Preocupação ecológica ou outros interesses ?
Desde janeiro de 2012, entrou em vigor em São Paulo, uma nova Lei que proibiu o uso de sacolas plásticas em supermercados. A Lei já estava vigorando em Belo Horizonte, alguns meses antes.
Numa primeira análise, parece uma medida de intenções ecológicas. Como discordar de uma ação desse nível, visto que numa conta grosseira, estima-se que só na cidade de São Paulo, 600 milhões de sacolinhas plásticas eram consumidas mensalmente ?
O grande problema do uso de tais materiais plásticos, era que as pessoas acostumaram-se ao longo dos anos, a usarem-nas com uma segunda função caseira, além do transporte das compras do mercado para casa. Ou seja, passaram a armazenar o lixo doméstico visando entregá-lo para a coleta.
Dessa forma, em dias chuvosos, esses pacotes mal acondicionados e soltos pelas ruas, passaram a entupir bueiros e bocas-de-lobo e lógicamente tornaram-se os vilões das enchentes constantes.
Isso sem contar as explicações biológicas plausíveis sobre o tempo absurdo que demoram para serem absorvidas pela natureza. Argumento inquestionável.
Assim, como não se engajar nessa nova determinação, não é mesmo ?
Mas, antes que aceitemos passivamente a suposta preocupação ecológica de nossos mandatários, faz-se necessária uma reflexão.
As sacolas demoram a se biodegradar, enchem bueiros etc. Ora, e se as pessoas parassem de jogar lixo nas ruas, isso não ajudaria ? E se a prefeitura fosse 100 % eficaz na limpeza dos bueiros e na coleta de lixo, não ajudaria ? E se o lixo ao invés de jogado em aterros fétidos, fosse incinerado e usassem sua combustão para obter gás, não seria uma medida ecológica (e bem vinda como economia) ?
Ao invés de proibir as sacolas, pura e simplesmente, não seria muito mais produtivo num médio e longo prazo, investir pesado em educação ambiental nas escolas, formando os cidadãos do futuro ?
Aí eu me lembro que outros tipos de sacolas, retornáveis ou não, são sugeridas pelas autoridades. Ora, alguém fabrica esse tipo de material "recomendado", não é verdade ?
Isso me faz lembrar da Lei de obrigatoriedade do Kit de primeiros socorros, anos atrás, lembra-se ? Certos fabricantes desse tipo de estojinho, enriqueceram da noite para o dia. Coincidência, quero crer.
A Lei que baniu os Out-Doors de São Paulo foi muito elogiada, anos atrás, também, lembra-se ? Quem não gostou de ver São Paulo muito menos poluida ? Super bacana...mas o que será que aconteceu com as empresas que viviam desse tipo de mídia comercial ?
Então, amigos, o questionamento é esse : O poder público parece preferir medidas bombásticas e antipáticamente invasivas, mas na prática, pouco se esforça para solucionar os grandes desafios dos desgastes urbanos.
Que todo mundo tem que colaborar na coleta e na separação do material reciclável, não tenho nenhuma dúvida. Particularmente, faço-o com prazer. Mas e o poder público, o que faz, exatamente ?
Texto de Luiz Domingues.
Essa é uma questão que me incomoda e por isso eu qse postei no blog uma vez, até já discuti com pseudo-ecológicos por causa disso... O que acontece no Brasil é que as pessoas não conseguem ver a situação como um todo, por isso tem q escolher um objeto pra elegerem como vilão da situação, mas como vc bem citou, aonde vamos colocar nosso lixo em casa? Até hoje ninguém me deu uma solução coerente para essa questão!
ResponderExcluirFernanda, você está coberta de razão. Acredito que preocupação com o ambientalismo exista entre pessoas sérias, mas os malandros de plantão sempre aparecem quando sentem o faro do dinheiro.
ExcluirTudo era mais fácil e sem dilemas eco-conspiratórios nos tempos das sacolas de papelão do Jumbo-Eletro,dos "cascos" de refrigerante transportados até a padoca na sacola de feira. Ai que saudade do Geisel e do orelhão de ficha...
ResponderExcluirPois é, Red. O negócio dos caras é lucrar e se a ecologia dá dinheiro, é por aí que eles irão inventar suas falcatruas.
ExcluirEis um assunto que virou polêmica… proibir sacolas plásticas numa cidade grande como a de São Paulo, realmente, é complicado. Uma das questões levantadas é sobre os outros plásticos, que continuarão poluindo tanto quanto, ou mais, que as sacolas plásticas. São os plásticos dos alimentos, de produtos eletrônicos… até nos carros têm plásticos.
ResponderExcluirFrancamente, não sei que ideia eu teria para amenizar o uso dos plásticos, que além de poluírem, também causam danos à nossa saúde. Há tempos, eu venho tentando substituir tudo na minha casa por vidro, mas sempre tem tampas de plásticos. E a pergunta: onde colocaremos nossos lixos? Será que continuarão a serem vendidos os sacos de lixos nos supermercados? Se sim, os fabricantes das sacolinhas, podem mudar os seus produtos.
Eu já utilizo sacolas retornáveis há muito tempo, inclusive, tenho uma que dobra na minha bolsa, que carrego para todo lado. É leve e prática, mas, de vez em quando, aceitos as sacolinhas plásticas, para pode usá-las no meu lixo. O que posso fazer é comprar os sacos plásticos próprios para lixos, nos supermercados. E, vamos esperar para ver o que acontece com a nova regra.
Janete , minha indagação foi feita neste texto em fevereiro de 2012. Estou repercutindo o seu comentário em maio de 2012 e está muito claro que foi uma manobra do comércio, com a anuência do poder público, para vender as sacolas. Em nada contribui com a "ecologia do planeta", mas muito com o bolso dos comerciantes...
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