Gás, Crueldade e Covardia, texto de Luiz Domingues.
Assunto controverso, é a questão da ética nas guerras.
Pois
é, se existe ética dentro da insanidade que é uma guerra, é louvável
que haja no mínimo esse esforço humanitário para estabelecer regras de
conduta, minimizando assim os abusos.
Contudo, é quase impossível
coibir tais abusos, tendo em conta que em conflitos dramáticos desse
porte, não há tempo para focar em tais atos, arrolar provas,
sensibilizar a opinião pública etc.
Com mortes, mutilações por todos os lados, como fazer para reparar as atrocidades cometidas no calor dos embates ?
Já
na Idade Média, São Tomás de Aquino dizia que uma guerra só é válida se
o motivo for muito justo. Sim, parece óbvio, mas no seu significado
filosófico, existe uma profundidade nessa colocação.
Mais próximo
de nós, um suiço chamado Henri Dunant, criou a Primeira Convenção de
Genebra, em 1863, estabelecendo regras para os conflitos bélicos.
Seguiu-se
à esse documento, outras Convenções de Genebra, até a última, de 1977,
com regras para a conduta militar; trato com prisioneiros; ações da cruz
vermelha, e principalmente no resguardo das populações civis, durante
conflitos militares.
Um baita avanço da civilização, não vou
negar, mas olhando pelo viés da realidade nua e crua, o ideal é que não
existam conflitos, simples assim...
No início do século XIX, foi criado em laboratório, o chamado "Gás Iperita", ou "Gás de Mostarda".
Sua ação devastadora, provoca queimaduras terríveis na pele, e causa asfixia letal, "só isso"...
Alguns
anos depois, no calor da I Guerra Guerra Mundial, o Gás de Mostarda
dizimou milhares de soldados nas trincheiras daquele conflito, que se
arvorava de ser "a guerra que acabaria com todas as "guerras"...
Proibido pela Convenção de Genebra, não eliminou a possibilidade no entanto, de outros gases serem usados na II Guerra Mundial.
O
exército japonês, por exemplo, mantinha o terrível laboratório
denominado "731", onde seus cientistas trabalhavam a todo vapor, na
criação de outras modalidades gasosas, e de poder letal ainda maior.
Infelizmente,
a nobre Convenção de Genebra não evitou que os americanos usassem o
terrível agente laranja, um herbicida letal e devastador, sobre a
população do Vietnam, no conflito dos anos sessenta e setenta.
Na terrível guerra Irã-Iraque, em 1980, armas químicas foram usadas com profusão, numa desumanidade sem tamanho.
A
onda de terrorismo criou o medo bacteriológico do agente Antraz. Você
recebe uma cartinha pelo correio, abre, e se contamina com uma guarnição
paramilitar de micróbios ultra violentos...legal, não é ?
Israel
vive em alerta sobre ataques desse porte, e a população é treinada
desde a tenra infância, para se proteger com o uso de máscaras etc.
Recentemente,
vimos cenas dramáticas no jornalismo, mostrando crianças estrebuchando,
literalmente, em plena agonia de morte, após um ataque de Gás Sarin, na
Síria.
Confesso, foi uma das coisas mais cruéis e comoventes
que vi na vida, tal cena inacreditável de crianças de cinco, seis anos
de idade, morrendo daquela forma, só porque cometeram o deslize de
acordar naquela manhã e irem para a escola.
Conflitos envolvem
ações radicais de quem se sente prejudicado e ofendido; Se o conflito
militar é inevitável, existem regras, tentando garantir um mínimo de
resguardo para a população civil, e a dignidade dos soldados.
E dentro dessa tentativa de minimizar o horror, onde fica a ética na questão do uso de gases letais ?
Qual a justificativa para lançar gás Sarin sobre uma escola, e matar dezenas de crianças pequenas ?
É de uma canalhice sem precedentes, sem maiores comentários.
Blog com grandes especialistas escolhidos a dedo , para escrever artigos e matérias sobre os mais variados assuntos. Tudo isso feito de uma forma diferente, polêmica e inovadora. Comunidade oficial no Orkut. Debates Interessantes. http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=34302522
sábado, 26 de outubro de 2013
terça-feira, 8 de outubro de 2013
O Motor de Detroit Pifou.
O Motor de Detroit Pifou, texto de Luiz Domingues.
Entre tantos ícones culturais americanos, sem dúvida que o automóvel ocupa um lugar de alto destaque.
E nessa iconografia, a cidade de Detroit teve papel importante, por concentrar a maior parte da produção nacional, algo parecido com o que a região do ABC paulista já representou para o Brasil, nesse quesito, mas numa proporção muitíssimo maior.
Fundada pelos franceses no início do século XVIII, tem no seu nome, uma adaptação para o inglês, de seu nome original : "Fort Ponchartrain du D'Etroit", onde se entende "Etroit", em francês, como "estreito".
Era uma cidade comum, do estado do Michigan, fazendo fronteira com o Canadá, até que no avançar do século XX, a indústria automobilística se tornasse gigantesca, ali.
Nesses anos de ouro, principalmente nas décadas de cinquenta e sessenta, a cidade observou um fenômeno interessante.
Por conta desse volume de recursos advindos dessa bonança da indústria, houve um boom imobiliário na direção de subúrbios próximos, e dessa forma, o centro da cidade, foi se tornando inóspito e sombrio.
Enquanto o subúrbio tinha ares de Beverly Hills, a cidade foi se tornando cinzenta, e dando margem assim, ao aumento de violência urbana, formação de gangs de vândalos etc.
