quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Gang 90 e as Absurdettes : O "Marco Zero" do BRock Oitentista !

Gang 90 e as Absurdettes : O "Marco Zero" do BRock Oitentista !

Texto de Fernando Becker.

Desde os sucessos de Celly Campello que o rock vem marcando presença no cenário cultural brasileiro , influenciando principalmente os hábitos e os costumes da camada jovem da população . Como qualquer outro bom movimento cultural cosmopolita , o rock transcendeu suas origens culturais ( norte-americanas , no caso ) para ganhar o mundo , mesclando-se com os mais variados elementos culturais de nosso planeta . 

Celly Campello , como já foi frisado , foi a feliz responsável pela introdução desse gênero musical cosmopolita em nosso país , junto com seu ilustre irmão Tony Campello . Nessa época ( fins da década de 50 ) o rock era visto como uma manifestação iconoclasta simplesmente por seu ritmo e pela influência dele no corpo dos jovens que requebravam nas reuniões dançantes do período , mesmo sem ostentar nenhuma conotação ideológica em suas composições : era música pra dançar , e ponto final . Esse panorama ganhou força na década seguinte , com os sucessos estrondosos da Jovem Guarda , mas acabou sofrendo uma mutação no final da década : com a eclosão doTropicalismo , a cultura rock passou a ser associada à arte devanguarda , carregando em si os mais variados vieses ideológicos ; o rock já não servia apenas pra dançar , mas também pra ser um catalisador de ideias sobre o mundo .

Seguindo esse processo cultural , o rock brasileiro entra na década de 70 representado por inúmeras bandas que mesclavam a estética do rock internacional da época ( hard rock , heavy metal , progressivo , glam ) com os elementos culturais genuínos de nosso país , sempre ostentando tanto um alto potencial dançante como uma alta riqueza de ideias . O rock já não era mais inocente como nos tempos de Celly Campello e início da Jovem Guarda ; junto com a questão puramente rítmica estava toda uma ânsia de expressar uma visão de mundo , visão essa que era absolutamente libertária , principalmente se levarmos em conta o panorama político da época : auge do Regime Militar Brasileiro . Como exemplo de bandas brasileiras do período , podemos destacar nomes comoSecos e Molhados , Casa das Máquinas , Made in Brazil ,Vímana .

Porém havia um problema que travava a plena disseminação do rock entre os jovens brasileiros da época : não havia ainda um cenário adequado para o pleno desenvolvimento desse gênero musical no Brasil ; o governo militar via com maus olhos os roqueiros ( eram tidos como um mau exemplo para os jovens da nação ) , e isso acabava respingando nas rádios e gravadoras , que nunca concediam o devido espaço ao gênero , mesmo ele sendo amado e idolatrado pelos jovens . Esse panorama só iria começar a mudar no final da década , com o advento da Abertura Política do General João Figueiredo : a partir de então , a liberdade de expressão estava ( quase ) vigorando novamente , e o universo das artes e espetáculos perderiam um pouco de suas mordaças .

E por fim chegamos à década de 80 , a Década da Abertura ; toda uma ânsia de liberdade até então represada passava a fluir de forma espontânea . O universo das artes e espetáculos entra em ebulição , com inúmeros livros , filmes , discos e peças teatrais ( até então barrados pela censura ) vindo ao conhecimento do grande público . As liberdades de expressão e de comportamento passam a ser a ordem do dia , e tudo isso mexe principalmente com os jovens , que já não podiam mais sopitar sua ânsia libertária . O grito de liberdade pedia espaço pra ecoar em toda a nação , e seu principal porta-voz seria ele mesmo : o bom e velho rock'n'roll , porém dentro de uma nova roupagem .

Essa nova roupagem seria a New Wave , movimento pop que já vinha ganhando espaço nos cenários cosmopolitas europeus e norte-americanos , representados por nomes como Blondie ,B-52's , Gary Numan , Elvis Costello . O caminho estava aberto para a eclosão de um movimento musical que seria popularmente conhecido como BRock . Era a cultura rock finalmente ganhando todos os holofotes dos meios de comunicação brasileiros , aderindo totalmente às ânsias dos jovens e da população em geral da nação . Esse movimento costuma ser lembrado como tendo sido deflagrado no ano de1982 , através do sucesso estrondoso do conjunto Blitz , sendo seu apogeu o Festival Rock in Rio , em 1985 . Os nomes mais lembrados do movimento são Cazuza , Lobão , Legião Urbana ,Paralamas do Sucesso , Blitz , porém quase ninguém lembra da banda que realmente preparou o terreno para que todas as demais brilhassem : trata-se da injustamente esquecida Gang 90 e as Absurdettes , liderada pelo jornalista multimídia Julio Barroso . Toda a estética New Wave do movimento fora introduzida pelo Gang 90 .

O criativo e inquieto Julio Barroso , que havia trabalhado como DJ e jornalista em Nova York , ficara absolutamente fascinado pela eclosão do New Wave na grande metrópole norte-americana , e voltou de lá iluminado por uma ideia : "É possível mesclar os elementos cosmopolitas da música pop internacional com os elementos culturais genuinamente brasileiros" . Barroso chegou a chamar essa nova estética deNew Brega , e ela se tornou a fórmula do sucesso para todas as bandas de renome do período . Após conhecer o talentoso compositor e arranjador Herman Torres , e as belas e carismáticas cantoras May East , Alice Pink Pank e Lonita Renaux , Barroso forma a Gang 90 , mesclando de forma brilhante os mais variados elementos da cultura pop internacional ( New Wave , Música Eletrônica , literatura beatnik ) com elementos tipicamente brasileiros . A banda tem enorme destaque no Festival MPB Shell de 1981 , brilhando com a música Convite ao Prazer , e no mesmo ano lança noFantástico o hit Perdidos na Selva , atingindo assim uma considerável popularidade . Em 1983 vem o auge da banda , quando a música Nosso Louco Amor passa a ser o tema de abertura da novela homônima da Globo , sendo que no mesmo ano há o lançamento do primeiro LP : Essa tal de Gang 90 e as Absurdettes . O sucesso parecia consolidado , até que uma tragédia inusitada veio para abortar a ascensão do grupo : Julio Barroso morre em circunstâncias até hoje mal explicadas , em junho de 1984 , ao cair da janela do prédio em que morava ( uns falam em acidente , outros em suicídio ) . Era o fim da carreira de um artista que havia encarnado o espírito do Brasil da década de 80 , e de sua promissora banda ( os demais integrantes lançaram mais dois discos , em 1987 e 1990 , mas sem a presença de Barroso eles não tiveram quase nenhum brilho ) .

Podemos dizer que Evandro Mesquita e sua banda Blitzdeflagraram o movimento do BRock oitentista , no importante ano de 1982 , porém o que pouca gente sabe é que ele sugou vários elementos estéticos da Gang 90 , dando a eles apenas um ar mais adolescente e comercial . Julio Barroso e sua banda prepararam o terreno para o movimento , e é por isso que podemos dizer sem titubear : Gang 90 e as Absurdettes foram o marco zero do BRock oitentista !                          

                          

                              

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

O Homem que Queria Iluminar o Mundo!

