Sujar, pichar, vandalizar, destruir...,texto de Luiz Domingues.
O termo “vandalismo” vem da antiguidade, quando tribos de origem germânicas, chamadas de “Vândalos” invadiram Roma, e provocaram uma onde de destruição, pilhagem, e agressões generalizadas.
Obviamente selvagens, eram considerados bárbaros pelos romanos e daí, a palavra “vândalo” ganhou conotação de gente de baixa qualificação cultural, disposta a destruir o patrimônio público e/ou privado; promover algazarras; agressões gratuitas contra pessoas inocentes a esmo etc.
Ao longo da história, tal conotação fortaleceu-se, e o vandalismo tornou-se o termo para designar esse tipo de ato provocado por essa gente.
Bem, na antropologia; psicologia; semiótica; pedagogia, e até na pediatria, existem teses as mais variadas para entender a motivação por trás desse tipo de atitude/ mentalidade.
Uma das mais usuais, é a de que no final da infância e começo da adolescência, os hormônios estão explodindo, e isso necessita de vazão.
De fato, isso procede, mas se fosse uma coisa normal buscar tal escape através da destruição, não haveria civilização, e nem as pinturas rupestres teriam escapado nas cavernas, não acham ?
Outra boa explicação vem da psicologia. A explosão da puberdade provoca a necessidade de autoafirmação para os meninos, através da extrapolação da energia bruta, demarcando território entre os machos; estabelecendo lideranças entre grupos, na base do mais forte, ou que se sobressai pela inteligência bélica; para chamar a atenção das meninas.
Como adendo da tese acima descrita, acrescento que nos últimos tempos, mudanças de parâmetros socioculturais fazem com que as meninas busquem o mesmo princípio, baseado na força bruta, com agressividade.
Isso põe em cheque a tese de que as diferenças de cromossomos e hormônios sejam estáticas e indissolúveis. Pois o fato das meninas terem pouca quantidade de testosterona no seu organismo, não significa que não possam ter um grau de agressividade parecido com o dos meninos.
Independente disso, se testosterona fosse desculpa para destruir, recorro ao raciocínio expresso no primeiro item : não teríamos construído uma civilização; cultura; ciência; arte, etc etc.
A semiótica também dá sua visão para o caso. Se tudo é relativo na questão da significado/significante, obviamente que destruição; sujeira; rabiscos; dejetos e que tais, são “feios” relativamente, pois podem significar “bonitos” sob outro ângulo.
Claro, enquanto teoria meramente subjetiva, faz sentido, mas na prática civilizatória, isso não pode ser interpretado dessa forma simplista.
Ninguém que tenha as faculdades mentais em ordem, rasgaria uma nota de cem dólares sob a alegação de que numa visão paralela do universo, aquela nota não tem valor algum...
No campo da cidadania, é que os parâmetros para analisar tal questão, parecem ser os mais sensatos, e que me perdoem os que desprezam a civilização, e sobre quais forem as suas alegações de ordem política; ideológicas, ou sociológicas.
Numa ideia básica de que a urbe é uma mera extensão de sua habitação, o raciocínio perene é : você destrói sua casa; vive num autêntico chiqueiro; gosta de condições insalubres de higiene e segurança; aprecia a feiura estética dos escombros ?
Antes que se apressem em contra argumentar, sim, eu sei que existem pessoas que vivem assim, e entre elas, há as que gostem de viver sob tais condições.
Tirante as pessoas acometidas de patologias de ordem mentais, quem realmente aprecia viver dessa forma ?
Portanto, apelando para o bom senso da maioria, e excetuando-se alguns tipos de pessoas com comportamento não padronizado, tais como :
Os prejudicados por doenças de ordem mental; que sejam sociopatas; misantropos; adeptos de seitas religiosas/ filosofias radicais que preguem como norma o abandono das normas sociais, com renúncia absoluta dos valores, normas e parâmetros da sociedade moderna; os adeptos de sistemas políticos radicais baseados em niilismo; os seguidores de estéticas niilistas que buscam no confronto com a dita normalidade vigente, sua razão de ser para se expressar, e os simplesmente anti sociais e dispostos a chamar a atenção pela excentricidade de ser “do contra”, a pergunta que não quer calar é :
Para que praticam o vandalismo contra o patrimônio público e /ou privado ?
Primeiro ponto : tirante as pessoas de setores “especiais” que descrevi acima, a maioria, teoricamente, gosta de viver em casas confortáveis; bem acabadas; bem decoradas ao seu gosto cultural, limpas e organizadas.
Falei algo absurdo ?
E salvo algum acidente doméstico, ou até mesmo um momento de fúria esporádica, e motivada por uma briga familiar mais exacerbada, quem em sã consciência sai vandalizando o próprio lar, quebrando objetos, móveis e utensílios, espalhando sujeira e pichando as paredes com rabiscos horrendos ?