Por outro lado, Detroit teve na música, momentos de prosperidade e qualidade artística, memoráveis.
A gravadora Motown, ali estabelecida, tinha no seu cast, a fina flor da Black Music, com grandes artistas da cena do Rhythm and Blues; Soul e Funk.
Aliás, o nome "Motown", era um neologismo de "Mo", de motor (uma alusão à vocação da cidade de Detroit), e "Town", literalmente, "cidade".
No campo do Rock, Detroit também foi berço de muitos artistas que se tornariam mundialmente conhecidos. Alice Cooper, Ted Nugent, The Stooges e MC5, estão entre os mais significativos, além do próprio Grand Funk Railroad, que era de uma cidade próxima, Flint.
No caso do MC5, muitas das letras de suas canções, refletiam claramente o ambiente de Detroit, com seu cinza e as multidões de operários.
Mas veio a crise do petróleo em 1973, e ainda que imperceptível naquele momento, Detroit começava um sutil processo de decadência, que ficou acentuado, só na segunda metade daquela década, quando começaram a entrar mo mercado americano, os carros japoneses, com muita força e preços imbatíveis.
Arrastando-se nessa perspectiva, a cidade foi decaindo e quando a grande crise de 2008, instaurou-se com força, Detroit que já agonizava, entrou num colapso.
Recentemente, a cidade decretou a sua falência. Um duro golpe para os habitantes da cidade dos motores, foi anunciado que sua dívida pública alcançara a cifra impagável de U$ 20 bilhões de dólares, e a prefeitura pediu a toalha para o governo estadual do Michigan.
Índices assustadores mostram que os subúrbios no entorno da cidade, estão em clima de desolação. Casarões decadentes estão sendo abandonados, caindo aos pedaços, mais parecendo cenário de filmes hollywoodianos sobre o fim do mundo.
Detroit, no auge da indústria, chegou a ter 1.8 milhões de habitantes. Hoje, não passam de 700 mil, refletindo a debandada da população, num rítmo de migração interna, em busca de melhores oportunidades de subsistência.
Uma pena para quem já chegou a ser a terceira maior cidade americana, e berço do maior parque automobilístico do mundo.
Entre tantos ícones culturais americanos, sem dúvida que o automóvel ocupa um lugar de alto destaque.
E nessa iconografia, a cidade de Detroit teve papel importante, por concentrar a maior parte da produção nacional, algo parecido com o que a região do ABC paulista já representou para o Brasil, nesse quesito, mas numa proporção muitíssimo maior.
Fundada pelos franceses no início do século XVIII, tem no seu nome, uma adaptação para o inglês, de seu nome original : "Fort Ponchartrain du D'Etroit", onde se entende "Etroit", em francês, como "estreito".
Era uma cidade comum, do estado do Michigan, fazendo fronteira com o Canadá, até que no avançar do século XX, a indústria automobilística se tornasse gigantesca, ali.
Nesses anos de ouro, principalmente nas décadas de cinquenta e sessenta, a cidade observou um fenômeno interessante.
Por conta desse volume de recursos advindos dessa bonança da indústria, houve um boom imobiliário na direção de subúrbios próximos, e dessa forma, o centro da cidade, foi se tornando inóspito e sombrio.
Enquanto o subúrbio tinha ares de Beverly Hills, a cidade foi se tornando cinzenta, e dando margem assim, ao aumento de violência urbana, formação de gangs de vândalos etc.
Por outro lado, Detroit teve na música, momentos de prosperidade e qualidade artística, memoráveis.
A gravadora Motown, ali estabelecida, tinha no seu cast, a fina flor da Black Music, com grandes artistas da cena do Rhythm and Blues; Soul e Funk.
Aliás, o nome "Motown", era um neologismo de "Mo", de motor (uma alusão à vocação da cidade de Detroit), e "Town", literalmente, "cidade".
No campo do Rock, Detroit também foi berço de muitos artistas que se tornariam mundialmente conhecidos. Alice Cooper, Ted Nugent, The Stooges e MC5, estão entre os mais significativos, além do próprio Grand Funk Railroad, que era de uma cidade próxima, Flint.
No caso do MC5, muitas das letras de suas canções, refletiam claramente o ambiente de Detroit, com seu cinza e as multidões de operários.
Mas veio a crise do petróleo em 1973, e ainda que imperceptível naquele momento, Detroit começava um sutil processo de decadência, que ficou acentuado, só na segunda metade daquela década, quando começaram a entrar mo mercado americano, os carros japoneses, com muita força e preços imbatíveis.
Arrastando-se nessa perspectiva, a cidade foi decaindo e quando a grande crise de 2008, instaurou-se com força, Detroit que já agonizava, entrou num colapso.
Recentemente, a cidade decretou a sua falência. Um duro golpe para os habitantes da cidade dos motores, foi anunciado que sua dívida pública alcançara a cifra impagável de U$ 20 bilhões de dólares, e a prefeitura pediu a toalha para o governo estadual do Michigan.
Índices assustadores mostram que os subúrbios no entorno da cidade, estão em clima de desolação. Casarões decadentes estão sendo abandonados, caindo aos pedaços, mais parecendo cenário de filmes hollywoodianos sobre o fim do mundo.
Detroit, no auge da indústria, chegou a ter 1.8 milhões de habitantes. Hoje, não passam de 700 mil, refletindo a debandada da população, num rítmo de migração interna, em busca de melhores oportunidades de subsistência.
Uma pena para quem já chegou a ser a terceira maior cidade americana, e berço do maior parque automobilístico do mundo.
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