O Homem que queria iluminar o mundo!

Primeiro texto da nova colaboradora Jani Santana Morales.

Com tanto avanço tecnológico, não é possível

que não tenham desenvolvidos maneiras

alternativas concretas de gerar eletricidade,

limpa sem combustão.

Nosso sistema atual de geração de energia é

uma realidade culturalmente retrógada.

Sendo a Terra um imenso organismo vivo é

óbvio que pode gerar e armazenar qualquer tipo

de energia.

Só que o setor energético gera trilhões  por ano

e os governos e magnatas não querem perder

essa “boquinha”.

Bom, leitores, essa tecnologia já existe e não é de

hoje. Apresento-lhes um dos maiores gênios de

todo o Universo: Nikola Tesla, o inventor da

corrente alternada e da energia livre, onde é

possível transformar e armazenar energia e

transmitir a população.

Se temos todo o conforto que proporciona a

energia elétrica  é graças a sua invenção. Do

contrário o mundo já teria entrado em colapso

com o crescimento da humanidade, tentando

utilizar apenas a corrente contínua.

Tesla nasceu na passagem do dia 09 para o dia

10 de Julho de 1856, na vila de Smijan, na

Cróacia, a meia noite em plena tempestade com

inúmeros raios, como se previssem  sua

importância nas ciências físicas.

Sua parteira comentou à sua mãe: Esse menino

será das trevas. Sua mãe retrucou: Não, ele trará

a luz. Dito e feito.

Em 1884 mudou-se para os Estados Unidos,

estabelecendo-se em Nova York e se torna

assistente de Thomas Edison.

Tesla foi um gênio inigualável e defensor da

energia livre e gratuita para todos.

Devido a sua filosofia de vida e seus inventos em

prol da humanidade ele foi perseguido durante

toda sua vida científica.

Seu primeiro perseguidor oficial foi Thomas

Edison, que fez o impossível para desacreditá-lo

no meio científico, tentando evitar que o projeto

da corrente alternada chegasse a público.

Há de convir que, transformar qualquer tipo de

energia em outro é um trabalho árduo e muito

lucrativo. Assim sendo, uma invenção de um

aparato que quebrasse o moto- perpétuos,

produzindo energia capaz  de colocar máquinas

em funcionamento, em grandes quantidades e

em custo baixo, ou mesmo gratuito, seria uma

ameaça a economia mundial.

Tesla foi considerado uma ameaça para o

governo, também pela sua filosofia, ele sempre

buscou a  Ciência como uma forma de evoluir o

pensamento humano, desprezando todo  o

retorno financeiro.

Seu laboratório e residência eram

constantemente saqueados e destruídos.

Tesla não desistiu. Continuou criando e

inventando. Chamou a atenção do Governo que

passou a vigiá-lo de perto e também destruindo

seu laboratório. Como não podiam pará-lo sem

mata-lo, resolveram denegrir sua imagem ao

público. Fizeram com que Tesla fosse

considerado louco e lunático e assim a

comunidade científica não o reconhecia mais

como um membro. Ele, sem financiamento ficou

sem condições de aperfeiçoar suas invenções e

criar mais.

Acabou falecendo empobrecido em 1943, aos 86

anos de idade. Teve projetos confiscados e

destruídos pelo F.B.I., outros foram comprados

pela empresa JP Morgan que hoje, segundo a

Forbes,  é uma das maiores empresas do mundo.

Tudo o que existe hoje, tecnologicamente

falando, sem as descobertas de Tesla não seriam

possíveis.

Se for possível que a energia livre pode ser

aperfeiçoada, o resultado é que todo o planeta

poderá ser alimentado por uma única fonte de

energia. Uma fonte infinita de energia ao nosso

alcance.

 Ninguém teria que depender mais dos

combustíveis fósseis. Desde  a eletricidade

necessária para alimentar uma lâmpada até a

construção de motores para viagens

interestelares, anti gravidade, etc, tudo seria

feito de forma gratuita com a energia livre.

Será que um dia será permitido que isso

aconteça?

“Um mundo novo deve nascer, um mundo que

justifique os sacrifícios oferecidos pela

humanidade. Este novo mundo deve ser um

mundo onde não haverá exploração do fraco

pelo forte, do bom pelo mau; onde não haverá

humilhação do pobre pela violência do rico;

onde produtos do intelecto, da ciência e da arte

servirão à sociedade pelo embelezamento da

vida, e não para indivíduos adquirirem riqueza.

Este novo mundo não será um mundo de

oprimidos e humilhados, mas de homens livres e

nações livres, iguais em respeito e dignidade”.

                                                       NIKOLA TESLA

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Entre o Medo e a Petulância.

Entre o Medo e a Petulância.
Texto de Luiz Domingues.

Vivemos tempos difíceis em termos de educação; cultura e cidadania, e seus múltiplos desdobramentos.
As razões para que tenhamos chegado nesse estágio triste, são muitas.
Superpopulação gerando desafios incalculáveis para a sociedade gerir infraestrutura,  explica de forma generalizada a questão, e tal repercussão chega na óbvia conclusão de que a educação não consegue dar conta, tanto em termos de pedagogia escolar, quanto na educação familiar.
Com o colapso que presenciamos, fica inevitável a comparação com tempos remotos, onde o grau de educação, e tolerância social, eram maiores.
De fato, basta andarmos nas ruas; lermos as notícias na mídia; ou vermos o bombardeio no jornalismo televisivo / radiofônico e pela Internet, para verificarmos que vivemos tempos de uma inversão total de valores.
É impressionante observarmos que a truculência atual dos jovens, mesmo em tenra idade, vem a reboque do desrespeito absoluto às pessoas mais velhas; seja dentro do seio familiar, sejam nas relações educacionais formais, e no âmbito geral da sociedade, esbarrando na absoluta falta de comprometimento com regras básicas de convívio social.
A absoluta decadência da educação formal pública, acompanha a escalada da invasão da subcultura e da anticultura, perpetrada por marqueteiros que defendem interesses escusos no amplo domínio da difusão cultural, isso é um fato, portanto, anexa-se como adendo triste, certamente.
Agora, se o panorama é tétrico e qualquer pessoa de bem não pode compactuar com a ideia de jovens agredindo; humilhando e ameaçando professores em sala de aula, muitas vezes armados dentro do ambiente escolar, por outro lado, penso que radicalismos de extrema direita, clamando por volta de opressão de cunho medieval, não é o melhor caminho para colocar o mundo em “ordem”.
Devemos caminhar para a frente e não para trás, a grosso modo.
Trazer de volta uma educação espartana, baseada no medo; na ameaça de punição; na aniquilação absoluta do senso crítico, gerando cidadãos meramente obedientes e facilmente manipulados pelos poderosos de plantão, para lhes servirem como funcionários operacionais e consumidores a lhes dar dinheiro, sistematicamente, não é aceitável.
Não quero viver na Idade Média, tampouco na Antiguidade, quero um mundo contemporâneo, do século XXI, vivendo a revolução tecnológica total e pensando na construção de um mundo que equalize suas demandas por sustentabilidade.
Portanto, penso que devemos pensar num ponto de equilíbrio na questão educacional onde possamos estancar a decadência total perpetrada pela mentalidade imposta da anticultura, porém, sem necessariamente trazer valores antiquados e decorrentes de metodologia baseada na extinção do senso crítico do ser humano, condicionando-o à um ser apático e bovino.
Entre o petulante maloqueiro que ameaça o professor com uma faca na sala de aulas, e o professor carrasco que impõe respeito pela tortura psicológica e/ou física propriamente dita, nossa obrigação é buscar um ponto de equilíbrio na pedagogia moderna.
A resposta é a confiança mútua sendo estabelecida.
E nesse contexto, todos temos  que colaborar. O governo, com a boa vontade política de investir maciçamente na educação; os difusores culturais no sentido de reverem a sua estratégia vergonhosa de manter monopólio e pior que isso, incentivar a anticultura visando apenas o seu lucro fácil, sem medir o estrago educacional que estão gerando com tal atitude; e a sociedade em geral, buscando dias melhores, amenizando a convivência social que nesse caos, tende a explodir, tamanha a pressão crescente que faz com a situação atual seja semelhante à uma ampola de nitroglicerina sendo colocada na boca acesa de um fogão.




