terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O Comprimido do Vestibular.

O Comprimido do Vestibular, texto de Luiz Domingues.   Uma lenda urbana começa geralmente de forma sorrateira. Nem todas vingam, mas uma ou outra acaba espalhando-se e ganhando notoriedade. Não se sabe quem foi o autor, mas o fato é que espalhou-se o boato de que um medicamento vendido normalmente em farmácias, embora tenha função medicinal completamente diferente, auxiliava na concentração mental, estimulando o foco e a memória e indo além, potencializava a inteligência. Dessa forma, virou coqueluche entre vestibulandos e concurseiros, o seu uso indiscriminado, sem critério científico e evidentemente assumindo-se os riscos de efeitos colaterais indesejáveis. O Metilfenidato, cuja finalidade medicinal é coibir o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, nada ajuda pessoas a terem desempenhos melhor nos estudos. Mas como tal prática começou a sair do controle, as autoridades de saúde preocuparam-se e assim, um estudo mais aprofundado precisou ser feito. Para comprovar ou não, essa lenda urbana, a psicóloga Silmara Batistela da Universidade Federal de São Paulo, empreendeu uma série de experiências e chegou à conclusão de que o medicamento não promove nenhuma melhora cognitiva. A questão do foco, relatado por estudantes impressionados com seus supostos resultados, segundo os estudos, era pela coibição do sono. Efeito esse evidentemente promovido pela anfetamina e não muito diferente dos efeitos de drogas usadas com objetivos recreativos. Claro, o perigo assumido pelo consumidor é grande, pois o medicamento pode desencadear problemas cardíacos graves, arritmia, por exemplo. Por ser um medicamento de uso psiquiátrico, faz-se necessária a apresentação de uma receita. Fora o famoso e execrável "jeitinho brasileiro", tem se ouvido relatos de jovens procurando consultas psiquiátricas e simulando sintomas de TDAH ( Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), perante os doutores, com o objetivo torpe de obter uma receita. Nesse caso, não dá para deixar de lamentar que tenha gente com talento para a dramaturgia, desperdiçando sua vocação por uma causa tão pobre... Também é alarmante como saúde pública, quando dados revelados pelo sindicato das indústrias farmacêuticas, indicam que tal medicamento teve acréscimo de 50% em sua vendagem, nos últimos quatro anos. Encerrando, não existe remédio para aumentar a inteligência...o jeito é estudar mais...

8 comentários:

  1. Interessante texto, não conhecia essa lenda urbana rsr...:)

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    1. Obrigado, Kim !

      Realmente impressionante essa questão. Fiquei impressionado por saber que isso virou uma epidemia entre estudantes.

      Obrigado por ler e comentar !

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    2. Realmente ja ouvi falar sobre esse remédio que agia também para esse fim. Até mesmo alguns estudantes usam a tal Ritalina. Acho que estão apenas trocando um medicamento pelo outro. Como é um remédio que tem que ter a prescrição de um profissional da área de psiquiatria. Acho que esse profissional teria que analizar muito seus pacientes, antes de prescrever esse medicamento. Pois causa dependência. Infelizmente as melhores clínicas para dependentes são as particulares. Que são caríssimas!

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    3. Oi, Bete !

      Sim, trata-se da Ritalina, que não quis citar nominalmente na matéria, mas é ela mesma.

      A questão é grave, pois envolve saúde pública.

      Jovens sadios e inteligentes não podem usar tal medicamento sem que o psiquiatra receite-o, mediante diagnóstico de TDAH (expliquei na matéria o significado da sigla).

      E pior ainda é constatar que esse tipo de uso não leva a nada, pois ninguém fica mais inteligente com tal elemento psicoativo.

      Obrigado por ler e comentar !!

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  2. Os universitários nos EUA misturam a Ritalina com outra droga para obter a excelência nas provas.

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    1. Oi, Lourdes !

      Pois é...

      E o pior é que não se trata só dos norte-americanos. Aqui no Brasil essa prática já está disseminada.

      Obrigado por ler e comentar !

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  3. Complementando: Os estudantes misturam com outra droga que não é comercializada no Brasil.A mistura provoca efeitos colaterais de uma só vez como taquicardia, náuseas, entre outros em um curto espaço de tempo. Eles tomam meia hora antes de iniciar os estudos e garantem que tiram nota dez em todas as matérias. Dá para acreditar?

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    1. Isso aí, Lourdes !

      Que monte de moleques malucos...

      Nota dez só na dependência química, isso sim...

      Abraço !!

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