segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Orelhões Revigorados pela Internet.

Orelhões Revigorados pela Internet, texto de Luiz Domingues.   Uma grande ideia já está sendo viabilizada para salvar um ícone urbano das cidades brasileiras. Já em testes avançados na cidade do Rio de Janeiro, os antigos orelhões, cabines telefônicas típicas do Brasil, poderão ter sobrevida, modernizando-se. A ideia é que sejam agora postos de acesso à internet wireless, deixando de lado a velha função da telefonia que entrou em franca decadência, com a mega popularização dos telefones celulares. Claro que ainda tem pessoas que utilizam as velhas e combalidas cabines de telefonia pública, mas numa conta generalizada, esse número de usuários caiu drásticamente nos últimos anos e as operadoras de telefonia só as mantém nas ruas por respeito às decisões governamentais. Mesmo assim, com uma fonte de prejuízo gigantesco pelo pouco uso e também pelos problemas decorrentes do contumaz vandalismo perpetrado pelo povo brasileiro (lamentável isso...), as operadoras pressionavam o governo para aliviar as sanções e retirar os orelhões das ruas. Agora, não só ganham sobrevida, como adequam-se aos novos tempos, ganhando outra utilidade. A ideia seria o usuário comprar um cartão contendo uma senha e determinando um tempo de uso, parecido com o dos cartões telefônicos atuais, netos das velhas fichas de antigamente (a super usada expressão "caiu a ficha" para designar uma lembrança de algum fato ou tomada de posição, veio daí). Lembrando um pouco a história, os primeiros telefones públicos surgiram no Brasil nos anos vinte do século passado. Os primeiros foram instalados na cidade de Santos, no litoral paulista. Em princípio eram instalados em repartições públicas, e a seguir aparecerem em restaurantes, bares, farmácias, padarias etc. Por incrível que pareça, só no início dos anos setenta, é que as autoridades passaram a instalar cabines nas ruas, como já era comum há décadas nos países europeus e nos Estados Unidos. A ideia original foi a de instalar cabines semelhantes às de Londres, nas calçadas do São Paulo e do Rio, mas a incrível falta de educação do povo, inviabilizou o projeto, devido às depredações e também pelo uso das cabines para atos obscenos e esconderijo de bandidos. Dessa forma, por volta de 1972, surgiu a ideia da cabine oval e aberta, criada por uma engenheira sino-brasileira, chamada Chu Ming Silveira, que era funcionária da CTB, a velha Companhia Telefônica Brasileira. Segundo a criadora, a cabine aberta ocupava menos espaço nas calçadas e por ser aberta, inibia atos de vandalismo ou ações obscuras feitas por pessoas mal intencionadas. Logo o formato ovalado caiu nas graças do povo e recebeu o apelido de "orelhão", uma alusão ao seu formato e sua função de servir à telefonia. Em São Paulo, havia também um outro tipo de orelhão, de mesmo formato, porém menor e feito de acrílico cor de abóbora transparente, que era usado em terminais de ônibus e na antiga rodoviária da estação da Luz. Era chamado "orelhinha" e também era outra criação de Chu Ming Silveira. Mas ela teve problemas com a patente de seu invento, culminando em processo na justiça que levou anos para reconhecer sua invenção e a devida protocolação no INPI. E um fato curiosíssimo ocorreu que se o dramaturgo Dias Gomes soubesse, renderia uma novela tão surreal como "O Bem Amado" e "Saramandaia", suas geniais criações de realismo fantástico. Foi o seguinte : Numa declaração da engenheira Chu Ming Silveira publicada num jornal, ela afirmou que "inspirou-se na forma ovalada, por ser um círculo e essa forma era perfeita". Uma juíza indignou-se com tal declaração e processou Chu Ming Silveira, afirmando que só Deus era perfeito. Nos autos, questionava-se se a engenheira com tal pensamento teria tido a ousadia de querer ter "inventado" Deus, entre outras asneiras. E como suposto argumento "sério", alegava que os orelhões seriam máquinas de engolir fichas, lesando os consumidores. Pasmem, tamanha discussão durou 20 longos anos nos tribunais, entrando para o rol do folclore jurídico brasileiro. Mesmo sendo duramente maltratado pelos vândalos, os orelhões salvaram vidas, chamando ambulâncias, bombeiros e polícia nas situações de emergência. Ajudaram milhões de pessoas nas mais diversas situações e agora ganham a sobrevida pós-massificação dos celulares. E fora a nova função como ponto de inclusão digital, os orelhões ganharam recentemente o caráter de tornarem-se verdadeiras instalações de artes plásticas. Aqui em São Paulo e já espalhando-se por diversas outras cidades, os orelhões tornaram-se atrativo para turistas, graças às intervenções criativas de diversos artistas plásticos. É muito comum ver turistas filmando-os e fotografando-os devido à essa repaginação criativa, que os tornou objetos de arte. E que assim permaneçam, como simpáticos e úteis equipamentos urbanos.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Energia Eólica, Outra Alternativa.