domingo, 6 de dezembro de 2015

Pornochanchada : A Forma Mais Viável de se Fazer Cinema Durante o Regime Militar Brasileiro.

Pornochanchada : a forma mais viável de se fazer cinema durante o regime militar brasileiro.

Texto do colaborador Fernando Becker.
 
O período da Ditadura Militar ( 1964 - 1985 ) notabilizou-se por uma série de graves prejuízos para a população brasileira ( restrições nos direitos políticos e liberdade de expressão ; amordaçamento dos sindicatos e dos direitos trabalhistas ; disseminação da prática da tortura por parte dos militares , etc. ) , e isso também atingiu o universo das artes e espetáculos : inúmeros livros , peças teatrais , discos e filmes foram banidos ou severamente mutilados pelo aparato de censura do regime , infligindo sérios danos à vida cultural brasileira do período . Toda manifestação artística que pudesse apresentar algum cunho contestatório aos valores ideológicos dos militares era severamente rechaçada pelos órgãos de censura do governo .

No universo cinematográfico , a década de 60 apresentou dois movimentos decinema de vanguarda que assumiram um importante papel de oposição aos valores do regime : o Cinema Novo e o Cinema Marginal . Ambos os movimentos destilaram uma estética revolucionária , nunca antes vista na história do cinema brasileiro : filmes com uma narrativa fragmentada , explorando as mais inovadoras soluções estéticas dos filmes de vanguarda europeus , buscando expressar as idiossincrasias culturais e sociais do povo brasileiro . Porém ambos os movimentos - mesmo sendo irmãos e com inúmeros pontos de convergência -  apresentavam suas diferenças e peculiaridades : o Cinema Novo ostentava um discursoessencialmente marxista ; praticamente todos os cineastas do movimento ( com especial destaque para Glauber Rocha ) pretendiam esquematizar em seus filmes conceitos ideológicos retirados de manuais de sociologia , buscando expressar  ( ao lado de elementos culturais essencialmente brasileiros ) as lutas de classe que estariam assolando a população brasileira . O Cinema Marginal , por sua vez , tentava enfrentar os valores repressivos do regime com as armas da contraculturaque vinha revolucionando os meios artísticos europeus e norte-americanos da época : ao invés de enveredar por um caminho ostensivamente político e pautado pelo genuíno folclore brasileiro - tal como faziam os cineastas do Cinema Novo - , preferiam fazer resistência com os valores do indefectível "tríptico"  "sexo , drogas e rock'n'roll" . Merecem destaque especial os filmes de Julio Bressane Rogério Sganzerla .

Porém havia um amontoado de problemas para a exibição dessas obras de vanguarda : os órgãos repressores do regime não permitiam que boa parte delas viesse a público , sendo que em muitos casos elas eram impiedosamente cortadas e descaracterizadas , perdendo sua força e identidade originais . Os cineastas passaram a ter de abarrotar os filmes com alegorias herméticas para poder driblar a censura , porém desta forma o diálogo com o grande público ( que já era difícil e limitado ) passou a ser praticamente inexistente à medida que o regime militar ia ganhando contornos cada vez  mais totalitários ( o período de vigência do AI-5 , principalmente sob o Governo Médici , foi o mais difícil de todos ) . Filmes comoPindorama , de Arnaldo Jabor , são exemplos claros disso . O público , desta forma , praticamente não conhecia os filmes do Cinema Novo e do Cinema Marginal , fazendo com que os cineastas de ambos os movimentos ficassem na triste condição daquele que fala sozinho .

Diante deste triste panorama , uma coisa era certa : todo profissional de cinema ( incluindo aí diretores , roteiristas , produtores e atores ) que realmente quisesseganhar a vida fazendo filmes , durante a vigência do AI-5 , deveria optar pela senda do filme despolitizado e meramente de entretenimento , sem discursos ideológicos ostensivos . Caso contrário , morreria de fome ou ficaria apenas falando sozinho . E é justamente nesse "vácuo cultural" aberto pelos militares que entra em cena o principal gênero cinematográfico brasileiro da década de 70 ( e um dos mais emblemáticos de todos os tempos , responsável pelo estigma que o cinema nacional passou a ter de ser representado essencialmente por filmes abarrotados de palavrões e mulheres nuas ) : a pornochanchada , um gênero essencialmente lúdico e de entretenimento , que buscava apenas atiçar o que havia de mais primário no universo dos espetadores : seus instintos sexuais . Era o gênero perfeito para o grande público que queria apenas desanuviar a mente em relação aos problemas cotidianos , e também aos profissionais de cinema que realmente queriam sobreviver fazendo filmes .

 O termo pornochanchada era uma simbiose entre os termos pornografia ( apenas uma tímida alusão , pois nunca houve sexo explícito nas produções ) echanchada ( o gênero cinematográfico mais popular de toda a história do cinema brasileiro , baseado no teatro de revista e nos filmes de Hollywood ) . As produções eram extremamente baratas ( e em muitos casos extremamente mal feitas ) , e o universo ficcional girava apenas em torno de temas que abordassem aspectos da sexualidade humana , sempre em tom jocoso e escrachado . Os filmes eram produzidos em sua grande maioria por produtoras sediadas na região paulista daBoca do Lixo , e entre os principais diretores do gênero destacam-se nomes comoCarlos Reichenbach , Ody Fraga Fauzi Mansur . Dentre os atores e atrizes que brilharam no gênero , merecem destaque nomes ilustres como David Cardoso ,Nuno Leal Maia Vera Fisher Matilde Mastrangi Selma Egrei .

O sucesso estrondoso das pornochanchadas tem explicações precisas : as temáticas de cunho sexual e cômico , de fácil assimilação por parte do público ; esquema de produção simples e barato , onde a bilheteria dos filmes pagava com sobras os custos de produção ; uma boa aceitação por parte do governo militar em relação aos filmes : até aconteceu de muitos filmes serem censurados ou mutilados , mas de uma forma geral eram bem aceitos pelos militares , pois funcionavam como a velha "Política do Pão e Circo" do antigo Império Romano , onde as diversões populares serviam essencialmente para manter o povo alienado em relação aos problemas políticos e sociais que o cercavam . Desta forma , pensar em mulher pelada poderia ser uma forma de se desviar o pensamento de temas políticos .