Reitero, nem percam tempo em contra argumentar que existem pessoas com tal mentalidade, porque de pronto lhes digo : sim, sei que existem, mas representam uma minoria ínfima.
Partindo dessa premissa, se a cidade é uma extensão de nossas casas, por que devemos aturar a destruição sistemática dos equipamentos urbanos; os monumentos; jardins & parques ?
Por que devemos nos acostumar com o lixo espalhado nas ruas; calçadas quebradas; lixeiras estraçalhadas pelos vândalos ?
Por que vivemos em meio a escombros, odores fétidos; placas de sinalização rabiscadas ?
Enfim, por que no Brasil ainda impera a mentalidade da miséria urbana, como padrão ?
Então chego ao último item que teria uma possível explicação acadêmica : trata-se de uma questão cultural.
Visto sob parâmetro sociológico, em países como a Finlândia; Suécia; Japão; Alemanha, e Suíça, para ficarmos em poucos exemplos apenas, a quase ausência de vandalismos em suas respectivas sociedades, denotam um outro tipo de mentalidade cultural generalizada, e que faz toda a diferença, portanto.
Em suma, como quase tudo o que envolve comportamento, a chave é : educação.
Se desde pequeno, o cidadão for educado a não achar correto jogar a embalagem de uma bala no chão; a não achar bonito rabiscar a parede com canetinha; a respeitar as regras de trânsito, mesmo como pedestre, e que os monumentos da cidade são objetos de arte, e que representam simbolismos importantes da sua própria história, tanto quanto os seus álbuns de fotografias de família, que ele não destruiria, acredito que em duas gerações, no máximo, as coisas mudariam.
Portanto, o desafio educacional vai muito além da erradicação do analfabetismo, tampouco a melhora da qualificação para o “mercado de trabalho”.
A grande tarefa é mudar a mentalidade de um povo que se divide entre os que acham “legal” viver num chiqueiro; e os que sentem resignação por esse status quo, pois simplesmente não acreditam que o Brasil possa ter outra qualificação sociocultural.
Voltando ao início da matéria, de onde vieram mesmo os vândalos, aqueles trogloditas bárbaros que horrorizaram Roma ?
E o que se tornou a Alemanha , séculos depois, senão um exemplo de organização social de altíssimo padrão civilizatório ?
Pois é...educação !!
O termo “vandalismo” vem da antiguidade, quando tribos de origem germânicas, chamadas de “Vândalos” invadiram Roma, e provocaram uma onde de destruição, pilhagem, e agressões generalizadas.
Obviamente selvagens, eram considerados bárbaros pelos romanos e daí, a palavra “vândalo” ganhou conotação de gente de baixa qualificação cultural, disposta a destruir o patrimônio público e/ou privado; promover algazarras; agressões gratuitas contra pessoas inocentes a esmo etc.
Ao longo da história, tal conotação fortaleceu-se, e o vandalismo tornou-se o termo para designar esse tipo de ato provocado por essa gente.
Bem, na antropologia; psicologia; semiótica; pedagogia, e até na pediatria, existem teses as mais variadas para entender a motivação por trás desse tipo de atitude/ mentalidade.
Uma das mais usuais, é a de que no final da infância e começo da adolescência, os hormônios estão explodindo, e isso necessita de vazão.
De fato, isso procede, mas se fosse uma coisa normal buscar tal escape através da destruição, não haveria civilização, e nem as pinturas rupestres teriam escapado nas cavernas, não acham ?
Outra boa explicação vem da psicologia. A explosão da puberdade provoca a necessidade de autoafirmação para os meninos, através da extrapolação da energia bruta, demarcando território entre os machos; estabelecendo lideranças entre grupos, na base do mais forte, ou que se sobressai pela inteligência bélica; para chamar a atenção das meninas.
Como adendo da tese acima descrita, acrescento que nos últimos tempos, mudanças de parâmetros socioculturais fazem com que as meninas busquem o mesmo princípio, baseado na força bruta, com agressividade.
Isso põe em cheque a tese de que as diferenças de cromossomos e hormônios sejam estáticas e indissolúveis. Pois o fato das meninas terem pouca quantidade de testosterona no seu organismo, não significa que não possam ter um grau de agressividade parecido com o dos meninos.
Independente disso, se testosterona fosse desculpa para destruir, recorro ao raciocínio expresso no primeiro item : não teríamos construído uma civilização; cultura; ciência; arte, etc etc.
A semiótica também dá sua visão para o caso. Se tudo é relativo na questão da significado/significante, obviamente que destruição; sujeira; rabiscos; dejetos e que tais, são “feios” relativamente, pois podem significar “bonitos” sob outro ângulo.
