quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A Bolívia é Logo Aí.

  
  A Bolívia é logo aí.  Luiz Domingues ruleiando no blog...

A Bolívia é o país mais pobre da América do Sul, e um dos mais carentes do mundo.

Suas riquezas naturais, mal suprem as necessidades básicas de seu povo, e chega a ser engraçada a reação de algumas pessoas que esbravejaram, quando o seu atual presidente tomou medidas radicais para valorizar uma das únicas fontes de renda daquele país, o seu gás, anteriormente comercializado abaixo do "preço de banana".

Com uma população de mais de 95 % formada por etnia indígena, a Bolívia foi governada em quase toda a sua história até aqui, pela minoria caucasiana de sua população, com um tipo de domínio que acintosamente não prestigiava os interesses da sua imensa maioria da população, infelizmente.

Diante de tais circunstâncias dramáticas, era natural que sua população se tornasse migrante, buscando melhores condições de vida nos países vizinhos mais abastados.

Num primeiro instante, Argentina e Uruguai eram os destinos mais procurados pela possibilidade de uma adaptação mais amena, levando-se em consideração o uso comum da lingua castelaña, como legado da colonização espanhola, em comum entre tais nações.

Mas, aos poucos, o Brasil começou a ser uma opção melhor, por conta das oportunidades de empregos, moeda mais forte, estabilidade da democracia se consolidando, e um fator extra, a típica reação de simpatia do brasileiro para com estrangeiros, coisa que na Argentina, por exemplo, era um empecilho, muito pelo contrário.

Nos anos 1980, o fluxo de bolivianos aumentou consideravelmente, mas foi a partir dos anos noventa, que os bolivianos começaram a ficar mais visíveis na sociedade brasileira, notadamente nos estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo.

No caso da capital paulista, o fluxo foi aumentando de tal maneira, que o assentamento desse contingente passou a ocupar bairros inteiros, provocando a geração de oportunidades de trabalho para suprir as necessidades de tal comunidade.

Comércio e serviços direcionados aos bolivianos, podem ser vistos aos montes em bairros como Bom Retiro, Pari, Brás, Canindé e Belenzinho, com placas escritas em castelaño por todos os lados.

Existe inclusive a famosa feira dominical no bairro do Canindé, próximo ao estádio da Portuguesa de Desportos, que cresceu tanto, que é uma atração cultural muito legal da cultura desse povo.

Todavia, nem tudo são flores para essa população imigrante. Por muitos anos, a maioria dessas pessoas veio ao Brasil, em condições inóspitas, para submeterem-se à condições degradantes de trabalho e subsistência.

Geralmente trabalhando no ramo têxtil, a maioria trabalhou por anos a fio em regime de semi-escravidão, sem documentos oficiais de permanência e tampouco permissão de trabalho no Brasil.

E por estarem na ilegalidade, eram explorados por pessoas inescrupulosas, que os amontoavam em cubículos insalubres, trabalhando por até 16 horas por dia e lhes repassando um salário abaixo do salário mínimo, e lhes cobrando suas despesas pessoais, de maneira que num círculo vicioso, jamais conseguissem se libertar, e ter o direito de ter documentos em ordem, e consequentemente, poderem aspirar colocações melhores no mercado de trabalho, e sobretudo, uma condição de vida, digna.

Aos poucos, a pressão popular, mais os esforços da Polícia Federal, Ministério do Trabalho e das Relações Exteriores, mais Embaixada e Consulados da Bolívia no Brasil, foram desbaratando quadrilhas que exploravam esses imigrantes.

Digno de nota, também é o esforço de organizações não governamentais que atuam com bastante contundência na defesa de imigrantes com dificuldades prementes, no Brasil.

Os números oficias do IBGE e da Embaixada boliviana, não refletem a realidade da população boliviana no Brasil, justamente pelo fato da sua imensa maioria estar clandestina por aqui.

Segundo estimativas, só na cidade de São Paulo, existe uma população de cerca de 400 mil bolivianos residentes.

Ora, é quase a população de uma cidade de grande porte, como São José do Rio Preto (SP), ou Juiz de Fora (MG), para citar só dois exemplos de ótimas cidades interioranas do Brasil.

Basta ficar por alguns minutos na rodoviária da Barra Funda, em São Paulo (para quem não conhece São Paulo, esclareço que existem três rodoviárias na cidade, e esta da Barra Funda, recebe ônibus que vem de cidades do oeste do estado, e de estados do centro-oeste brasileiro), para comprovar que não param de chegar ônibus lotados de famílias bolivianas, diariamente.

Tenho muito respeito e simpatia por esses imigrantes, e indo além, sensibiliza-me a sua vontade de buscar o Brasil para ter melhores condições de vida.

