terça-feira, 22 de novembro de 2011

Compre, Compre, Compre... Carros.

Compre, compre, compre...carros
 
Em qualquer turbulência econômica que esboce uma crise à vista, o governo corre para socorrer os bancos e a indústria automobilística à frente de qualquer outro setor da sociedade.

Se você for dono de uma escola, cinema ou de um mercado de bairro, é melhor que tenha suas reservas pessoais, pois não receberá ajuda para se levantar e salvar o seu empreendimento.

Dos bancos, é bem óbvio o comprometimento que políticos tem, basta pensar nas suas vultuosas campanhas eleitorais etc. Posso incluir um terceiro setor, o das grandes empreiteiras e sua assanha por obras públicas (Copa e Olímpiada à vista e tem muita obra "boa" para se pensar, não é mesmo ?).

Mas e a indústria automobilística ? A desculpa na ponta da lingua de todo governante, é a questão social que se desequilibraria. Se param de fabricar, quantos empregos diretos e indiretos podem ser comprometidos ?

Quantas centenas de milhares de famílias entrariam em apuros se não se fabricassem mais automóveis ?
Isso sem contar o setor de autopeças, a colossal indústria petrolífera, os gigantes dos pneumáticos etc etc.

Será que uma redução dessa loucura de produção em massa, realmente causaria esse desequilíbrio social sempre usado como desculpa ?

E a contrapartida dessa produção absurda ? Segundo dados que li na mídia recentemente (Fonte : O Estado de São Paulo), a expectativa da indústria é vender 3,7 milhões de carros até o final de 2011.

Ora, é sabido que o trânsito está completamente caótico nas grandes e médias cidades. Os índices de poluição cada vez piores, o aumento de violência em torno dos roubos aos automóveis são alarmantes, acidentes perpetrados pelos bêbados irresponsáveis cada vez mais acentuados etc etc.

Os preços deveriam ser muito menores, proporcionais ao incentivo consumista, mas pelo contrário, são extorsivos, a começar pela absurda carga tributária.

Para manter um carro, é preciso preparar o bolso para pagar em dia as taxas. Para se manter a documentação em dia, é preciso ter uma carteira recheada.

Fora o verdadeiro gargalo de restrições : Para estacionar é preciso pagar uma fortuna, pois as prefeituras transformaram as ruas em seu estacionamento particular, com zona azul e outros dispositivos. A cada esquina, um agente de trânsito trabalha o dia inteiro com um grosso talão de multas, que preenche com uma volúpia sem igual. E como a ação policial deixa a desejar na questão dos assaltos, não dá para ficar sem o caríssimo seguro, não é ?

O país vai se consolidando como potência petrolífera, mas nem se cogita um repasse à população, pois o preço dos combustíveis é dos mais caros do planeta, como se não houvesse uma só gota de petróleo saída de nosso território.

E mais um dado visível e triste nessa equação viciada : Investimentos em transporte público feitos a passos de tartaruga, desestimulam as pessoas a deixar de usarem seus carros particulares, não é ? A pessoa entra num ônibus ou vagão de metrô ultralotado, chega morta no seu local de trabalho e realmente raciocina que é melhor ficar presa no trânsito infernal, mas sentada no seu carrinho com ar condicionado e ouvindo musiquinha, a ficar espremida como uma sardinha e parada no mesmo trânsito engarrafado...

Resumo da ópera : Está do jeito que eles querem ! Compre um carro, compre um carro e compre um carro...

Texto de Luiz Domingues.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Sete Bilhões de Bocas Famintas.

Sete bilhões de bocas famintas,

Por Luiz Domingues.

 
Recentemente a mídia alardeou o nascimento de um bebê que foi arrolado como o ser humano de número sete bilhões, no planeta.

É fato concreto que a aceleração no processo demográfico, iniciou-se principalmente a partir do incremento da revolução industrial, em meados do século XVIII.

O economista britânico Thomas Malthus, desenvolveu sua famosa teoria nessa época, dando conta do crescimento geométrico da população, não acompanhar o crescimento aritmético dos recursos materiais para supri-la , em termos de comida e água potável.

Isso é o básico, claro, mas numa análise mais realista e adaptada ao século XXI, sabemos que só a comida e a bebida não suprem as necessidades de sete bilhões de pessoas.

A questão do equilíbrio econômico é muito preocupante, haja vista as convulsões sociais que temos observado (aqui mesmo no Planet Polêmica, já foi abordado o fenômeno do "ocupe Wall Street").

A insatisfação pelo colapso do capitalismo está chegando no seu limite máximo de tolerância, mas a perspectiva em torno de sua eventual derrocada, é sombria, pois não se trata de derrotar Wall Street como se derrubou o comunismo simbólicamente através do muro de Berlim em 1989. Não é tão simples assim.

A grande questão é : Como alimentar e hidratar sete bilhões de pessoas ? Como cuidar para que hajam meios de subsistência, empregos, sustentabilidade para esse contingente absurdo ?

Isso sem contar no bojo de necessidades a serem supridas. Além da comida e da água potável, existem as questões da moradia digna, saneamento básico, serviços públicos eficientes, diminuição dos indices poluentes, reciclagem, coibição de desperdício, saúde pública, erradicação de doenças e epidemias, lazer para não enlouquecer essa gente toda, esportes para gastarem sadiamente a energia e claro, educação, arte & cultura asseguradas...

Como garantir isso para sete bilhões de pessoas, se nunca na história da humanidade isso foi possível de ser provido e com um contingente humano muito menor (em 1959, haviam três bilhões de seres humanos respirando neste planeta...) ?

Em tempos de tantas tomadas de consciência em torno da ecologia, reciclagem e processos de sustentabilidade (sem contar na luta contra a poluição), será que ninguém coloca na pauta do dia a questão do controle da fertilidade ?

Ou seria algo políticamente incorreto de se ventilar ?