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sexta-feira, 29 de junho de 2012
Burocracia - O Balde de Água Fria.
Burocracia : O Balde D'água Fria
Texto de Luiz Domingues.
Comemoramos o fato do Brasil estar ascendendo econômicamente, sendo visto pelo mundo como algo além de emergente e de fato caminhando para fazer parte do seleto grupo de países desenvolvidos, o cobiçado "1° Mundo".
Todavia, existem diversos gargalos a serem resolvidos ainda, para que possamos enfim ter a infraestrutura adequada para de fato estarmos nesse patamar.
Obviamente que o vergonhoso posto que o Brasil ocupa no IDH é a preocupação principal. Mas não menos importante, é a falta absoluta de prioridade na educação; infra-estrutura de transportes (parece que só agora às vésperas de uma Copa do Mundo, perceberam que nossos aeroportos são ridículos em se comparando ao de nações desenvolvidas, por exemplo); habitação; saúde pública etc etc.
E entre tantos problemas cruciais a serem resolvidos, existe também uma questão emblemática em nossa cultura : O excesso de burocracia.
Em qualquer compêndio básico de sociologia, a burocracia é descrita como um triunfo da civilização. E no âmbito geral, é mesmo um sistema regulamentar onde normas sociais são garantidas, visando dar padrão às relações sociais e econômicas, evidentemente coadunadas com as necessárias questões fiscais da res pública.
Mas convenhamos, no Brasil, essa questão extrapola o bom senso em diversos aspectos e dessa forma torna-se um verdadeiro monstrengo com a irritante missão de dificultar ao máximo a resolução dessas relações, trazendo atraso, desânimo e irritação.
Em recente dossiê publicado na Revista "SãoPaulo" , suplemento dominical do jornal "Folha de São Paulo", a reportagem mostrou passo-a-passo o "Calvário" de um pretendente a abrir um restaurante na cidade de São Paulo.
A quantidade de exigências é tão grande (e às vezes contraditórias entre si), que o empreendedor acaba desistindo de seu intento, irritado com a morosidade e o trabalho insano que é visitar repartições públicas em busca desses documentos.
Segundo li, escritórios contábeis costumam orientar seus clientes a abrir o negócio com alvarás provisórios, pois se ficarem esperando o definitivo, correm o risco de passar meses, quiçá anos, aguardando para conseguirem abrir seus estabelecimentos e enfim, trabalhar.
Quem aguenta uma estrutura dessas, que só atrapalha o empreendedorismo ?
Sem esmiuçar muito, acrescento que em países como os Estados Unidos, por exemplo, a mentalidade é oposta. Se você tem um dinheiro para investir num negócio, o governo apoia com a contrapartida da minimização da burocracia e diminuição do pagamento de taxas, pois tem interesse em que você produza, ganhe, invista, faça circular o dinheiro, gere empregos, trabalhe com fornecedores, faça propaganda de seu negócio, enfim, faça o capitalismo girar em torno de si próprio.
Isso não é o óbvio ?
Então por que o Brasil ainda não promoveu a sua reforma burocrática ? Há muitos anos atrás, houve até a criação de um "Ministério da Desburocratização" , cujo Ministro era Hélio Beltrão. A iniciativa era ótima, mas por que não foi até o fim ? Por que não extinguiu a burocracia massacrante brasileira ?
A única explicação plausível é : Porque talvez a complicação interesse a alguém...
Mas aí é um terreno arenoso, movediço até e qualquer tentativa de explicar o fenômeno, esbarraria na reles "teoria da conspiração" e não se chega a nenhuma conclusão definitiva, apenas patinação no campo das especulações.
Alguém aí se habilita a me responder ?
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Trote na Polícia: O Desserviço do Mau Cidadão
Trote na Polícia: O Desserviço do Mau Cidadão
Texto de Luiz Domingues.
Numa sociedade cada vez mais violenta, onde a insegurança grassa, não há nada que você deseje mais num momento angustiante, do que ver chegar uma viatura policial e lhe tirar da mira de bandidos sanguinários.
Com uma arma apontada para a sua cabeça ou na de um ente querido, cada segundo equivale há uma década, tamanho o pavor.
Contudo, concomitante ao seu momento aterrorizante de espera, milhares de viaturas policiais, ambulâncias e carros de bombeiros são desviados para ocorrências inexistentes e até que se perceba o engano, pode ser o final da linha para você e sua família.
Tudo isso graças à inacreditável quantidade de telefonemas falsos que a Polícia Militar de São Paulo, Corpo de Bombeiros e serviço de ambulância dos hospitais, recebem diáriamente.
Segundo estatísticas que acessei, só em São Paulo, a média de ligações fraudulentas bate na casa de 35 mil/dia.
No Rio, os números são praticamente iguais e em diversas outras capitais, o mesmo fenômeno se repete.
Recentemente uma mulher foi pêga na cidade de São José do Rio Preto, interior de SP, onde num curto espaço de tempo, deu quase 500 telefonemas à PM, comunicando falsas ocorrências. Ligando de orelhões diferentes e alternando com celulares, foi despistando a polícia que demorou para localizá-la e prendê-la.
O que leva uma pessoa a ligar para um orgão público de segurança ou saúde e fazer um trote ?
O prazer em cometer um ato fraudulento ? O escárnio de achar que engana tais profissionais ? Ou simplesmente a mais ignóbil vontade de atrapalhar o serviço público ?
Naturalmente , por mais energúmeno que seja, será que essa criatura idiota se julga imune aos problemas de saúde ? E mesmo que pensasse dessa forma bizarra, acha que um ente querido seu jamais poderá precisar da agilidade de uma ajuda desse porte ?
Está bem, vamos admitir que existam pessoas que não raciocinam dessa forma. Nesse caso, como evitar que as linhas de emergência de tais orgãos não estejam obstruídas por esses imbecis ?
O governador de SP, Geraldo Alckmim acabou de instituir uma pesada multa pecuniária para quem for flagrado cometendo esse ato. Na verdade, já existia no código penal, punição por reclusão para esse delito.
Talvez amedronte alguns, mas duvido que zere a estatística. Eu só vejo um meio de mudar esse quadro : Investimento maciço em educação.
Sendo um paradigma, precisa ser quebrado na sua raiz e imediatamente substituído por outro, desde a tenra infância, onde a consciência seja trabalhada em prol da construção dos valores de cidadania básica.
Hora de repensar urgentemente os curriculuns escolares. Aulas de cidadania, com noções básicas de comportamento no trânsito; gentileza; respeito; limpeza pública; reciclagem do lixo e outras tantas questões de convívio social, deveriam entrar na formação das crianças.
E abolir a ideia de que dar trote na polícia, bombeiros ou hospitais, é "engraçado", certamente se trata de um desses pontos a serem trabalhados.
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