Os filmes que compõem o universo das pornochanchadas não são todos iguais , como muita gente pensa . Ao lado de produções pobres e medíocres existem produções inteligentes e criativas , tais como o filme O Doce Esporte do Sexo , rodado em 1972 por Zelito Viana ( e estrelado por seu ilustre irmão Chico Anysio ) . Eles formam um belo painel da sociedade de classe média brasileira da década de 70 ( que pretendia , em sua grande maioria , apenas curtir as benesses do"Milagre Econômico" , sem refletir sobre os aspectos políticos que o sustentavam ) , e também deixam claro que era possível sobreviver fazendo cinema no auge dos"Anos de Chumbo" . Com sua leveza e irreverência , foram uma espécie de"sopro de ar fresco" na pesada conjuntura do período do AI-5 , e hoje compõem a galeria dos grandes clássicos da história do cinema brasileiro 

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Sociedade Brasileira e Globalização

Sociedade Brasileira e Globalização.

Texto do novo colaborador William Wagner Guarda.

Hoje podemos observar o fenômeno crescente dos Bailes Funk na Sociedade Carioca, cuja frequência de público, perde apenas para a das praias cariocas.
O público predominante integra as camadas mais pobres da população. O ritmo naturalmente não é nativo, sendo de origem americana. O movimento em termos de cultura traz apenas alienação e degradação moral. Então de onde vem tamanho sucesso?
Infelizmente, nosso País, vive uma inversão de valores morais já de longa data. O famoso “jeitinho brasileiro”. E nossos problemas de infraestrutura, são históricos e não notamos melhorias que possam reverter este quadro. Ou seja, vivemos em um País extremamente rico, porém, inviável. Não existe esperança.
Todos comentam da corrupção instalada na política, porém, a corrupção e desonestidade é aceita em nossa sociedade e inclusive valorizada. Aceitamos pequenos furtos em supermercados, entre compradores de empresas públicas e privadas o termo ICMS (Incentivo ao Comprador Moderno e Sofisticado) é a norma reinante. O corruptor não é visto como criminoso, mas sim, como experto. Se meu carro é uma verdadeira “Nave” e eu moro em uma mansão e uso roupas caras. Todos querem ser meus amigos independentemente da origem de minha riqueza aparente. 
Ou seja, o homem simples trabalhador, estudioso, esforçado e honesto que não possui riqueza é tido como “otário”. As mulheres não precisam ser fieis, terem cultura, dignidade se forem “Gostosas”.
Na verdade, sob o meu ponto de vista, vivemos em uma ditadura velada. O Governo é fantoche dos verdadeiros Governantes Invisíveis. Nos tempos da Ditadura Militar eram os Americanos que ditavam nossa política. Hoje os Governantes Invisíveis não podem mais controlar a informação assim sendo, manipulam as massas de tal forma que, estas permaneçam alienadas da realidade, distanciadas da cultura pois assim eles podem usurpar os recursos naturais remanescentes. Sem que aja riscos de uma revolução popular.
Mesmo nos anos 60/70 onde inexplicavelmente surgia um movimento cultural que desejava mudar o mundo (A Contracultura), a Cultura reinante procurava enaltecer o outro lado, realçando a liberdade sexual, no sentido de amor livre, sem vínculos. Drogas Sexo e Rock & Roll. Perdia-se a beleza real do movimento e pregava-se a degradação da família. A família estruturada é a maior ameaça contra os Governantes Invisíveis. Famílias estruturadas podem difundir valores morais que se fixem às populações o que pode acabar constituindo uma Nação.
Uma Nação poderosa se constrói com costumes. E bons costumes superam as leis do Estado. Tomem como exemplo o Povo Judeu. Em Teoria Geral do Estado, vemos que os elementos constituintes do estado são: Nação, Território e Governo. A Nação Judaica sobreviveu por milênios sem território ou governo. Nós por outro lado sempre tivemos Território e Governo. Só nos falta a Nação. Aqui é cada um por si. O que importa é o indivíduo. Não existe coletivismo e por isso não existe futuro para o País.
Infelizmente esta realidade vai além do Brasil. Os verdadeiros dominantes usam da Globalização para desestruturarem as Nações. E essa tendência já é antiga. Veja que pensadores como Abraham Lincoln, John F. Kennedy e mesmo Lennon acabam assassinados pois este tipo de pessoas que pregam valores são extremamente perigosas. Ninguém quer outro Gandhi. O que O Governo Invisível precisa é de gente drogada alienada buscando viver o agora. Melhor manter o Povo nos Bailes Funk da vida do que em Universidades fazendo pesquisas que poderiam alterar o equilíbrio econômico mundial.  Não é mesmo?

domingo, 22 de novembro de 2015

Chico Anysio : O Maior Ator Brasileiro de Todos os Tempos !

Chico Anysio : o maior ator brasileiro de todos os tempos !

Um texto do novo colaborados FERNANDO BECKER.

Qual a definição mais justa para um grande ator ? Pra mim essa questão sempre teve uma resposta certeira : versatilidade . Grande ator é aquele que consegue encarnar QUALQUER TIPO HUMANO , em qualquer circunstância imaginável : um magnata , um mendigo , um velho , um adolescente , um bandido perigoso , um santo , um machão , um travesti . Não há barreiras para o grande ator ; ele está sempre apto a encarnar qualquer triste representante da fauna humana .

Entre os diversos atores que permeiam o universo das artes e espetáculos no Brasil , podemos destacar aqueles que atingem esse patamar de excelência , e também aqueles que são "instrumentistas de uma nota só" ( encarnam sempre o mesmo papel , com os mesmos trejeitos e entonações ) . No PRIMEIRO ESCALÃO , cito nomes como Ney Latorraca , Marco Nannini , Miguel Fallabella , Pedro Paulo Rangel , Matheus Nachtegaele : pra eles não há limites no universo da representação ; qualquer tipo humano é encarnado de forma visceral e apaixonada , sem preconceitos ou barreiras morais . No SEGUNDO ESCALÃO cito nomes como Lima Duarte , Tarcísio Meira , José Mayer e Paulo Autran ( esse já falecido , e estranhamente ENDEUSADO pela crítica especializada ) : encarnam sempre o mesmo papel , o DELES MESMOS ; tudo é sempre igual na atuação deles : o mesmo tom de voz ; os mesmos maneirismos ; a mesma linguagem corporal .

Porém a história da dramaturgia brasileira ( incluindo aí TODAS AS SUAS FORMAS DE REPRESENTAÇÃO : teatro , cinema , televisão ) tem um nome que está em um patamar isolado , merece um destaque especial dentre todos os demais : Chico Anysio . Ele mesmo , o grande humorista que por mais de meio século povoou o imaginário popular brasileiro com o mais rico painel de tipos humanos possíveis e imagináveis . Para Chico o ato de representar era praticamente umaCATARSE MEDIÚNICA : cada personagem tem sua própria voz e dicção ; cada um tem seu singular universo gestual ; é impossível confundir uns com os outros , e mais ainda identificá-los com a persona de seu genial criador . Durante muito tempo , não foram poucas as pessoas que pensavam que o Chico Anysio Show era representado por diversos atores distintos , sendo Chico Anysio apenas o  "mestre de cerimônias" que introduzia os telespectadores aos quadros de personagens que iriam começar ( prova viva da simbiose absoluta entre criador e criaturas , jamais alcançada por nenhum outro ator brasileiro , e provavelmente nem mesmo no resto do mundo ) .