Em sua esmagadora maioria, são pessoas humildes, trabalhadoras e muito pacatas. A índole do boliviano é da melhor qualidade, e acho que são merecedores do nosso apoio.

Ainda estamos longe de erradicarmos o trabalho escravo a que muitos estão submetidos, mas faço votos de que isso acabe, e esse povo possa viver em paz, trabalhando e vivendo com dignidade.

5 comentários:

  1. Oi, Luiz

    Tem momentos, que não entendo o que é pior para os bolivianos: sofrer a humilhação aqui no Brasil, ou a humilhação de ter que sair de seu país de nascença, em busca de perspectivas melhores de vida, já que a Bolívia não dá condições.
    Deve ser triste também deixar tudo para trás, quando a vontade é ficar no lugar onde nasceu.
    Em geral, as humilhações a que você se refere, como o trabalho escravo, não é só com os bolivianos. Os primeiros imigrantes que vieram ao Brasil, também sofreram, pois eles começaram a vir, para substituir o trabalho dos escravos, que haviam sido libertados.
    Eu quase morei dentro de uma colônia japonesa. Eles vieram alguns anos depois da guerra. O Japão ficou numa situação ruim, e o próprio governo os incentivou a saírem de lá.
    Vários imigrantes trabalharam na mesma situação que os atuais bolivianos em São Paulo. Sei disso, por que conversava com eles. Sou descendentes de imigrantes italianos, que também tiveram problemas. Conheci parentes que me contaram histórias de como foram recebidos pelos fazendeiros, e como eram "pagos". Tiveram que lutar muito para conseguirem um lugar ideal.
    E sei que os brasileiros também sofrem humilhações quando imigram para outros países, principalmente para a Europa.
    Parece que é sina dos imigrantes sofrerem humilhações nos países que os acolhem.
    É uma situação complicada. Longe de ser resolvida. E se em São Paulo, estão tendo um pouco mais de sorte, é por causa das pressões que você cita. Mas, até quando isso vai acontecer? Será que São Paulo vai suportar tantos imigrantes?
    Países como o Estados Unidos barram os imigrantes que tentam sair de Cuba, e a Itália barram os que tentam sair da África. Está um caos em muitos lugares do mundo! Infelizmente.

    É uma assunto bastante polêmico.

    Um grande abraço!
    Janete



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    1. Oi, Janete !

      Você deu um belo apanhado sobre a questão da imigração. De fato, o imigrante é sempre menosprezado duplamente, pois é considerado um fraco por deixar seu país de origem num momento de crise, e muito maltratado no país em que busca refúgio, pois desperta o sentimento de que está ocupando espaço indevido e pior, "roubando" os empregos e oportunidades dos locais.

      No caso dos bolivianos, é dramática a situação de muitos, pois chegam aqui sem recursos e sem documentos, à mercê de pessoas mal intencionadas que os escravizam nas oficinas de costura do Bom Retiro, Pari e redondezas desses bairros.

      Claro que é preocupante a situação de milhares de imigrantes ilegais chegando todos os dias, mas uma solução humanitária há de surgir. Assim espero.

      Obrigado por ler e comentar !!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. É verdade Luiz. Na Grande São Paulo, eles estão se espalhando por mais outros bairros, a procura de uma sobrevivência melhor,
    Assisti um documentário sobre o serviço escravo deles em oficinas de costuras. O alojamento era precário e o horário que trabalhavam eram bem escravizados. Creio que isso nada adiantou.Principalmente, por não serem brasileiros.
    Esse assunto precisa ser mais divulgado. Infelizmente quem pode fazer algo, fecha os olhos. Mas acredito igual a vc, que esse povo possa viver em paz, trabalhando e vivendo com dignidade.
    Agora nessa era de informações via internet, porque não divulgarmos esse assunto em redes sociais e e-mails para nossos contatos.Assim quem sabe, acaba caindo nas mãos de pessoas que possam sensibilizar e ajuda-los. Não é mesmo?
    Muito boa a matéria Luiz.
    Mais uma vez, Parabéns!

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    1. Oi, Bete !

      A situação é gravíssima, pois essas pessoas estão sendo exploradas, maltratadas e a sua intenção era só buscar uma vida melhor, porque na Bolívia, a escassez de recursos é muito grande.

      Uma boa maneira de ajudar a divulgar esse drama é falando arespeito e nesse sentido, o Blog Planet Polêmica cumpre com seu papel de prestador de serviços, promotor de ideias e debates e aglutinador de pessoas de bem em torno de ideais nobres.

      Muito grato por ler,comentar, elogiar e se preocupar com o destino dessas pessoas.

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