Energia Eólica, Outra Alternativa, texto de Luiz Domingues. A mitologia grega é uma das mais ricas, sem dúvida alguma, por trazer no seu bojo, todas as explicações da cosmogênese que a rica imaginação de seu povo pôde conceber. E nessa disposição, o seu panteismo explicava a ação dos ventos, como a vontade de um Deus específico dessa manifestação da natureza, que era conhecido pelo nome de Éolo. Entendida a morfologia da palavra, sabemos que a energia eólica é uma das mais importantes neste momento no planeta, por todas as razões ambientalistas que nem cabem mais serem repetidas. E não se trata de nada moderno que tenha surgido graças aos avanços da tecnologia, como muitos podem pensar. Basta pensar que a impulsão mediante velas, é usada desde a antiguidade, nas navegações. E no campo da agricultura, os moinhos de vento fazem esse trabalho com eficácia e economia, desde a Idade Média, certamente. No mundo moderno, o princípio dos moinhos continua valendo e os campos eólicos trabalham nesse sentido, gerando energia elétrica limpa, de alta ou baixa tensão. O Brasil vem empreendendo esforços de ampliação desse tipo de geração de energia, contudo, ainda tímidamente. Em 2008, por exemplo, produziu 341 MGW. Vem aumentando o desempenho ano a ano, mas ainda aquém de seu potencial, com a geografia privilegiada que possui. Para se ter uma ideia, o consumo interno de energia elétrica do país, beira a casa dos 70 gigawatts. A China é atualmente o país que mais investe nesse tipo de geração de energia, seguido da Alemanha. Dinamarca e Portugal também vem crescendo nesse setor. Mesmo ainda insuficiente, a produção brasileira responde por mais da metade da soma de nossos vizinhos sulamericanos, que apresentam resultado insignificante nesse sentido. Está construído o complexo de Caetité, no interior da Bahia, que será o maior da América Latina. Contudo, por questões burocráticas de editais e quetais, está parada neste instante, sem gerar energia nem para alimentar um liquidificador doméstico, em busca de uma vitamina matinal... Já falei sobre o monstro burocrático e o quanto ele nos atrasa, mas parece que as autoridades não pensam como nós, pobres mortais... Segundo o governo federal, a usina deverá começar a produzir em julho de 2013 e assim esperamos que se cumpra. E acreditando nessa perspectiva, uma fábrica de componentes para usinas eólicas, funciona a todo vapor em Pernambuco. Tomara que arrebentem de tanto trabalhar e lucrar, alimentando outras tantas usinas espalhadas por todo o país. E outra alternativa muito interessante está em curso, prometendo gerar energia limpa e barata, igualmente. Trata-se do uso da força das ondas do mar, como impulso para gerar energia. Ainda em caráter experimental, esse tipo de geração de energia está instalado no porto de Pecém, a 60 KM de Fortaleza, no Ceará. Em princípio, essa mini usina alimentará de energia o porto e as residências de 60 famílias de funcionários que lá trabalham. Mas os engenheiros estão muito otimistas em relação ao sucesso desse tipo de geração de energia, abrindo possibilidade para a larga escala, num futuro não muito distante. E convenhamos, com 8 milhões de KM quadrados, o Brasil tem um potencial inacreditável para tal perspectiva de geração de energia limpa. O que não falta aqui é solo, vento e costa marítima com ondas abundantes. E voltando à mitologia grega, como poderíamos nos referir à essa energia gerada pelas ondas do mar ? Talvez "poseidônica", em referência ao Deus dos mares, Poseidon ? Irrelevante questão...o importante é que funcione, sendo barata e limpa para o ecossistema.