Chico Anysio é GÊNIO ABSOLUTO pelo simples fato de ser impossível confundir suas criações umas com as outras ; cada tipo representa um universo único , umaENTIDADE VIVA ; personas como Painho Popó , Azambuja Alberto Roberto ,Roberval Taylor Qüem Qüem ,  Urubulino Canavieira Gastão ( dentre centenas de outras ! ) TÊM SUA VIDA PRÓPRIA , transcendem em muito as particularidades individuais do homem que as criou . Além disso , formam um rico painel humano da IDENTIDADE CULTURAL BRASILEIRA , e como já disse o cartunista Ziraldo em um artigo de alguns anos atrás , "fazem de Chico Anysio um dos maiores ficcionistas brasileiros de todos os tempos" 

Chico Anysio foi um talento único e irrepetível . Jamais teremos novamente um gênio de sua estatura no universo da dramaturgia e do humor . Doravante , sua obra será cada vez mais estudada e valorizada .     

quarta-feira, 20 de maio de 2015

A Incrível História do Flama.

A Incrível História do Flama, texto de Luiz Domingues.

A evolução das histórias em quadrinhos no Brasil, vem de longa data, remontando ao século XIX, através de publicações em jornais.

Não demorou nada, e personagens genuinamente brasileiros, já eram publicados em meio aos internacionais, e ainda que sofrendo o habitual preconceito que o brasileiro nutre pelos seus próprios valores, foram lutando bravamente pela sobrevivência e evoluindo.

São vários os exemplos de personagens brasileiros criados, entre os quais : “Chiquinho”; “Reco-Reco”; “Bolão”, “Azeitona”; “Pão Duro”; “Tutu”; “Titi & Totó”; “Juca Pato”; “O Amigo da Onça”, e já nos anos sessenta, “A Turma da Mônica”.

Outros vieram depois, certamente, mas parei aí no início dos anos sessenta propositalmente.

“Audaz, o Demolidor”, salvo equívoco de minha parte, teria sido o primeiro personagem com característica de Super-Herói, criado ainda nos anos trinta.

Por volta de 1953, a rádio Nacional do Rio lançou um personagem destemido, chamado “Jerônimo, o Herói do Sertão”, naturalmente para ser explorado inicialmente no formato de uma radionovela.

Tal formato era tradicionalmente requisitado para retratar dramas adultos, sendo o embrião do que viria a se tornar em seguida, as telenovelas, com as quais lidamos (ou aguentamos, seria mais conveniente dizer), há quase sessenta anos.

Mas destoando do romantismo padrão, “Jerônimo, o Herói do Sertão” foi uma aposta ousada de mudança de paradigma, e fatalmente atraiu a atenção do público infanto-juvenil, já antenado nas histórias em quadrinhos internacionais, mas também nos seriados exibidos no cinema, com heróis os mais diversos, tais como Flash Gordon; Superman; Fantasma; Mandrake; Spirit; Batman; Zorro; Tarzan; Dick Tracy e Capitão Marvel, entre outros.

“Jerônimo” foi um estouro de audiência, e rapidamente se tornou uma referência de herói brasileiro, sertanejo, e adaptado à nossa realidade cultural.

No Nordeste, a Rádio Jornal do Comércio do Recife, retransmitia a produção da Rádio Nacional do Rio, e a espalhava pelas rádios regionais dos outros estados vizinhos, garantindo-lhe uma audiência maciça.

E não era diferente na cidade de Campina Grande, interior da Paraíba, onde tal fato despertou a atenção de um jovem diretor da Rádio Borborema, chamado Deodato Borges, que concebeu a ideia de criar um personagem inédito, e lançá-lo no formato de radionovela diária, visando concorrer e roubar a audiência que Jerônimo monopolizava entre o público campinense infantojuvenil da época.

Com essa determinação, Deodato foi ágil, e muito competente, criando um novo personagem e seu universo; com personagens de apoio, e escrevendo a toque de caixa, inúmeras histórias.

Estava criado : “As Aventuras do Flama”, um super herói brasileiro; paraibano, e cujo objetivo de vida era zelar pelo bem estar da comunidade, intervindo sempre que preciso, para coibir ações criminosas de qualquer espécie.

Com o material redigido em mãos, convocou alguns colegas da emissora, e com ele mesmo emprestando sua voz e interpretação ao personagem, tratou de colocar no ar, em 1961, o primeiro episódio do “Flama”.

Na apresentação do herói, a locução contava que o “Flama” testemunhara o assassinato a sangue frio de seus pais na infância, e aos prantos, jurou dedicar sua vida à caça de todos os bandidos os quais pudesse capturar, e tirar da circulação social.

Desde então, estudou todas as lutas possíveis e imagináveis; desenvolveu seu físico ao ponto de obter uma força acima do padrão normal, e tornou-se um expert em ciências.

Bem, em princípio, o autor não quis extrapolar com a criação de explicações exageradas sobre super poderes ao estilo dos heróis internacionais, e mais comedido, atribui-lhe força física além de um homem normal, mas sem nada sobrenatural, e explicável ao ponto de ser apenas fruto de seus esforços com condicionamento físico, fisiculturismo, musculação etc.

Sua habilidade na luta corporal contra malfeitores, era por conta de dominar um repertório vasto de técnicas de diversas lutas que estudara, e a vaga ideia de ser um expert em ciências, o elemento que lhe dava subsídios tecnológicos mais avançados para usar como fator de inteligência.

Os personagens de apoio eram : Zico e Bolão (dois amigos prosaicos); Eliana (noiva do Flama), e o comissário Laurence, a autoridade policial super sensata, ao estilo do comissário Gordon, do Batman.

Ouvindo uma rara locução preservada atualmente, num podcasting, encantei-me com o coloquial típico da época. Em se comparando ao que ouvimos hoje em dia nas ruas, o coloquial da época era muito sofisticado !!

Apesar de não serem atores profissionais, todos os envolvidos na produção, incluso o próprio Deodato Borges, que interpretava o “Flama” na radionovela, mostravam-se bem desenvoltos.

Quando foi ao ar, virou um sucesso mastodôntico em Campina Grande, deixando o staff da pequena emissora boquiaberto, pois não só enfrentara, mas estava vencendo a atração da concorrência, “Jerônimo, o Herói do Sertão”.

Inicialmente executado de segunda a sexta, às 13:00 Horas, com cerca de 25 minutos de duração cada episódio, teve que ter seu horário mudado, pois as escolas da cidade reclamaram do fato de que as crianças e adolescentes estavam chegando atrasados às aulas, por conta da verdadeira febre que “O Flama” estava causando em Campina Grande.

Aos sábados, os rádio-atores promoviam uma execução aberta ao público, direto do auditório da emissora, que fervilhava.

