terça-feira, 5 de julho de 2011

Jornalismo Esportivo Militarizado.

Acompanho o futebol com interesse desde os meus oito anos de idade, lá no longínquo ano de 1968. E daí em diante, sempre notei que os locutores, comentaristas e repórteres, salvo honrosas excessões, tem comportamento bem reacionário em suas observações extra-esportivas.

Basta um jogador entrar em campo ostentando um comprimento de cabelo acima do suportável para os padrões deles, que comentários impertinentes permeiam toda a transmissão, cada vez que a bola passa pelos pés de tal jogador.

Muitas vezes, insistem em detalhes tôlos, como criticar jogadores que não colocam a bainha da camiseta para dentro do calção, ao que classificam como ato de "indisciplina", o mesmo em relação aos meiões abaixados. E convenhamos, acompanham os padrões extremamente conservadores da FIFA, que dirige o futebol mundial como se fosse uma escola de cadetes do século XIX.

Ainda falando em FIFA, o excesso de rigor à coibição de comemorações nos gols, regulamentando que os árbitros punam tais manifestações com o cartão amarelo é sem dúvida também, uma forma direitista e retrógada de inibir o que há de mais significativo num jogo de futebol, que é a marcação de um gol. Se não se pode comemorar esse feito, que é difícil de ser obtido (Ao contrário de outros esportes que tem pontos a todo instante), tira-se um bocado de sua emoção e razão de ser.

Outro ponto a ser discutido, é o excesso de ufanismo com o qual os jornalistas esportivos dedicam às competições de seleções nacionais. Aí, parecem se comportar mesmo como os velhos professores de Educação Moral e Cívica do ensino fundamental durante os anos da ditadura militar.
Tem um, cujo nome não citarei , mas todos conhecem, que distorce os fatos acintosamente. Basta o adversário fazer uma falta que ele se revolta, exigindo uma atitude enérgica do árbitro e falando abertamente que o adversário "usou de maldade" . Aí o jogador da seleção brasileira faz algo muito pior e ele minimiza, dizendo que o árbitro foi "rigoroso demais" e o adversário atingido exagerou no seu "teatro", para ludibriar a arbitragem. O Brasil faz um gol e ele quase tem um ataque epilético, o Brasil sofre um gol e ele desdenha, falando que foi um "gol bobo"...

E tem um outro, também conhecido, que nunca deixa de fazer um discurso de direita para encher de orgulho os saudosistas do AI-5. Toda vez que vai ser executado o hino nacional antes das partidas de campeonatos estaduais ou competições nacionais em estados onde existe a obrigatoriedade por lei ( São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, por exemplo) e percebe que o público ignora retumbantemente a audição, com flagrantes de torcidas uniformizadas batucando e cantando seus côros infames, jogadores se aquecendo ou mascando chicletes e torcedores comuns comendo pipoca e gargalhando na arquibancada.

Calma: Também acho uma total falta de respeito e educação, mas ao contrário da pregação do referido locutor, prefiro enxergar essa questão cívica, como algo a ser construído de uma forma natural, ensinada desde a escola fundamental, mas sem a visão militarizada.
Em várias nações altamente desenvolvidas, observamos que os povos amam, de forma espontânea as suas respectivas pátrias e não são forçados a isso, como em republiquetas das bananas onde geralmente isso ocorre.

Nesse caso, seria conveniente os senhores legisladores reverem tal lei, obrigando a execução do Hino nos estádios e ao invés disso pensar em dar instrumentos aos ministérios da educação, cultura e turismo, coligados, na missão de valorizar o país sob outros parâmetros que não os da mentalidade de direita.

O tempo do Brasil do "Ame-o ou deixe-o" foi superado. Está na hora do Brasil nos dar motivos concretos para que possamos nos orgulhar dele, sinceramente.



Mais um texto do blogueiro Luiz Antônio Domingues.

4 comentários:

  1. Fica até delicada minha situação em comentar esse texto. OK! Concordo com alguns pontos porém não aceito outros. Diversidade de opiniões, né? Eu também não gosto de "tal radialista/locutor" ou seja lá a nomenclatura... Ufanista extremo. Brasileiro convicto. Mas, vejam bem, já vivemos numa era onde falar de Brasília é imaginar porque o urbanista Lúcio Costa, juntamente com Niemeyer, não a projetou em forma de CAMBURÃO ao invés de avião. Tá certo...eles decolam no nosso santo dinheiro suado mas... Voltando, qual é o motivo concreto de não deixar que o sangue verde-amarelo fale mais alto ao menos numa partida de futebol? Quanto à FIFA, aff... Politicagem, corrosão legislativa e caráter corrompido não são características dos "enternados" de algum parlamento sujo e medíocre. Ela (a corrupção) é pegajosa, contamina, suja...
    "Vamos celebrar
    A estupidez do povo
    Nossa polícia e televisão
    Vamos celebrar nosso governo
    E nosso estado que não é nação..."

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    1. O meu ponto é : Locução jornalística tem que ser isenta, imparcial e é raro o locutor brasileiro que não torce acintosamente, comprometendo toda a sua credibilidade.

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  2. Corrupção e bandidagem existe desde 1500, quando nosso querido Brasil foi descoberto.
    Eles (brasileiros e afins) aprenderam direitinho a malandragem, o pior de tudo é que eles são inteligentes, mas se usassem ao contrário seria uma maravilha.
    Parece que eles já nasceram com esse virus no sangue, nõao são todos, mas a maioria.
    É pena, pois o Brasil seria a terra prometida se não tivesse eses ladrões e pessoas de mau caráter em todos os setores.
    Eliana Te

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    1. Sou um otimista e mesmo que pareça utópico, ainda acho que o Brasil atingirá um dia a maturidade de ter uma governança realmente transparente. Mas essa sua opinião desviou muito do foco do texto. O assunto abordado foi outro.

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