Claro, enquanto teoria meramente subjetiva, faz sentido, mas na prática civilizatória, isso não pode ser interpretado dessa forma simplista.
Ninguém que tenha as faculdades mentais em ordem, rasgaria uma nota de cem dólares sob a alegação de que numa visão paralela do universo, aquela nota não tem valor algum...
No campo da cidadania, é que os parâmetros para analisar tal questão, parecem ser os mais sensatos, e que me perdoem os que desprezam a civilização, e sobre quais forem as suas alegações de ordem política; ideológicas, ou sociológicas.
Numa ideia básica de que a urbe é uma mera extensão de sua habitação, o raciocínio perene é : você destrói sua casa; vive num autêntico chiqueiro; gosta de condições insalubres de higiene e segurança; aprecia a feiura estética dos escombros ?
Antes que se apressem em contra argumentar, sim, eu sei que existem pessoas que vivem assim, e entre elas, há as que gostem de viver sob tais condições.
Tirante as pessoas acometidas de patologias de ordem mentais, quem realmente aprecia viver dessa forma ?
Portanto, apelando para o bom senso da maioria, e excetuando-se alguns tipos de pessoas com comportamento não padronizado, tais como :
Os prejudicados por doenças de ordem mental; que sejam sociopatas; misantropos; adeptos de seitas religiosas/ filosofias radicais que preguem como norma o abandono das normas sociais, com renúncia absoluta dos valores, normas e parâmetros da sociedade moderna; os adeptos de sistemas políticos radicais baseados em niilismo; os seguidores de estéticas niilistas que buscam no confronto com a dita normalidade vigente, sua razão de ser para se expressar, e os simplesmente anti sociais e dispostos a chamar a atenção pela excentricidade de ser “do contra”, a pergunta que não quer calar é :
Para que praticam o vandalismo contra o patrimônio público e /ou privado ?
Primeiro ponto : tirante as pessoas de setores “especiais” que descrevi acima, a maioria, teoricamente, gosta de viver em casas confortáveis; bem acabadas; bem decoradas ao seu gosto cultural, limpas e organizadas.
Falei algo absurdo ?
E salvo algum acidente doméstico, ou até mesmo um momento de fúria esporádica, e motivada por uma briga familiar mais exacerbada, quem em sã consciência sai vandalizando o próprio lar, quebrando objetos, móveis e utensílios, espalhando sujeira e pichando as paredes com rabiscos horrendos ?
Reitero, nem percam tempo em contra argumentar que existem pessoas com tal mentalidade, porque de pronto lhes digo : sim, sei que existem, mas representam uma minoria ínfima.
Partindo dessa premissa, se a cidade é uma extensão de nossas casas, por que devemos aturar a destruição sistemática dos equipamentos urbanos; os monumentos; jardins & parques ?
Por que devemos nos acostumar com o lixo espalhado nas ruas; calçadas quebradas; lixeiras estraçalhadas pelos vândalos ?
Por que vivemos em meio a escombros, odores fétidos; placas de sinalização rabiscadas ?
Enfim, por que no Brasil ainda impera a mentalidade da miséria urbana, como padrão ?
Então chego ao último item que teria uma possível explicação acadêmica : trata-se de uma questão cultural.
Visto sob parâmetro sociológico, em países como a Finlândia; Suécia; Japão; Alemanha, e Suíça, para ficarmos em poucos exemplos apenas, a quase ausência de vandalismos em suas respectivas sociedades, denotam um outro tipo de mentalidade cultural generalizada, e que faz toda a diferença, portanto.
Em suma, como quase tudo o que envolve comportamento, a chave é : educação.
Se desde pequeno, o cidadão for educado a não achar correto jogar a embalagem de uma bala no chão; a não achar bonito rabiscar a parede com canetinha; a respeitar as regras de trânsito, mesmo como pedestre, e que os monumentos da cidade são objetos de arte, e que representam simbolismos importantes da sua própria história, tanto quanto os seus álbuns de fotografias de família, que ele não destruiria, acredito que em duas gerações, no máximo, as coisas mudariam.
Portanto, o desafio educacional vai muito além da erradicação do analfabetismo, tampouco a melhora da qualificação para o “mercado de trabalho”.
A grande tarefa é mudar a mentalidade de um povo que se divide entre os que acham “legal” viver num chiqueiro; e os que sentem resignação por esse status quo, pois simplesmente não acreditam que o Brasil possa ter outra qualificação sociocultural.
Voltando ao início da matéria, de onde vieram mesmo os vândalos, aqueles trogloditas bárbaros que horrorizaram Roma ?
E o que se tornou a Alemanha , séculos depois, senão um exemplo de organização social de altíssimo padrão civilizatório ?
Pois é...educação !!