nem um objeto metálico no corpo ?
Em represália, o Brasil passou a adotar o mesmo critério em relação aos visitantes espanhóis. Se por um lado está respaldado pela legitimidade, por outro, arriscou-se a cometer o mesmo erro, que evidentemente só pode ser interpretado como ferramenta de coação diplomática.
Todavia, como sempre, quem sofre é o cidadão comum. Se o cidadão tem em mãos todos os documentos necessários, não há porque impedi-lo de entrar e se constatado de fato que não tem condições de fazê-lo, nada justifica o tratamento aviltante que temos visto, relatados pelas pessoas.
Eu sou a favor da reciprocidade nesse caso. O Brasil por ser muito "bonzinho" não é levado à sério pelos países ditos do 1º mundo. Não é legal isso, mas não tem outro jeito para ser respeitado.
ResponderExcluirFaz sentido o seu comentário em linhas gerais, Lu. Realmente se afrouxa, o país passa a imagem de que sujeita-se a qualquer tipo de violação, passivamente. E concordo contigo num ponto, também não acho a melhor medida.
ExcluirMuito obrigado pela atenção e carinho em postar um comentário !
Um coisa é ser prudente em relação a quem entra e sai do país, outra coisa é ser preconceituoso e xenofóbico! Não há motivos para barrar pessoas que atendem a todos os requisitos pedidos para ingressar no país! Tenho certeza que eles não devem gostar nem um pouco de passarem por essa situação aqui no Brasil. Por isso acho que devemos não ser injustos, mas muito mais exigentes com os estrangeiros que entram no nosso país, para que não mais vivamos no país "casa da mãe joana".
ResponderExcluirExatamente, Fernanda ! O que está ocorrendo no aeroporto de Barajas , está longe da prudência, pois trata-se de preconceito explícito, desdém, xenofobia, violação dos direitos humanos,ou seja, uma boa dose de nazifascismo, que sempre aparece em momentos de crise, elegendo os estrangeiros como vilões pela falta de empregos e oportunidades. Foi assim em vários momentos da história e se repete não só na Espanha, mas também em outros países da Europa, infelizmente.
ExcluirAcho um passo atrás, diplomáticamente falando, adotar a reciprocidade. O ideal seria um mundo sem fronteiras, passaportes ou quaisquer restrições no ir e vir. Contudo, como esse pensamento nobre ainda é utópico, o Brasil deve reagir de alguma forma.
Muito obrigado pela atenção e comentário !
Concordo com o Brasil adotar as mesmas medidas,olho por olho, dente por dente.
ResponderExcluirKim: Sinceramente eu não gosto dessa reciprocidade, mas se não há outra ferramenta de persuasão para que a Espanha ceda nos seus propósitos em relação à entrada de estrangeiros no seu território, não vejo melhor saída no momento.
ExcluirObrigado e um abraço !!
Luiz,
ResponderExcluirIsso vai muito além da necessidade de se ter diplomacia. É uma questão de território e economia, de defesa do que é seu. Assunto que o Brasil ainda não pratica com veemência, e age até ao contrário... Os países europeus são muito mais antigos que o Brasil, e se julgam mais "civilizados". Acham que ainda somos terceiro mundo. Não querem "forasteiros" invadindo o que eles construíram ao longo de muitos séculos e guerras. Poderia achar isso justo, já que esse tipo de defesa parece ser inerente aos povos demarcados por territórios, mas não justifica o mau tratamento dado aos que têm condições ou permissões para entrar em seus países.
Se quer negar a entrada, seja diplomático e recuse com respeito. Espero que o Brasil passe a agir assim.
Abraços!
Infelizmente nós somos sim países de terceiro mundo e menos evoluídos como sociedade, independente de aceitarmos isso ou não... Ainda temos muito o que aprender com o primeiro mundo em termos de organização social! Acho que por isso mesmo eles precisam controlar quem entra ou não lá, mas lógico que com bom senso! Se a pessoa vai para tentar aprender com eles e acrescentar algo tendo em vista um objetivo de vida, essas pessoas não merecem ser mal tratadas. Mas também não posso negar que a crise na Europa é sim um problema, e a consequência disso é menos vagas de emprego para os estrangeiros, então eles precisam sim ser mais seletivos com aqueles que desejam morar lá.
ResponderExcluirJanete e Fernanda :
ResponderExcluirClaro que no atual estado em que nossa civilização se encontra, com territórios demarcados, separando nações de culturas e linguas diferentes, existem interesses específicos e conflitantes entre esses agrupamentos. Dentro dessa ótica, é aceitável que cada um tenha suas normas de conduta e não deseje invasores dentro do seu sistema particular. Contudo, como falei na matéria, é inadmissível o que as autoridades espanholas estão fazendo, pois tratam-se de atitudes arbitrárias,visto que não tem cabimento deportar pessoas que preenchem todos os requisitos exigidos e não tem nenhuma intenção em permanecer no solo espanhol, como imigrante ilegal. Fora a humilhação e o mau-trato.