Logo surgiu a ideia de se criar um fã-clube e organizado para distribuir souvenir do herói, também instituiu carteirinha para sócios, e era muito difícil uma criança ou adolescente de Campina Grande nessa época, que não a tivesse no bolso, 24 horas por dia.

Em 1963, a Editora Globo lançou a versão em História em Quadrinhos de “Jerônimo, o Herói do Sertão”, e Deodato Borges foi tão ágil quanto o “Flama” e tratou de desenhar os traços do herói, e rapidamente agilizou a produção da versão em HQ de seu herói, com as bênçãos da Rádio Borborema, e apoio imprescindível do Diário de Borborema, jornal local e pertencente ao mesmo grupo da Rádio, que o auxiliou na parte gráfica.

Uma loucura total, mas o espírito empreendedor de Deodato Borges concretizou seu intento.
Dessa forma, numa cidade interiorana da Paraíba, no início dos anos sessenta, havia uma publicação enfocando um Super Herói genuinamente brasileiro, e com o adendo de que nessa altura, já consagrado pelo público local, graças à radionovela.

Mesmo não tendo fama de alcance nacional, e não tendo sobrevida como deveria ter tido, a revista do “Flama” entrou para a história da HQ brasileira, sem dúvida alguma.

Nessa primeira abordagem, os traços do Flama lembravam a velha escola da HQ americana.

Usando um uniforme parecido com o do Flash Gordon, e tendo traços fisionômicos parecidos com o Spirit, além de uma certa aura do Mandrake, nesse aspecto visual não havia tanta identidade tipicamente brasileira, tampouco nordestina, regionalizando-o.

Deodato continuou sua vida como radialista, produtor e desenhista, tendo feito vários trabalhos muito bacanas, e seu DNA para os quadrinhos seguiu adiante, pois seu filho, Deodato Borges Jr., ganhou o mundo e a fama internacional, ao se tornar um dos maiores desenhistas do planeta.

Sob o pseudônimo de Mike Deodato Jr., trabalha para a Marvel, DC e outras companhias internacionais de alto nível, no mercado dos Comics.

Já desenhou oficialmente : Thor; Hulk; Os Vingadores, e por bastante tempo, a heroína Electra, além de uma infinidade de outros personagens.

Claro, dentro do conceito “review”, Mike Deodato redesenhou o personagem do “Flama”, modernizando-o e adaptando-o ao padrão Marvel / DC, e dessa forma, “O Flama” atual se mostra no padrão de um super herói clássico internacional, tanto pelo uniforme, quanto porte físico e postura / atitude.

Mike é muito respeitado no universo da HQ, e soube valorizar a incrível e histórica criação de seu pai.

Em dezembro de 2014, tivemos no Brasil, em São Paulo, a primeira edição local da Feira Comic Con, que é uma das maiores, senão a maior feira do universo Comics / Sci-Fi Series & Movies do mundo.

Causou furor, com fãs se acotovelando para entrar e curtir a versão brasuca, recheada de atrações.

Deodato Borges estava confirmado como palestrante, e onde seria homenageado pela sua relevante contribuição à HQ brasileira pela criação do seu incrível personagem, “O Flama”.

Infelizmente, alguns meses antes, em agosto, foi vencido por um câncer renal, aos 80 anos de idade, nos deixando.

Teria sido magnífico ele ter sido homenageado em vida, em plena Comic Con, mas não foi possível, infelizmente.

“O Flama” há de sobreviver com essa repaginada que o ótimo Mike Deodato lhe deu, e ainda que perca um pouco de sua ingenuidade adorável, que lhe caracterizava na Paraíba de 1961-1963, tenho certeza de que irá dar cabo de muitos bandidos no futuro, fazendo a criançada e os adolescentes vibrarem.

O Blog do Deodato Borges ainda está no ar e tomara que o mantenham. Lá, tem histórias boas contadas por ele em pessoa, através de crônicas

O link é:


Fica aqui a minha admiração pela criação, e espírito empreendedor de Deodato Borges.


sexta-feira, 3 de abril de 2015

Sujar, Pichar, Vandalizar, Destruir...



Sujar, pichar, vandalizar, destruir...,texto de Luiz Domingues.

O termo “vandalismo” vem da antiguidade, quando  tribos de origem germânicas, chamadas de “Vândalos” invadiram Roma, e provocaram uma onde de destruição, pilhagem,  e agressões generalizadas.

Obviamente selvagens, eram considerados bárbaros pelos romanos e daí, a palavra “vândalo” ganhou conotação de gente de baixa qualificação cultural, disposta a destruir o patrimônio público e/ou privado; promover algazarras; agressões gratuitas contra pessoas inocentes a esmo etc.

Ao longo da história, tal conotação fortaleceu-se, e o vandalismo tornou-se o termo para designar esse tipo de ato provocado por essa gente.

Bem, na antropologia; psicologia; semiótica; pedagogia, e até na pediatria, existem teses as mais variadas para entender a motivação por trás desse tipo de atitude/ mentalidade.

Uma das mais usuais, é a de que no final da infância e começo da adolescência,  os hormônios estão explodindo, e isso necessita de vazão.

De fato, isso procede, mas se fosse uma coisa normal buscar tal escape através da destruição, não haveria civilização, e nem as pinturas rupestres teriam escapado nas cavernas, não acham ?

Outra boa explicação vem da psicologia. A explosão da puberdade provoca a necessidade de autoafirmação para os meninos, através da extrapolação da energia bruta, demarcando território entre os machos; estabelecendo lideranças entre grupos, na base do mais forte, ou que se sobressai pela inteligência bélica; para chamar a atenção das meninas.

Como adendo da tese acima descrita, acrescento que nos últimos tempos, mudanças de parâmetros socioculturais fazem com que as meninas busquem o mesmo princípio, baseado na força bruta, com agressividade.

Isso põe em cheque a tese de que as diferenças de cromossomos e hormônios sejam estáticas e indissolúveis. Pois o fato das meninas terem pouca quantidade de testosterona no seu organismo, não significa que não possam ter um grau de agressividade parecido com o dos meninos.

Independente disso, se testosterona fosse desculpa para destruir, recorro ao raciocínio expresso no primeiro item : não teríamos construído uma civilização; cultura; ciência; arte, etc etc.

A semiótica também dá sua visão para o caso. Se tudo é relativo na questão da significado/significante, obviamente que destruição; sujeira; rabiscos; dejetos e que tais, são “feios” relativamente, pois podem significar “bonitos” sob outro ângulo.

Claro, enquanto teoria meramente subjetiva, faz sentido, mas na prática civilizatória, isso não pode ser interpretado dessa forma simplista. 

Ninguém que tenha as faculdades mentais em ordem, rasgaria uma nota de cem dólares sob a alegação de que numa visão paralela do universo, aquela nota não tem valor algum...

No campo da cidadania, é que os parâmetros para analisar tal questão, parecem ser os mais sensatos, e que me perdoem os que desprezam a civilização, e sobre quais forem as suas alegações de ordem política; ideológicas, ou sociológicas.

Numa ideia básica de que a urbe é uma mera extensão de sua habitação, o raciocínio perene é : você destrói sua casa; vive num autêntico chiqueiro; gosta de condições insalubres de higiene e segurança; aprecia a feiura estética dos escombros ?

Antes que se apressem em contra argumentar, sim, eu sei que existem pessoas que vivem assim, e entre elas, há as que gostem de viver sob tais condições.

Tirante as pessoas acometidas de patologias de ordem mentais, quem realmente aprecia viver dessa forma ?

Portanto, apelando para o bom senso da maioria, e excetuando-se alguns tipos de pessoas com comportamento não padronizado, tais como :

Os prejudicados por doenças de ordem mental; que  sejam sociopatas; misantropos; adeptos de seitas religiosas/ filosofias radicais que preguem como norma o abandono das normas sociais, com renúncia absoluta dos valores, normas e parâmetros da sociedade moderna; os adeptos de sistemas políticos radicais baseados em niilismo; os seguidores de estéticas niilistas que buscam no confronto com a dita normalidade vigente, sua razão de ser para se expressar, e os simplesmente anti sociais e dispostos a chamar a atenção pela excentricidade de ser “do contra”, a pergunta que não quer calar é :
Para que praticam o vandalismo contra o patrimônio público e /ou privado ?

Primeiro ponto : tirante as pessoas de setores “especiais” que descrevi acima, a maioria, teoricamente, gosta de viver em casas confortáveis; bem acabadas; bem decoradas ao seu gosto cultural, limpas e organizadas.

Falei algo absurdo ?

E salvo algum acidente doméstico, ou até mesmo um momento de fúria esporádica, e motivada por uma briga familiar mais exacerbada, quem em sã consciência sai vandalizando o próprio lar, quebrando objetos, móveis e utensílios, espalhando sujeira e pichando as paredes com rabiscos horrendos ?  

Reitero, nem percam tempo em contra argumentar que existem pessoas com tal mentalidade, porque de pronto lhes digo : sim, sei que existem, mas representam uma minoria ínfima.

Partindo dessa premissa, se a cidade é uma extensão de nossas casas, por que devemos aturar a destruição sistemática dos equipamentos urbanos; os monumentos; jardins & parques ?

Por que devemos nos acostumar com o lixo espalhado nas ruas; calçadas quebradas; lixeiras estraçalhadas pelos vândalos ?

Por que vivemos em meio a escombros, odores fétidos; placas de sinalização rabiscadas ?

Enfim, por que no Brasil ainda impera a mentalidade da miséria urbana, como padrão ?

Então chego ao último item que teria uma possível explicação acadêmica : trata-se de uma questão cultural.

Visto sob parâmetro sociológico, em países como a Finlândia;  Suécia; Japão; Alemanha, e Suíça, para ficarmos em poucos exemplos apenas, a quase ausência de vandalismos em suas respectivas sociedades, denotam um outro tipo de mentalidade cultural generalizada, e que faz toda a diferença, portanto.

Em suma, como quase tudo o que envolve comportamento, a chave é : educação.

Se desde pequeno, o cidadão for educado a não achar correto jogar a embalagem de uma bala no chão; a não achar bonito rabiscar a parede com canetinha; a respeitar as regras de trânsito, mesmo como pedestre, e que os monumentos da cidade são objetos de arte, e que representam simbolismos importantes da sua própria história, tanto quanto os seus álbuns de fotografias de família, que ele não destruiria, acredito que em duas gerações, no máximo, as coisas mudariam.

Portanto, o desafio educacional vai muito além da erradicação do analfabetismo, tampouco a melhora da qualificação para o “mercado de trabalho”.

A grande tarefa é mudar a mentalidade de um povo que se divide entre os que acham “legal” viver num chiqueiro; e os que sentem resignação por esse status quo, pois simplesmente não acreditam que o Brasil possa ter outra qualificação sociocultural.

Voltando ao início da matéria, de onde vieram mesmo os vândalos, aqueles trogloditas bárbaros que horrorizaram Roma ?

E o que se tornou a Alemanha , séculos depois, senão um exemplo de organização social de altíssimo padrão civilizatório ?

Pois é...educação !!

terça-feira, 3 de março de 2015

Jogadores de Futebol Escravizados ou Cafetinados ?



Jogadores de futebol escravizados ou cafetinados ?, texto de Luiz Domingues.

Quando o futebol se tornou profissional no ano de 1933, acabou o romantismo, embora na percepção generalizada, o romantismo no futebol tenha durado até meados dos anos sessenta.

O chamado “amor à camisa” tornou-se uma farsa, salvo honrosas exceções, com todo mundo preocupado em correr não atrás da bola, mas do vil metal.

Com a instituição da Lei do Passe, os clubes asseguravam seus direitos com mão de ferro e com o tempo, essa engrenagem revelou-se muito parecida com o antigo sistema escravagista, mesmo que disfarçado nos seus meandros jurídicos, a lhe garantir constitucionalidade.

Ou seja, o clube tinha o chamado “passe” de cada jogador, que era um direito de propriedade sobre o atleta.

Mesmo que o contrato de trabalho entre atleta e clube estivesse vencido, ou em situações limítrofes de não pagamento de salários por parte dos clubes, ainda assim o atleta não poderia simplesmente deixar o clube e procurar outro para jogar, pois seu vínculo só era rompido mediante a compra de seu “passe” por outro clube.

Portanto, os clubes negociavam entre si, a seu bel prazer, tratando os atletas como verdadeiras mercadorias.

Mesmo tendo em conta o fato de que numa transação dessas, o atleta ganhava 15 % do valor da negociação, ainda assim era uma relação aviltante, caracterizando uma ação escravocrata pré-Lei Áurea, apesar do disfarce, e da brecha jurídica que a legitimava.

Portanto, tal lei abriu campo para que os clubes usassem de expedientes de coação, nada morais, como por exemplo, colocar um jogador no ostracismo, caso lhe criasse problemas, praticamente destruindo sua carreira.

Demorou décadas para os jogadores se mobilizarem para mudar tal relação de trabalho.

Valendo-se da realidade de baixa taxa de instrução da maioria dos jogadores, demorou para que aparecessem indivíduos com maior grau de discernimento, e poder de mobilização para exigir tais mudanças

Afonsinho, no final dos anos sessenta, foi um dos primeiros a questionar publicamente tal sistema feudal no futebol profissional, e sofreu muitas retaliações não só profissionalmente, mas também por ter sua liderança questionada pela ditadura, que em tudo enxergava infiltração esquerdista.

Algum tempo depois, Sócrates; Vladimir e Casagrande, ao lado do diretor de futebol, Adilson Monteiro Alves, criaram a famosa “democracia corintiana”, instituindo um conselho informal para a modernização das relações do futebol, mas circunscrita ao seu clube, e sem espalhar-se nos demais.

Aliás, a decantada democracia corintiana, pouco mudou a maneira arcaica como o Corinthians era administrado, nas mãos de uma figura paleozoica como Vicente Matheus, e tais conquistas que obtiveram em âmbito interno, restringiram-se a questões protocolares do cotidiano do clube, como a questão da concentração antes dos jogos, e participação dos jogadores em algumas decisões de bastidores, tão somente.

Numa questão fundamental como a Lei do Passe, os democratas corintianos falaram, é bem verdade, mas sem influenciar decisivamente na sua modificação.

Então chegou o momento que se tornou insuportável continuar naquele regime trabalhista escravizante, e com o Rei Pelé empossado como Ministro do Esporte, no Governo FHC, uma equipe de juristas elaborou a Lei que acabaria com essa relação medieval e aviltante, com os jogadores podendo enfim serem tratados com dignidade profissional.

Era o fim da Lei do Passe, e a instituição de uma nova ordem, com o jogador passando a ter muito maior participação no seu destino.

Tudo muito bonito, claro, mas ninguém mediu as consequências dessa nova regulamentação.

Os clubes chiaram, é claro. Sua argumentação tinha até certos pontos onde havia uma coerência administrativa e comercial.

Por exemplo, a questão da formação de jogadores, nas categorias de base. Se o jogador é livre para jogar onde quiser, como qualquer trabalhador que sai de uma empresa, e entra na sua concorrente que lhe ofereceu mais, que incentivo teria doravante os clubes em formar categorias de base ?

Se eu invisto num moleque de 12 anos, e vou gastando com o seu desenvolvimento à medida que cresce não só fisiológica e cronologicamente, mas sobretudo em sua ascensão técnica, como fico quando ele atinge 17, e já chamando a atenção da mídia, passa a sofrer assédio de meus concorrentes  ?

Pois é, com a promulgação da Lei Pelé, acabaram com a senzala que os clubes se acostumaram a manter ao longo de décadas, mas pelo lado dos clubes, esse detalhe citado acima, tinha procedimento.

Portanto, desestimulados, os clubes passaram a investir menos nas categorias de base, causando prejuízo técnico para o futebol brasileiro.

Pior que isso, a Lei Pelé abriu brecha para que aproveitadores invadissem o futebol de uma forma avassaladora.
Intermediários, atravessadores ou simplesmente agenciadores, tais elementos passaram a se colocar como representantes dos jogadores perante os clubes.

Se antes era normal que o pai do jogador tomasse a dianteira nas negociações financeiras entre clube e atleta, agora estava aberto o portal para que “profissionais” da negociação, contratassem jogadores, como “empresários”, a lhes representar.

De certa forma, o jogador ganhou status de artista, e se tanta gente ganhava dinheiro com o empreendimento, e ele sendo o protagonista, sem o qual não há negócio, era até compreensível que fosse tratado nesses termos.

Mas claro que fugiu do controle, e percebendo as brechas jurídicas, tais “empresários” passaram a manipular os jogadores de uma forma frenética, e assim estabelecendo uma relação perniciosa tão aviltante quanto a qual eram tratados pelos clubes anteriormente.

Se antes eram praticamente escravizados pelos clubes, agora, na mão desses “agentes”, passaram a ser tratados como “prostitutos da bola”, a levar dinheiro para os seus cafetões.

Forçando barras inacreditáveis por pura ganância, usam e abusam da carreira de seus “contratados”, fazendo-os se indispor com clubes, torcedores, jornalistas etc etc.

Se a cada transação de transferência, os valores são altíssimos, e as comissões gordas, que interesse tem um agente em que seu contratado permaneça por muito tempo num clube só ?

Portanto, sob sua estratégia, os jogadores estão sempre sujeitos a mudanças bruscas, nem sempre saudáveis, aliás quase nunca, para o seu próprio bem, pensando na performance técnica, e muito menos para o interesse dos clubes que defendem.

Como é sabido da maioria que acompanha o futebol, por se tratar de um esporte coletivo, mesmo sendo um excelente jogador, tecnicamente falando, ele depende de alguns fatores alheios à sua vontade, para ter performance de alto nível.

O entrosamento com seus companheiros, mesmo que sejam tecnicamente inferiores, é imprescindível para o seu futebol fluir a contento. O condicionamento físico é igualmente muito importante, e se muda de clube como troca de cueca, esse desempenho físico decai muito.

Por exemplo, se joga num clube do nordeste do Brasil e é contratado para jogar numa equipe da Ucrânia, vai demorar meses para adaptar-se à temperatura, quiçá a adaptação social, com seus diversos aspectos ( alimentação; hábitos; língua, distância da família etc  etc)  

Isso tudo que assinalei acima, fora a mudança de mentalidade específica da profissão, com sistemas de jogo diferentes (refiro-me à tática & estratégia); metodologia de treinamento, visão dos técnicos etc.

Aí nessa demora, o seu futebol que era vistoso aqui, decai por um ou outro motivo, ou mesmo pela somatória de tudo o que arrolei acima, e o valor de seus direitos administrativos, desaba junto.

Para reconquistar o espaço e tempo perdidos, vai ter que submeter-se a jogar em clubes menores de ligas inferiores, ou voltar ao Brasil em condições mais modestas de quando partiu, e isso se tiver tido a sorte de ser amigo de seu agente, pois a tendência é ele romper o contrato, rescindindo-o, e ir trabalhar para outros jogadores que estão numa situação melhor que a sua.

Ou seja, o cafetão percebe que a prostituta já não é assediada pelos clientes, e vai à cata de uma menina mais nova, e pronto.

Outro fator típico desse novo tipo de relação, é a complicação que causam na hora de renovar contratos com os clubes, pois querem aumentos absurdos, e essa estratégia de achaque é mera ferramenta para forçar saída em busca de uma transferência milionária.

Aliás, empresário adora plantar notícias na mídia, e usa tal artifício para pressionar os clubes a lhes dar o máximo.

Sempre tem “vários” clubes grandes interessados em seus contratados, seguindo o protocolo de suas normas não muito éticas.

Pior ainda é forçar situações em pleno rigor de contrato, conforme a circunstância do momento. Se seu contratado faz um gol decisivo numa competição, isso já é motivo para convocar uma reunião, e pressionar dirigentes a “rever “o contrato, mesmo que ainda faltem anos para ele expirar, pois contratos são passíveis de rescisões, ora bolas, para que servem as brechas jurídicas, não é verdade ?

Portanto, urge uma reforma na legislação trabalhista que rege as normas do futebol profissional, pois não se pode andar para trás querendo a volta da famigerada Lei do Passe, e os jogadores sendo tratados como escravos no tronco.

Contudo, a Lei do Pelé abriu a caixa de Pandora do "cafetanismo" (com o perdão pelo neologismo), e desse jeito, não há clube que consiga montar um time para disputar nem campeonato estadual, pois se futebol depende de treinamento e sobretudo entrosamento, está impossível manter um time intacto por mais de três meses, e tecnicamente falando, para um time atingir o seu apogeu técnico, demanda muito mais que isso.

O neoliberalismo que assolou o futebol no Pós-Lei Pelé, está matando o seu negócio, e não é à toa que o Brasil tenha sido esmagado pela Alemanha na última Copa do Mundo.

Não foi um “apagão” dos jogadores, ou da comissão técnica simplesmente, como alguns dirigentes tapuias vociferaram, mas reflexo da absoluta falta de estrutura e nesse aspecto, a Lei Pelé tem uma imensa culpa nesse processo, justamente por ter dado esse poder absurdo para usurpadores travestidos de “empresários”, e enfraquecendo os clubes.